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Artigo / Cidade

25 Janeiro 2019

Histórias do cinema e de cinemas: Patos de Minas (MG)

Patos de Minas continuou sendo um polo econômico para o setor de agronegócios e uma das transformações que a marcaram em sua modernização foi o cinema

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A cidade de Patos de Minas, localizada na região do Triângulo Mineiro/Alto do Paranaíba e conhecida pela Festa Nacional do Milho, é a segunda maior produtora de leite do país. Surgida às margens da Picada de Goiás, caminho que ligava São Paulo e Rio de Janeiro ao interior do Brasil por Minas Gerais, seu prestígio e ritmo de crescimento diminuíram quando a estrada de ferro e depois a rodovia Belo-Horizonte-Brasília passaram por outras rotas. Mas Patos de Minas continuou sendo um polo econômico para o setor de agronegócios e uma das transformações que a marcaram em sua modernização foi o cinema.



A primeira sala de cinema da cidade foi o cine Magalhães, aberto em 1913 pelo Coronel Arthur Tomás de Magalhães, em sua própria residência. Ele havia tentado manter um teatro anteriormente, sem sucesso, e foi um dos responsáveis pela urbanização do novo centro da cidade. Seu neto e genro também eram exibidores, um itinerante, e o outro abriu em Araxá um cinema no mesmo ano de 1913.

O cine Magalhães e o cine-theatro Glória, inaugurado em 1920, foram adaptados ao sistema sonoro vitaphone simultaneamente em 1930, por cortesia de um exibidor vindo de Formiga, Joaquim de Castro, que arrendou o cine-theatro cinco anos depois. Apesar de várias reformas, ao final da década de 1930 as duas salas estavam em decadência.

Em 1940, foi inaugurado o primeiro “palácio de cinema” em Patos, o Cine Tupan. De inspiração art-decó, capacidade para 700 pessoas, projetor Zeiss-Ikon e, já em 1958, som Perspecta Sound, era de propriedade da empresa Pessoa & Castro. O cine Tupan ficava em um dos primeiros “arranha-céus” da Rua Major Gotte, atual centro comercial de Patos. Em 1948 surgiu o cine Olinta, em novo prédio construído no mesmo endereço do cine Magalhães, com capacidade para 650 pessoas, já arrendado pela empresa Irmãos Porfírio de Azevedo, de Araxá.

Nos anos seguintes surgiram as primeiras salas de cinema em distritos de Patos que hoje são municípios independentes: Lagoa Formosa, Guimarânia e Presidente Olegário. Passou a existir na região um circuito exibidor relativamente amplo, com atuação de algumas empresas maiores explorando salas em mais de uma cidade. Chegou a existir em Patos um cinema de bairro de caráter popular, o cine Brasil (1957), de propriedade do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil.

O cine Garza, inaugurado em 1960, também na Rua Major Gote, com capacidade para 1.200 pessoas, foi a primeira sala da empresa Cineminas, de Márcio Garcia Rosa, que se tornou uma das maiores exibidoras de Minas Gerais, com sede e salas lançadoras em Belo Horizonte e Patos de Minas, e um circuito que incluía Sabará, Curvelo, Bom Despacho, Itaúna, Presidente Olegário, João Pinheiro, Ibiá, Patrocínio, entre outras cidades. Também foi a sala mais luxuosa da Patos até a inauguração do cine Riviera, em 1963, no mesmo quarteirão e pertencente à mesma empresa do Tupan, mas depois arrendado à Cineminas.

O cine Riviera resistiu às ondas de fechamento de salas, se tornando o único cinema em funcionamento na região depois que o Garza fechou em 1985, até que foi destruído por um incêndio em dezembro de 1998. A ausência de cinemas na cidade foi interrompida no começo dos anos 2000, quando foi inaugurado um complexo da rede Cinemais no Primeira Via Shopping. Duas salas funcionaram ali até o fechamento desse shopping em 2008, sendo então transferidas para o recém-inaugurado Pátio Central Shopping, que passou a contar com três salas, capacidade total para 500 pessoas e, desde 2015, projeção completamente digital.

Natália Teles Silva e Fróes
Natália Teles Silva e Fróes

Trabalha como produtora em publicações e eventos associados ao Laboratório de Investigação Audiovisual - LIA. Colabora na realização de curtas universitários associados a disciplinas e de livre iniciativa na área de produção, captação de som direto, entre outros. Realizou trabalhos de catalogação e arquivamentos de documentos correlatos na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM em 2016.

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