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Artigo / Exibição

06 Outubro 2017

Cinema fora da caixa

Como formatos diferentes de lançamento e sessões de cinema reforçam a experiência de se assistir a um filme coletivamente

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Houve um tempo em que o cinema era a única forma de se assistir a um filme. Ele nasceu como uma obra colaborativa na produção e coletiva no consumo. 



Hoje temos filmes, séries, vídeos, animações no bolso que podemos assistir em qualquer lugar em quantidade que tende ao infinito.

Qualidade de som, tela grande, cadeiras confortáveis... são itens que todo cinema que se preze precisa ter. Mas existe uma relação do espaço comunitário de se assistir a um filme e a forma com a qual o produto é ofertado que vai muito além da tecnologia. Às vezes um detalhe, um charme, algo para reforçar a conexão entre as pessoas, é suficiente para reinventar a experiência – e nos lembrar do porquê amamos o cinema.

Abaixo listo dois filmes e dois eventos recorrentes que fizeram isso e que eu gosto muito:

O mesmo filme, versão preto e branco – Logan Noir 

O que poderia ser somente um extra do Blu-Ray de um filme virou uma experiência especial para os fãs. Logan, filme da Fox estrelado por Hugh Jackman, último projeto em que o ator interpreta Wolverine, teve sua fotografia convertida para preto e branco. Nos EUA, a rede Alamo Drafthouse Cinema exibiu com exclusividade durante a semana, deu um pôster brinde do filme para todos os presentes que estivessem vestidos de preto ou branco e depois do longa os cinemas acompanharam um debate com o diretor do filme, James Mangold, e Jackman, transmitido ao vivo do cinema de Brooklyn. “Há muitos fãs de cinema por aí, do novo e do velho. Audiências estão mais sofisticadas e acredito que elas queiram ver, nem que seja uma noite, um filme monocromático”, disse Mangold na abertura do debate. O filme foi exibido também nos cinemas brasileiros por uma noite com exclusividade na Cinemark.

Filme-evento com extras: Sepultura Endurance 

Lancei o documentário da banda SEPULTURA com a O2 Play, empresa na qual sou o diretor. Nos cinemas brasileiros, elegemos um dia em especial, o DIA SEPULTURA, e somente neste dia tivemos duas músicas do show de 30 anos da banda após os créditos. Neste formato tivemos o filme em 69 salas de cinema, em 46 cidades, muitas menores que não receberiam o filme não fosse nesta opção. Cidades como São José do Rio Preto, Jundiaí, Bauru, Uberlândia, Ribeirão Preto e Maringá tiveram ótima frequência. Os fãs interagiram, postaram fotos e comemoraram a chance de poder prestigiar os artistas que tanto gostam.

Maratona em horário noturno - Noitão

O Noitão acontece tradicionalmente no cinema Belas Artes em São Paulo e se trata de uma maratona de três filmes, geralmente obedecendo a um tema especial (como filmes de terror ou de um mesmo diretor) durante a madrugada. Amigos, travesseiros, cochilos, sorteios, café, muito café. Simplesmente mudar o horário e formato cria um nova atmosfera e relação com o espaço.

Definir um público muito específico: Cinematerna

Ir ao cinema com um bebê chorando pode ser muito chato. Mas e se todo mundo tivesse um bebê chorando? Programar filmes para mães com bebês de até 18 meses é o foco do Cinematerna. Os filmes programados são de todos os tipos, pensados para os pais, não necessariamente filmes infantis. Pensar o espaço cinema para um público em condição muito específica reforça o ponto de encontro e, no caso do Cinematerna, é super inclusivo.

Igor Kupstas
Igor Kupstas | igorkupstas@gmail.com

Jornalista formado pela Universidade São Judas Tadeu e pós-graduado em Marketing pelo Mackenzie. Trabalhou no site de cinema e-Pipoca, no departamento de marketing da Europa Filmes e foi gerente de marketing digital da Mobz. Atualmente assume o cargo de diretor da distribuidora O2 Play.

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