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13 Novembro 2018 | Roberto Sadovski

Stan Lee: o gênio que nos ajudou a sonhar

Criador de “Homem-Aranha”, “X-Men” e “Homem de Ferro” ajudou a lapidar a cultura pop moderna

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(Foto: Getty Images)

Stan Lee teve muitos títulos, todos adequados. Roteirista. editor-chefe e publisher da Marvel. Criador de universos. Lenda. “O cara”. Para boa parte do planeta, ele era simplesmente sinônimo de histórias em quadrinhos, forma de arte que ele ajudou a popularizar ao dar início em 1961 ao Universo Marvel. O marco zero foi a primeira edição de Quarteto Fantástico, uma parceria com o (também) lendário desenhista Jack Kirby. Lee nos deixou na manhã de segunda-feira (12), no hospital Cedars-Sinai em Los Angeles. Ele tinha 95 anos. 

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Sua carreira, entretanto, começou muito antes de o Homem-Aranha disparar sua primeira teia. Lee começou sua carreira em 1939, escrevendo manuais para soldados do exército americano. Pouco depois, ele ingressava na Timely Comics, bolando histórias de monstros e romances açucarados para o consumidor de HQs. Ao fim dos anos 50, a concorrente DC Comics vendia horrores com o título Liga da Justiça. O chefe de Stan encomendou um supergrupo à altura. Ele convocou Kirby, e o Quarteto Fantástico nasceu. E o resto é história. 

Os meses que seguiram a publicação de Quarteto trouxeram uma explosão criativa sem igual. Lee criou (ou co-criou) personagens icônicos como Thor, Hulk, Homem de Ferro, X-Men, Demolidor, o Pantera Negra e, talvez sua criação mais icônica, o Homem-Aranha. Ao contrário dos heróis da DC, que se portavam como semideuses, os personagens da Marvel eram pessoas comuns, que viviam em cidades de verdade e traziam falhas, questionamentos e angústias como qualquer um – com a diferença de ser super-heróis. Usando os gibis da Marvel como espelho da sociedade, Lee, falou sobre a luta pelos direitos civis, a segregação das minorias, a ambição da indústria armamentista, as provações da adolescência e, no caso de um herói que ele não criou, mas resgatou do limbo, o verdadeiro sentido de patriotismo – o Capitão América, inventado em 1941 por Jack Kirby e Joe Simon, foi “modernizado” nas mãos de Lee como um verdadeiro homem fora de seu tempo. 

De personalidade esfuziante e carisma sem igual, Stan Lee não tardou a eclipsar seus companheiros, e logo acusações começaram a voar, como ele não creditar verdadeiros criadores e assinar histórias que não eram suas. Bobagem. No papel de editor-chefe da Marvel, e depois de publisher, Lee aprendeu a delegar e dividir atribuições criativas e tratou de se tornar garoto-propaganda para a popularização da mídia como forma de arte, não apenas como diversão infantil ligeira.

Funcionou. Aos poucos, os personagens da Marvel ganharam outras mídias, com o estilo imposto por Lee, um realismo que humanizava os heróis e criava uma conexão emocional com os leitores, tornando-se regra informal na indústria dos quadrinhos. Afastado em definitivo de suas funções da Marvel, ele ganhou o cargo de editor vitalício e, no novo século, passou a se dedicar a simplesmente usar sua persona para divulgar a empresa – o que inclui suas participações-relâmpago nos filmes com o selo Marvel, do primeiro X-Men, de 2000, ao recente Venom. É possível que suas cenas para os três próximos filmes do estúdio – Capitã Marvel, Vingadores 4 e Homem-Aranha Longe de Casa, todos com estreia marcada para ano que vem, já estejam na lata. 

Os últimos anos de Stan Lee foram os mais atribulados, a começar pela morte, em julho de 2017, de sua esposa de 69 anos, Joan. Foi como se lhe arrancassem o chão, e sua ausência abriu espaço para aproveitadores, advogados de má índole e representantes pessoais sem caráter se aproximarem para lhe tirar parte de sua fortuna – calculada entre US$ 60 e US$ 70 milhões. Estes “profissionais” foram afastados nos últimos meses, mas o custo para a saúde de Stan foi irreparável. O homem se vai, deixando um legado de personagens que ajudaram a forjar o caráter de gerações, com suas frases que reverberam na cultura pop (como “Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”) e um catálogo de centenas de super-heróis que manterão sua memória para sempre presente. “Acho que uma pessoa pode fazer a diferença”, disse para Peter Parker, ou Tobey Maguire, em sua aparição em Homem-Aranha 3. É certo que sim.

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