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25 Setembro 2017 | Natalí Alencar

Edição histórica do Festival de Brasília reforça apoio à produção local e debate mercado audiovisual

Em dez dias, evento celebrou produção nacional e propôs reflexões

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(Foto: Festival de Brasília)

O Festival de Brasília terminou ontem (24) após dez dias de intensa programação com 144 obras que compuseram mostras competitivas e retrospectivas, propondo uma reflexão sobre o presente e o futuro do audiovisual brasileiro.

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“Experimentar o Festival de Brasília é o principal prêmio deste evento. Já estamos na caminhada para os próximos 50 anos. Nos vemos em 2018”, completou o secretário de Cultura do Distrito Federal, Guilherme Reis. 

O Júri Oficial do Festival premiou o longa metragem Arábia, de Affonso Uchoa e João Dumans, como Melhor Filme da edição. O filme recebeu, ainda, mais quatro prêmios, nas categorias Ator (Aristides de Sousa), Montagem e Trilha Sonora, pelo Júri Oficial, e Melhor Filme pelo Prêmio Abraccine. 

Já a categoria de Melhor Direção teve como vencedor o realizador brasiliense Adirley Queirós pelo filme Era Uma Vez Brasília. A obra do Distrito Federal levou, também, os títulos de Melhor Fotografia e Melhor Som. Valdinéia Soriano, atriz de Café com Canela venceu o prêmio de Melhor Atriz. O longa baiano sagrou-se campeão, ainda, com os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Filme pelo Júri Popular (Prêmio Petrobras de Cinema). Entre os prêmios de Melhor Ator e Atriz Coadjuvantes, levaram o Troféu Candango os atores Alexandre Sena, por O Nó do Diabo e Jai Baptista, por Vazante.

Além da premiação, já bastante aguardada, o encontro teve um Ambiente de Mercado, que chamou a atenção pela qualidade dos temas. As ‘Conversas com Players’ contaram com diversos profissionais do mercado, dentre eles, Ramiro Azevedo (Box Brazil), Igor Kupstas (O2 Play), Maria Rita Nepomuceno (CINEBRASiLTV), André Saddy (Canal Brasil), Reneé Castelo Branco (Globonews), Carolina Rapp (Globo Filmes), Luciano Cury (Arte 1), Júlio Worcman (Canal Curta!), Krishna Mahon (History, A&E, LifeTime e H2), Bárbara Sturm (Elo Company) e Luiz Bannitz (Looke).

Como parte da programação do encontro, também foi reativada a UNINFRA (União Nacional de Infraestrutura Cinematográfica), uma associação de empresas relacionadas à infraestrutura dedicada ao audiovisual.

Confira a galeria de fotos do 50º Festival de Brasília.

São patrocinadores do encontro: NET, Claro, Petrobras, BRB, BNDES e Sabin.

 

 

Outros destaques:

 

*Masterclass com Laís Bodanzky

Laís Bodanzky é roteirista, cineasta e autora de grandes sucessos, como Bicho de Sete Cabeças e o documentário Cine Mambembe. Recentemente lançou o longa Como Nossos Pais, premiado no Festival de Cinema Brasileiro de Paris e em Gramado.

Durante a conversa, mediada pelo coordenador de atividades formativas do Festival, João Paulo Procópio, a cineasta compartilhou com o público suas inspirações e intenções com as construções cinematográficas. Sobre o seu processo criativo, afirmou: “Cinema pra mim tem que ser autoral. Tem que ter uma assinatura”. Ao ser questionada sobre o início de sua carreira, Laís contou que tentou ser atriz, mas não deu certo e foi exatamente aí que ela se descobriu diretora. “Eu já gostava de gravar, fazer sonoplastia e dirigir. Então escolhi o que me dá prazer na caminhada”.

Vânia Catani e Anna Muylaert também participaram de atividades formativas.

 

*O2 Play

Igor Kupstas, diretor da O2 Play, distribuidora digital da O2 Filmes, maior produtora audiovisual do Brasil, conversou com o público sobre: “Tendências do Audiovisual: Video on Demand, Múltiplas Telas e Realidade Virtual”. A palestra, contou com a mediação de Rodrigo Terra.

“Foi um prazer receber este convite do Alfredo Manevy, e fazer parte este bate-papo com o setor audiovisual”, explica Igor.

 

* Jornada Internacional de Direitos Autorais do Criador Audiovisual

O evento reuniu criadores, gestores e foi assistido por representante do Ministério da Cultura para debater os atuais desafios legais e práticos para a gestão coletiva de direitos autorais dos criadores do segmento audiovisual.  Componentes da mesa: Luis Mangiavillano (Argentina, diretor executivo da DAC – Diretores Argentinos Cinematográficos), Carlos Bahamóndez (Chile, manager da Diretoria Regional para América Latina e Caribe da CISAC – Confederação Internacional de Sociedades de Autores e Compositores), Mário Mitrotti (Colômbia, presidente da DASC – Directores Audiovisuales de Colômbia), Sylvio Back e Marcílio Moraes (Brasil, respectivamente, presidentes da DCBA – Diretores Brasileiros de Cinema e do Audiovisual e GEDAR – Gestão de Direitos de Autores Roteiristas; Daniel Pitanga (Brasil, Siqueira Castro, Advogados), Sylvia Palma e Ricardo Pinto e Silva (Brasil, respectivamente, secretários gerais da GEDAR e DBCA).

 

*Rumos da distribuição

O painel “Ambiente de mercado: distribuição e audiências segmentadas”, mediado por  Mauro Garcia (Bravi), abordou os desafios e as novas plataformas de distribuição de mercado de conteúdos audiovisuais.

Foram levantados pontos importantes para produtores que desejam ter seus longas e curtas-metragens reconhecidos, como a conquista do público e da audiência. Fábio Lima, diretor da Sofá Digital, apontou que um dos desafios do mercado audiovisual é a visibilidade, tanto por parte dos espectadores quanto dos grandes veículos de comunicação. “Os produtores independentes precisam fazer com que seu conteúdo seja procurado pelas pessoas. O mais difícil é encontrar formas de comunicar que o material está disponível”, analisa.

Desenvolver conteúdos independentes para cinema no Brasil ainda é um grande desafio.

Para Talita Arruda, da Vitrine Filmes, as produções independentes brasileiras sofrem para chegar às telonas. “É um desafio chegar com filmes nacionais no mercado. Há salas de cinema que vão abraçar aquele filme e outras vão rejeitar”, afirma. “Sala de cinema é limitada igual programa de TV. Há uma seleção natural. Exibidor decide o que vai mostrar e o distribuidor o quanto vai investir. Então essa seleção não é só por qualidade, mas também pelo público alvo”, avaliou Fábio, diretor da Sofá Digital.

E tudo deve envolver muito planejamento. “Cuidado com a forma com que vai trabalhar com o conteúdo e fazer chegar até o público. Pense em um plano de distribuição, faça um balanço de conteúdos e escolha a melhor forma de trabalhar”, indicou Talita Arruda.

 

*Presença Feminina

O painel “As mulheres e a reflexão sobre o audiovisual” contou com a participação das críticas de cinema e representantes do Coletivo Elviras: Samantha Brasil, Carol Almeida, Kenia Freitas e mediação de Cecília Barroso.

Durante o debate foram apresentadas as dificuldades enfrentadas no audiovisual, seja na curadoria ou na produção de críticas cinematográficas. Uma das questões levantadas por Samantha Brasil, representante das Elviras no Rio de janeiro, é a ausência do gênero feminino nas associações críticas de cinema e nos veículos de comunicação que realizam análises cinematográficas.

Um levantamento feito pela palestrante aponta que as mulheres ainda são pouco valorizadas nesse nicho: “Os homens não nos reconhecem como críticas e isso é um grave problema, pois nos faz questionar a nossa própria capacidade”. Outro paralelo, conforme apontou Samantha, é que quando as mulheres são convidadas a produzir análises de obras cinematográficas, raramente escrevem sobre filmes que estão em alta no mercado.

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