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10 Agosto 2018 | Roberto Sadovski

"Está difícil encontrar um blockbuster nacional", diz CEO da Paris Filmes

Empresa também apresentou seus lançamentos para o segundo semestre em evento simultâneo em SP e no Rio

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(Foto: Revista Exibidor)

O cinema nacional encontra-se numa encruzilhada, e a Paris Filmes busca caminhos para aumentar não só a representatividade, mas também os resultados nas bilheterias. Foi o tom do evento que a empresa promoveu, simultaneamente em São Paulo e no Rio de Janeiro, para apresentar aos exibidores seu line-up para o segundo semestre. O foco eram três lançamentos internacionais – A Vida em Si, Um Pequeno Favor e Meu Ex É um Espião -, mas o assunto logo convergiu para a necessidade de repensar nosso cinema.

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“Está difícil encontrar um blockbuster nacional que traga números expressivos”, disse Marcio Fraccaroli, CEO da Paris e produtor de alguns dos grandes sucessos do cinema nacional recente. “Dois anos atrás houve muita oferta de dinheiro público, e o problema foi muita gente produzindo filmes em que o roteiro não estava bom. O público percebe que, sem uma boa história, não adianta colocar protagonistas famosos, atores de novela ou celebridades do youtube.”

O executivo aponta que o cinema nacional vive hoje da comédia e da biografia, e que a Paris está tentando sair desse nicho para buscar um novo público. “Buscamos filmes infanto-juvenis como Carrossel e Detetives do Prédio Azul, que vendeu quase 1,3 milhões de ingressos e tem uma continuação engatilhada. O Doutrinador vem desse ambiente de histórias em quadrinhos que pode sair da casinha e pegar uma audiência jovem”, continua. “Só a Paris tem tomado esse risco.”

A empresa consegue esse respiro graças aos resultados excepcionais experimentados no primeiro semestre, em que atingiu um share de 20,3 por cento de ocupação nas salas de cinema, ficando atrás somente da Disney, que tem 33,6 por cento. “Está sendo um ano muito especial para o grupo Paris e Downtown, com quase 23,4 milhões de ingressos vendidos”, revela. “Só o filme Nada a Perder, a biografia do bispo Edir Macedo, responde por 13 milhões desse total. Ainda são mais de 10 milhões de pessoas assistindo a filmes que, muitas vezes, fogem dos grandes blockbusters que terminam monopolizando a atenção do público.”

As apostas da Paris em produções nacionais também encostam em personagens consagrados e em uma sintonia com o momento que o país atravessa. O Candidato Honesto 2 traz Leandro Hassum em mais uma aventura na capital brasileira. “Ele vai voltar a fazer ingresso!”, entusiasma-se Fraccaroli. Ingrid Guimarães, que tem uma parceria com a empresa a ser estendida ao menos pelos próximos dois anos, surge em De Pernas Pro Ar 3: “É um filme para toda a família, e também mostra a evolução da personagem”. E Intervenção, escrito pelo mesmo Rodrigo Pimentel de Tropa de Elite, é um filme de ação que abora o problema das UPPs no Rio de Janeiro e a falência do Estado: “É como Alemão, um filme de oportunidade em que temos uma janela específica para lançar”.

A Paris ainda investe nos filmes médios, aqueles que rendem entre 25 e 60 milhões de dólares no mercado americano, e que possuem potencial de crescimento em outros mercados. “A crise econômica está aí, a queda é real, mas apesar da crise temos um mercado excepcional”, continua Fraccaroli. “Nunca foi tão difícil, pro exibidor e pro distribuidor, levar gente ao cinema. Procuramos o público com bons produtos, mas hoje isso é pouco: é necessário cutucar esse público pra viver essa experiencia que é ir ao cinema. Ainda é a diversão mais barata e agradável para todo mundo”

Ele exemplifica sua teoria ao falar do drama A Vida Em Si, dirigido por Dan Fogelman, que é o criador da série de TV This Is Us. “O filme é como Extraordinário”, aponta Fraccaroli, lembrando do sucesso surpresa do ano passado, que levou 6,6 milhões de pessoas aos cinemas. “Não vai ser igual, já que é um fenômeno que vemos a cada dez anos, mas é um produto com possibilidade grande de acontecer, principalmente no período das festas do fim do ano.” A Vida Em Si traz Antonio Banderas, Oscar Isaac e Annette Bening à frente de uma história que acompanha a vida de um casal, as reviravoltas de sua jornada e as consequências que ecoam em diferentes continentes com diferentes pessoas.

Tanto Um Pequeno Favor quanto Meu Ex É Um Espião, apesar de abraçar gêneros diferentes, apontam campanhas que vão além do ambiente do cinema. O primeiro é um thriller na linha de Garota Exemplar e A Garota do Trem, em que uma blogueira de uma cidadezinha (Anna Kendrick) busca a verdade sobre o desaparecimento de sua melhor amiga (Blake Lively). O segundo é uma comédia de ação em que uma jovem (Mila Kunis) leva o fora de seu namorado e, quando viaja com a amiga que tenta levantar seu ânimo (Kate McKinnon), descobre o verdadeiro trabalho do ex, o que joga as duas em uma conspiração internacional. “O segundo semestre promete ser bastante eficiente”, finaliza o executivo. “E nosso esforço continua totalmente localizado no cinema, continua focado em encher as salas. Cinema ainda é o melhor negócio.”

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