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06 Outubro 2016 | Vanessa Vieira

Filmes originais do Netflix serão exibidos nos cinemas

Produções serão lançadas simultaneamente na telona e por streaming

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(Foto: Los Angeles Times)

As janelas de lançamento são um tema delicado para o mercado de exibição e distribuição de cinema no mundo, especialmente quando se fala na redução do tempo de exclusividade de filmes na telona. Agora o assunto deve voltar à tona com o anúncio da primeira grande parceria entre a Netflix e uma exibidora, no caso a norte-americana iPic Entertainment, que gerencia os 15 complexos sob a marca iPic Theatres.



A Netflix tem tentado lançar seus filmes originais nos cinemas e por streaming de maneira simultânea, porém encontrou bastante resistência do mercado como no caso de Beasts of No Nation, lançado em 2015 em poucos cinemas da Landmark e foi um dos concorrentes ao Globo de Ouro de 2016. Mas, com o acordo com a iPic, alguns de seus novos longas originais poderão chegar às telonas e aos usuários do serviço online ao mesmo tempo.

O primeiro título da Netflix que será contemplado pela parceria é The Siege of Jadotville, com estreia logo nesta sexta-feira (07). Outro filme confirmado é Mascots, porém sem data de lançamento divulgada. Até agora, o acordo inclui apenas 10 produções da empresa.

Por enquanto, apenas as unidades da iPic em New York e Los Angeles, nos EUA, exibirão os filmes da companhia. Mas há a possibilidade de expansão do circuito dependendo dos resultados de bilheteria. Para a Netflix, a intenção é mostrar que suas produções não são apenas para a televisão, mas para o cinema também – o que ajudaria a empresa a ter mais títulos em premiações internacionais como o Oscar. Isso faz parte da estratégia da empresa, que pretende ter seus conteúdos originais representando metade de seu catálogo em um futuro próximo.

A aposta da Netflix em conteúdo original é tanta que a empresa tem investido anualmente US$ 6 bilhões em produção, o que também causa desconforto para os estúdios de TV e cinema que temem um “monopólio de conteúdo” segundo artigo do portal The Hollywood Reporter.

Hoje a empresa conta com mais de 80 milhões de usuários e um passo importante para a Netflix em termos de buscar novos públicos, foi a recente expansão da parceria com a Liberty Global, companhia de TV paga cujos assinantes agora podem ter acesso ao serviço de streaming de vídeo em 30 países. Antes o acordo entre as empresas incluía apenas o Reino Unido desde 2013.

Ainda que tenha um bom crescimento, novos investimentos em conteúdo original e grande base de usuários, um estudo indicou em setembro último algumas falhas da Netflix em termos de receitas. De acordo com a consultoria RBC Capital Markets, em 2015 a empresa gerou menos da metade das receitas durante uma hora de exibição comparado ao faturamento que canais de TV comuns recebem pelo mesmo período. A RBC afirmou ainda que, se a Netflix conseguir equiparar sua receita por hora às de canais de TV, sua arrecadação nos Estados Unidos poderia ser cinco ou até dez vezes maior do que é hoje. Em 2015, a empresa somou US$ 1,3 bilhão só nos EUA.

Resposta do mercado exibidor

O acordo entre iPic e Netflix não foi bem recebido pela National Association of Theatres Owners – NATO (Associação Nacional de Operadores de Cinema, em tradução livre), cujo CEO, John Fithian, afirmou em comunicado oficial que o mercado precisa ser cuidadoso ao mudar as janelas de lançamento. Isso porque, para ele, a prática de reservar um tempo de exclusividade de exibição para os cinemas tem beneficiado não só exibidores como estúdios e espectadores.

Fithian alega que lançamentos simultâneos em cinema e vídeo sob demanda (video on demand – VOD) têm reduzido as receitas tanto de bilheteria quanto fora dos cinemas e passariam ainda a impressão de que o filme não seria bom. “Assim como a Netflix e seus usuários, exibidores e espectadores também consideram a exclusividade algo valioso”, afirma o executivo.

Conteúdo brasileiro

Dois filmes nacionais foram os grandes vencedores do Prêmio Netflix de Cinema Brasileiro 2016: Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro, e O Último Cine Drive-In, de Iberê Carvalho. O primeiro foi eleito pelo júri e o segundo pelo público. Agora os filmes passam a fazer parte do catálogo da companhia em 190 países, tendo acesso a 33 milhões de assinantes do serviço de streaming. Além desses filmes, outros dois títulos brasileiros foram escolhidos pela Netflix para ganhar distribuição mundial fora da competição: Boi Neon, de Mascaro, e Aquarius, de Kleber Mendonça Filho.

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