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24 Abril 2019 | Renata Vomero

Protestos marcam abertura da Rio2C

Programação teve início com novidades da Netflix para o Brasil

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(Foto: Portal Exibidor)

Começou hoje, oficialmente, a programação da Rio2C, maior encontro de criatividade e inovação da América Latina. A conferência de audiovisual do Rio de Janeiro teve início na noite de ontem com cerimônia de abertura que contou com a premiação da Brasil Audiovisual Independente (Bravi).

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A associação premiou os diversos profissionais do audiovisual, incluindo, as categorias de roteiro, edição, animação, atuação, trilha sonora, entre outros. No entanto, o que chamou a atenção na cerimônia foi o momento de entrega de prêmio para Mulher do Audiovisual, dado a Laís Bodanzky, diretora-presidente da Spcine. A cineasta aproveitou o momento para discursar sobre as dificuldades que o setor vem enfrentando, principalmente com a paralisação dos repasses de verbas da Ancine. "É necessária a retomada do diálogo com o setor, respeitar a quantidade de empregos gerados, a atividade não pode ser interrompida. É o mesmo que o TCU chegar para a Agência Nacional de Aviação Civil, a Anac, e falar que a prestação de contas da Tam e da Gol não está correta e que, até resolverem novas regras, nenhum avião levanta voo no Brasil. A Condecine e o FSA são feitos para incentivar o setor. Se estamos aqui hoje, é graças à política pública que tem que ser continuada e não pode ser interrompida", indignou-se. A cineasta subiu ao palco com uma faixa preta no braço em protesto ao congelamento das verbas. A própria Spcine divulgou ontem uma carta aberta em defesa do audiovisual brasileiro em que diz: “As recentes notícias, somadas à retirada do patrocínio de empresas públicas de ações de Cultura, acendem uma luz vermelha para o audiovisual brasileiro, botando em risco as conquistas de um setor que se manteve em franco crescimento mesmo com a crise em outros segmentos da economia”. Este é o clima geral desta Rio2C, que tem início em meio à uma grande crise no setor, que vem preocupando e revoltando os profissionais da área.  Inclusive, o próprio Christian de Castro, diretor-presidente da Ancine, tem palestra agendada para esta sexta-feira (26). 

Hoje, primeiro dia de programação da conferência, já foi convocada uma coletiva de imprensa à tarde com a Sicav, Siaesp e Bravi, intitulada: “Audiovisual se une para evitar paralização no setor”. Além disso, outro destaque do dia é a divulgação de investimentos da prefeitura de Ilha Bela na produção nacional, criando um festival do audiovisual e uma Film Commission. O Ilha Bela Festival contará com investimento de R$4 milhões da prefeitura e deve acontecer entre os dias 19 e 23 de novembro.

 

Netflix e Brasil

O primeiro bate-papo do dia aconteceu entre Wagner Moura e o diretor executivo de conteúdo da Netflix, Ted Sarandos. Em “Brasil no cenário global: uma conversa com Ted Sarandos e Wagner Moura” os dois criativos focaram em discutir a produção brasileira e seu público. Wagner Moura, que está produzindo seu primeiro filme para o streaming, Sergio, sobre o diplomata da ONU, Sérgio Vieira de Mello, iniciou o bate-papo falando sobre a importância da Netflix para o Brasil: ”Nossa indústria está em um momento muito complicado, o fato da Netflix estar investindo tanto no Brasil é maravilhoso. Então, ninguém melhor do que o Ted Sarandos para falar sobre os planos que a Netflix tem para o país”. A fala fez total sentido já que o próprio diretor da Netflix já havia comentado que gostaria de investir mais no Brasil, visto que o país é um dos maiores mercados do serviço de streaming. “Estamos muito orgulhosos de estar produzindo conteúdos em português ou com brasileiros”, comentou o executivo. Ele anunciou que a empresa deve produzir 30 filmes e séries no país nos próximos dois anos, ressaltando que este deve ser apenas o começo. Durante a conversa, o executivo anunciou a produção da comédia Ricos de Amor, o drama adolescente Quem nunca?, o suspense Carga Máxima, o longa Modo Avião, com Larissa Manoela, além de uma animação baseada na história do Menino Maluquinho e projetos com Fernando Meirelles e Daniel Rezende.

A conversa também tocou em pontos como diversidade, em que Ted Sarandos enalteceu a produção Narcos, “A série é muito importante para a Netflix porque mostra exatamente o que você pode fazer quando se tem uma boa história. É empresa francesa produzindo uma história quase toda feita em espanhol, com profissionais brasileiros e fez o sucesso que fez”. Wagner Moura comentou, então, sobre o seu longa Sérgio: “Acabei de começar a dirigir e produzir, que se tornou algo muito importante para mim. Sempre quis produzir filmes para Hollywood que retratassem os latinos fora dos estereótipos. Este é o meu primeiro longa dentro deste pensamento”.  

Ted reiterou que para ele escolher uma produção basta se ter um bom conteúdo e enfatizou a importância da tecnologia para a produção de conteúdo atualmente, reforçando que não usa os dados da empresa para interferir nas narrativas. “A tecnologia tem ajudado muito a juntar o mundo e colocar a biblioteca do mundo inteiro na ponta dos dedos. Você pode ter o mundo inteiro falando sobre Sergio, por exemplo. Em termos de distribuição, nós conseguimos pensar em fazer um lançamento global e em focar nosso marketing para os diferentes públicos ao redor do mundo.  E sobre narrativa, tivemos o filme de Black Mirror (Bandersnatch), em que o espectador poderia escolher o desenvolvimento da história.  A questão é usar a tecnologia para aprimorar a maneira de se contar histórias e não para substitui-las”, finalizou.

Confira a cobertura do Portal Exibidor na Rio2C: 

Crescimento do streaming é foco de palestra na Rio2C

- Em meio à crise no audiovisual, Rio2C tem início hoje

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