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13 Novembro 2018 | Roberto Cunha, do Rio de Janeiro

OCA comemora 10 anos e Ancine apresenta dois projetos inéditos

Agência apresentou na segunda-feira estudos sobre o setor

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(Foto: ANCINE)

O tempo passa rápido e a informação cada vez mais é fonte de riqueza. Parece que foi ontem, mas o Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual (OCA) completa 10 anos e a ANCINEAgência Nacional do Cinema comemora essa data com dois trabalhos inéditos. Apresentados nesta segunda-feira, 12, na sede da agência reguladora, um deles é o estudo sobre gêneros de filmes lançados entre 2009 e 2017, em salas de exibição, e o outro é a possibilidade de se obter dados por sessão através de uma ferramenta pioneira no mundo, o SCB – Sistema de Controle de Bilheteria.



Presidente da ANCINE, Christian de Castro salientou sua meta desde que assumiu a posição no início do ano, de fazer uma gestão baseada em dados para ajudar no processo de tomadas de decisão. Falou também da nova campanha publicitária da ANCINE, que visa valorizar o audiovisual brasileiro e melhorar a percepção da sociedade. “A gente que trabalha no setor percebe uma diminuição do nosso trabalho por parte da sociedade, de que não existe uma contribuição para a economia”, disse Castro. A intenção é rebater esse discurso negativo, e vazio, com os dados coletados e mostrar o valor econômico que essas atividades criativas são capazes de gerar. De um total de cinco filmes, cinema, séries, games, animação e audiovisual, ele mostrou esse último, cuja assinatura afirma “Audiovisual brasileiro, muito mais do que você ouve por aí”.

  

SCB – Sistema de Controle de Bilheteria

Entre os benefícios do novo sistema mostrado pela primeira vez, Castro falou da análise feita sobre a Cota de Tela e de como esse estudo, por sessão, foi positivo para avaliar o que vem sendo praticado e o que será implementado em 2019, com anúncio previsto para o fim de novembro. O estudo foi feito tendo como base sete gêneros, pré-definidos após intensa discussão, visando sempre uma melhor leitura do mercado. A Superintende de Análise de Mercado, Luana Rufino ressaltou que o SCB é o único no mundo, com tecnologia inovadora da ANCINE, com parceiros como a Ingresso.com.

Painel Interativo do SCB - Sistema de Controle de Bilheteria

Formulado a partir de dados enviados por todos exibidores de salas comerciais do país, o painel foi apresentado por Braúlio Barbosa (Coordenação de Monitoramento de Cinema, Vídeo Doméstico e Vídeo por Demanda). Como exemplo, ele mostrou com precisão os dados de 11 de novembro (último domingo), sendo possível detalhar o desempenho por sessão. Na ferramenta, é possível ver a capilaridade, detalhando municípios e respectivas sessões apresentadas naquela localidade. De maneira simples e com visual interessante, é possível fazer um ranking numa determinada faixa de horário e por obra, assim como avaliar o desempenho de público em determinado dia e/ou horários de exibição. Outro exemplo é ter acesso a quantidade de sessões exibidas de um filme desde o lançamento. Se a sua curiosidade já é grande, é importante frisar que os painéis interativos são públicos, basta visitar o site oficial https://oca.ancine.gov.br/paineis-interativos.

O gênero e o mercado

Apresentados pelo coordenador do OCA, Cainan Baladez, os sete gêneros definidos no estudo foram: Ação, Animação, Aventura, Comédia, Documentário, Drama, e Terror. Baladez salientou que Aventura e Animação têm uma quantidade de títulos lançados pequena, mas combinados entre 2009 e 2017, detiveram 57% de mercado. Já se observa, nos Estados Unidos, em 2017, que esses dois gêneros tiveram um número maior de lançamentos. O gênero Drama sofre o contrário, pois tem uma maior quantidade de títulos exibidos e desempenho menor. No Brasil, a fatia da Comédia representa 63,4%, apesar de uma quantidade pequena (14,9%) de títulos, enquanto Drama e Documentário, juntos, têm praticamente 80% dos lançamentos. Em linhas gerais, o gênero Aventura tem crescido muito desde 2014, Animação e Drama mantém estabilidade, Comédia (brasileira e estrangeira) apresentou uma leve queda nos últimos três anos. O gênero Terror tem crescido no Brasil, tinha mais de 3% e pulou para quase 9%, nos últimos anos.

Forte, fraco ou competitivo

O coordenador do OCA reforçou os gráficos revelados com o estudo, que podem orientar futuras decisões de mercado. Se algo era notório, como a força Comédia brasileira, com 22,4 % dos títulos lançados e 55% do mercado, ficou claro o desempenho superior aos estrangeiros. E foi com o Drama que surgiu uma interessante observação, pois o gênero representa 27% de títulos lançados e obtém participação de público na casa dos 22%. Baladez não titubeou ao afirmar que o Drama brasileiro é competitivo em relação ao Drama estrangeiro. O mesmo acontece com os filmes de Ação, com 14% de títulos lançados e 15% de participação de mercado, superando o desempenho gringo. Por outro lado, o executivo destaca três gêneros (Aventura, Animação e Terror), que representam mais de 50% do bolo, mas não existem títulos suficientes sequer para disputar mercado.

O que que a Coreia do Sul tem?

Luana Rufino destacou que a Coreia do Sul é um país interessante para se observar. E reforça a tese com o impactante dado de que o país asiático, em 20 anos, saiu de um market share de 2% para 57%, em 2014. Com um parque exibidor menor, o público total é maior que o brasileiro. Em linhas gerais, disse o executivo, os coreanos são mais competitivos em mais gêneros do que o Brasil e não investem naquilo que os americanos são fortes. Luana Rufino informou que o volume de recursos públicos nos cinco primeiros anos (dos 20 anos avaliados) foram três vezes maiores do que os do Brasil, mas a diferença também estava no destino. Enquanto aqui, o capital ia para a produção, na Coreia ele foi para a distribuição, exibição e, na produção, somente para melhorar a qualidade do filme. Além disso, a política de cotas de exibição era de 70 dias por ano, durou 10 anos (até 2014) e foi suficiente para criar um público consumidor. Para rebater o pensamento de que no Brasil se produz muito para a pouca quantidade de salas, a executiva informou que na Coreia se produz mais com um número de salas menor.

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