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07 Março 2018 | Natalí Alencar

Filme sobre adoção é fruto da coprodução entre Bossa Nova Films e empresa argentina

Diretor Diego Lerman esteve no Brasil durante a Mostra Internacional de SP e comentou a parceria

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(Foto: Bossa Nova)

O longa Uma Espécie de Família, que fala sobre adoção ilegal em Misiones, na fronteira da Argentina com o Brasil, é uma coprodução entre a brasileira Bossa Nova Films e a argentina El Campo Cine. A produção teve exibição na Mostra Internacional de SP com a presença do diretor Diego Lerman, que integrou o corpo de jurados do evento e dirige a produtora da Argentina.



Aliás, a parceria entre a Bossa Nova e a produtora teve início há quase uma década, no 1º Encontro de Produtores da América Latina, realizado em Buenos Aires antes do 1º Ventana Sur. Compartilhando do mesmo conceito, de que a coprodução vai além do financiamento conjunto e mecanismos facilitadores para a realização e distribuição dos filmes, chegando até a parceria criativa e editorial, as duas produtoras já têm em desenvolvimento mais dois projetos: O Caso Morel, de Suzana Amaral, e Planta Permanente, de Ezequiel Radusky. Outra pareceria criativa será na nova série de Luiz Villaça, em que Diego Lerman é o consultor de roteiro.

Em Uma Espécie de Família,  que estreia amanhã (08/03), a direção de arte é assinada pelo brasileiro Marcos Pedroso e conta com a brasileira Paula Cohen no elenco. Na história, a protagonista Malena recebe uma ligação que mudará sua vida: o bebê que adotou está prestes a nascer. Ela viaja para buscá-lo e logo se vê chantageada pelos pais biológicos. Ou aumenta o valor do pagamento acordado ou a criança será enviada para um orfanato. Malena passa a ser atormentada por dilemas morais e legais que a fazem se questionar sobre o quão longe está disposta a ir para obter o que mais deseja.

Em cima deste tema tão delicado, o Espaço Itaú de Cinema no Shopping Frei Caneca realizou uma sessão especial ontem (06/03) seguida por uma conversa entre a jornalista Teté Ribeiro e a psicanalista Vera Iaconelli.

Veja a entrevista do diretor ao Portal Exibidor:

- O que o motivou a falar sobre o tema adoção, que é infelizmente pouco abordado no cinema?

Não há uma razão especial, mas sim muitas. É uma história sobre uma mulher e sua escolha, além de violência doméstica e a construção de uma família. Malena adota um bebê e o que ela quer é uma família. Eu fiz um trabalho de pesquisa que durou um ano com mães que deram seus filhos para adoção, mães que queriam adotar, enfermeiras, advogados e pessoas que lidam com a questão, depois busquei entender o processo de adoção não só na Argentina, mas como o sistema funciona como um todo, a papelada e o que é preciso ser feito. E do outro lado há uma criança aguardando uma família, um lugar. Depois disso comecei a construir a história mesclando alguns elementos da realidade aos da ficção

- O que o filme traz de diferencial para atrair o público?

É uma jornada com alguns elementos e quais os limites do custo pessoal para o que ela quer, nesse caso, a adoção e os limites morais e individuais, o que é bom e o que é ruim e como a sociedade vê determinadas situações.

- Quais os territórios onde o filme já foi exibido?

Internacionalmente já estreou no Festival de Toronto e depois em San Sebastian, ambos em setembro, além de outros Festivais em Londres, Varsóvia, Tóquio, Copenhague e Chicago. Comercialmente já foi exibido na Argentina e na Espanha. 

- E essa parceria com a Bossa Nova já há uma década, como você avalia?

É uma ótima experiência, é a primeira coprodução no projeto e ocorre entre Argentina e cinco países, incluindo o Brasil que trouxe a colaboração do diretor de arte Marcos Pedrozo e da atriz Paula Cohen. É uma experiência ótima. Para o próximo ano, já prevemos dois outros projetos (O Caso Morel e Planta Permanente). Então, é uma relação de parceria e confiança.

- Como você tem percebido a receptividade do público brasileiro em relação ao filme?

É o meu quinto filme e a experiência aqui no Brasil foi ótima, o público é bastante curioso.

- Quais são os principais desafios que a produção e a exibição enfrentam hoje na América Latina?

O desafio é ver mais produções, tornando possível que filmes da Argentina sejam vistos no Brasil e o inverso também. Algumas vezes acontece, mas acredito que possa ser mais frequente, uma audiência maior. Eu tenho coproduzido com Colômbia e Uruguai e isso ajuda a atrair o público latino-americano para o cinema. É ótimo partilhar experiências com diferentes países, principalmente porque nós não somos tão diferentes.

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