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18 Abril 2018 | Janaina Pereira, de Veneza

Cinema autoral também é sucesso de bilheteria

Diretor japonês Hirokazu Kore-eda revela que escreve seus filmes pensando também comercialmente

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(Foto: Imovision)

Um dos maiores nomes do cinema oriental, o japonês Hirokazu Kore-eda não esconde que pensa comercialmente quando está fazendo um filme. E isso não foi diferente em O Terceiro Assassinato, seu primeiro suspense, que estreia nesta quinta (19) no Brasil. O longa conta a história de um famoso advogado que resolve defender um suspeito de roubo e assassinato, que já cumpriu pena de 30 anos por outros dois assassinatos. A medida que vai se aprofundando no caso, o advogado começa a desconfiar que seu cliente pode não ser o culpado. 

Em entrevista exclusiva ao Portal e Revista Exibidor, realizada durante a exibição do longa no Festival de Veneza, o cineasta contou que para fazer seu novo trabalho pensou em um roteiro de fácil assimilação, para que o filme pudesse ter um alcance maior. “Eu pensei desde o começo que era importante escrever um roteiro que fosse compreensível. Mas esse não é um filme sobre pegar um assassino, e como eu pretendia que muitas pessoas o vissem, não poderia simplesmente mostrar o que eu queria. Por isso, escolhi fazer um roteiro que tenha um pouco de suspense e assim contar claramente a história. Caso contrário, pensei que seria difícil as pessoas irem vê-lo”, comentou Kore-eda.



A preocupação em fazer filmes que sejam vistos não diminui o aspecto autoral do cinema de Hirokazu Kore-eda, que tem uma plateia cativa não apenas em festivais. “O tema central do meu cinema é o poder da escolha e o efeito que ela causa, não importa em que circunstância. E isso eu procuro manter em todos os filmes que faço”.

Para o diretor, participar de festivais ajuda a aumentar a bilheteria do filme. “Mesmo que não ganhe prêmios, o filme que é apresentado em festivais tem uma visibilidade grande. Isso facilita na venda da produção para países distintos e, consequentemente, pessoas de lugares totalmente diferentes poderão ver o meu trabalho. Se não fosse os festivais, certamente meu cinema teria um público bem menor”, revelou.

Kore-eda, que já esteve no Brasil para participar do júri da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, tem um projeto de filmar no país. “Gostaria de filmar uma história sobre a colônia japonesa no Brasil, que é a maior no mundo, no final da Segunda Guerra Mundial. Gosto muito do Brasil e tenho admiração pelo Walter Salles, com quem seria ótimo fazer uma parceria”.

O cineasta também falou das diferenças entre o cinema ocidental e oriental. “Acho que quando abordamos relações humanas, o público de qualquer país se identifica. Claro que existem características particulares a um lugar ou outro, coisas que fazem parte da cultura local. Mas a forma como lidamos com as pessoas pode causar uma identificação universal”, concluiu.

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