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21 Outubro 2019 | Renata Vomero

"A Vida Invisível" mostra papel da mulher na sociedade dos anos 1950

Filme é o escolhido para representar o Brasil no Oscar

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Julia Stockler, Fernanda Montenegro e Carol Duarte durante exibição de "A Vida Invisível" na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (Foto: Mostra Internacional de Cinema de São Paulo)

Nesta sexta-feira (18) a imprensa viu pela primeira vez A Vida Invisível (Sony/Vitrine), de Karim Aïnouz, filme escolhido para representar o Brasil no Oscar. Em seguida à exibição, a coletiva de imprensa contou com a presença do diretor, o produtor Rodrigo Teixeira e os atores Carol Duarte, Julia Stockler, Fernanda Montenegro, Gregório Duvivier e Maria Manoella.

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Com data de estreia alterada para o dia 21 de novembro, A Vida Invisível (Sony/Vitrine), custou R$6 milhões para ser feito e contou com recursos do próprio produtor, já que a Ancine aprovou o orçamento do filme, mas no período de gravação houve problemas com a liberação da verba, que depois foi reembolsada. O filme venceu a mostra Um Certo Olhar em Cannes e no Festival de Cinema de Munique venceu o prêmio CineCoPro. Além disso, contou com uma exibição especial na 43ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo no Theatro Municipal na sexta-feira (18).

A produção, inspirada no livro A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha, chegou primeiro ao produtor Rodrigo Teixeira, que assim que o leu, soube que Karim seria o nome ideal para a adaptação. “Cresci com mulheres e ele também, então, nós conhecemos aquelas personagens. Quando conversei com Karim, houve a triste coincidência do falecimento recente de sua mãe, então, a história tocou ele de uma forma muito especial”, falou o produtor. Já Karim garante que sempre teve o sonho de fazer um folhetim para o cinema, neste caso, segundo ele, é um “de rasgar o coração”.

Rasgar o coração, porque o filme narra a história de Eurídice Gusmão, interpretada por Carol Duarte, e sua irmã Guida, vivida por Julia Stockler, duas mulheres que vivem no Rio de Janeiro da década de 50 e seguem caminhos totalmente diferentes uma da outra. “A Eurídice trabalha no silêncio, é uma personagem que sofre muda, então, tive de encontrar uma interpretação para ela que trabalhasse nessa linha, daquilo que não é dito. Me dediquei ao piano e assim fui construindo a Eurídice, cujo grande amor da vida era a irmã Guida”. Já para Julia, a Guida representa uma potência de vida, uma mulher sem medo das consequências, uma revolução.

Fernanda Montenegro, que dá vida à Eurídice já na terceira idade, enxerga na narrativa uma naturalidade das emoções: “não existe uma didatização dos sentimentos. Há uma intensidade e não um discurso do que se deve ou não fazer. Não é um filme fácil de se encontrar entre os que temos feito no Brasil. Mostra a condição da mulher que ainda é crítica, é embaixo de um comando. O filme não é contra o macho, é contra o ‘machão’”, comenta a atriz.

Machão esse retratado pela figura de Antenor, marido de Eurídice e interpretado por Gregório Duvivier, que utilizou das roupas do próprio avô para dar vida ao personagem e sentiu a carga emocional que a figura de Antenor representava na vida da protagonista: “chegava em casa e chorava, precisava tomar um banho para tirar um pouco daquela sujeira de mim”, conta o ator, que sentiu dificuldade em filmar tais cenas de forma crível.

Esse retrato das relações dos anos 1950 - feito com uma estética bastante atual, como o diretor mesmo disse, sem um aspecto poeirento e mais colorido do que o período costuma ser retratado – expõe de maneira bastante real a dinâmica da mulher naquela época, período que antecedeu alguns marcos da luta feminista. Então, o filme deixa evidente o quanto as mulheres conquistaram daquele período para cá. No entanto, nas próprias palavras de Karim, também mostra o quanto os homens se mantiveram os mesmos nas décadas que se passaram.

Sobre o momento do cinema atual, Karim se mostra bastante otimista, dada a qualidade das produções que estão sendo criadas. “Fico feliz com o caminho que está tomando. Temos uma exuberância muito grande, cada ano produzimos mais filmes e temos mais público contemplando essa arte, neste ano principalmente. Me recuso a achar que a gente vai viver uma crise”. Ele foi complementado por Rodrigo Teixeira: “A arte no Brasil não morre, pelo contrário, agora a arte se fortalece ao contestar essas questões” e finalizou chamando o público presente: “Isso aqui é Copa do Mundo, agora o brasileiro precisa apoiar. Senão é um voto calado”.

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