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09 Dezembro 2020 | Fernanda Mendes

1º Festival de Cinema Russo pretende familiarizar brasileiros com conteúdo do país

Indústria criativa é foco do governo russo que pretende internacionalizar cada vez mais conteúdo audiovisual feito no país

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(Foto: Divulgação)

Começa hoje (10) a primeira edição do Festival de Cinema Russo no Brasil. O evento, produzido pela estatal russa Roskino, fica disponível até 30 de dezembro gratuitamente na plataforma Spcine Play.



A programação conta com oito filmes, todos produzidos nos últimos anos e com prêmios importantes (clique aqui para conferir). Além do Brasil, o festival também aconteceu de forma online na Austrália, México e Espanha. “A primeira e principal expectativa é fazer com que o maior número possível de espectadores se familiarize com a cinematografia russa. Temos quase certeza de que eles não sabem muito bem que tipos de filmes e conteúdos são criados na Rússia. Este é o objetivo principal deste festival - conectar os telespectadores diretamente com a cinematografia russa”, conta com exclusividade ao Portal Exibidor, Evgenia Markova, CEO da instituição estatal encarregada de promover o cinema russo em todo o mundo.

Aliás, os números do festival na Austrália são bem animadores. Por lá, o festival aconteceu entre 9 e 30 de novembro e alcançou quase 100 mil pessoas. Outro fator interessante do evento é poder mensurar o gosto do público. Evgenia conta que tanto na Austrália como no México os filmes mais vistos foram o ballet Bolshoi e a comédia Vamos nos Divorciar. Para ela, essa procura é muito interessante porque o conhecimento geral é que os gêneros de terror e guerra são os mais populares no México e na América Latina. “Então estamos dispostos a entender mais sobre os espectadores em diferentes países e incluir os gêneros que foram os mais solicitados durante a festival deste ano nos próximos festivais”.

Brasil e Rússia

Apesar da grande distância geográfica, o Brasil tem se tornado um território bastante estratégico para a proliferação do conteúdo russo e vice-versa. Como exemplo, há festivais da cultura ibero-americana na Rússia e dias dedicados à cultura russa no Brasil. “O mercado latino-americano, e o Brasil em particular, são de grande importância para nós em termos de vendas de conteúdo russo - isso é confirmado pelo sucesso e boas bilheterias de vários de nossos filmes no Brasil”.

Não só o alcance da audiência brasileira é muito importante, mas a executiva também salienta que o país procura explorar bastante o potencial de coprodução que o Brasil apresenta. A Roskino pretende iniciar discussões com plataformas de VOD no Brasil e estabelecer laços comerciais nesse aspecto.

Modernização e VOD

Falando em VOD, o mercado audiovisual russo está bastante focado nessas plataformas no momento. Assim como o resto do mundo. Apesar de 80% do setor russo depender dos lançamentos em cinema, o crescimento dos serviços digitais vem crescendo nos últimos anos, principalmente plataformas nacionais. Hoje são 21 serviços VOD na Rússia.

Tanto as plataformas mais populares como as novatas são um trampolim de internacionalização de conteúdos russos. A série To the Lake que estreou na plataforma Premier, hoje é uma das 10 séries mais assistidas na Netflix em 60 países. Outro exemplo são as séries da START, que foi lançada em 2017 na Rússia, e hoje seus conteúdos são exibidos também na Netflix e Amazon, como a série Better Than Us, que já foi renovada para a segunda temporada.

“Esperamos estabelecer uma cooperação de longo prazo com plataformas VOD em todos os países onde o Festival de Cinema Russo acontece, a fim de promover nosso conteúdo por meio dessas plataformas no futuro”, explica. Uma dessas plataformas, aliás, é a Spcine Play, como já citada no começo da matéria, e que tem apoiado iniciativas de com muita diversidade nos catálogos. Inclusive, Evgenia espera que o serviço possa promover mais conteúdos russos e organizar mais ações a longo prazo.

Pandemia e ajuda governamental

Como no resto do mundo, os cinemas na Rússia também foram prejudicados, assim como as produções. Para tais desafios, o Ministério da Cultura enxerga na internacionalização das produções uma maneira de ajudar o setor. Uma das principais medidas foi a organização do primeiro evento digital Key Buyers em junho, oferecendo uma oportunidade para que os criadores russos se apresentem aos mercados internacionais, apesar das fronteiras fechadas e eventos cancelados. Este fórum reuniu mais de 600 representantes de empresas de 70 países. A plataforma permitiu colocar 150 horas de conteúdo, advindos de 300 projetos. Além disso, o governo ofereceu acesso gratuito para todos criadores russos a eventos internacionais do setor.

Na área de coprodução internacional, a Roskino e a EAVE (European Audiovisual Entrepreneurs) organizaram o programa EAVE ON DEMAND que permite que os produtores russos obtenham experiência e conhecimento internacional para criarem projetos que sejam competitivos no exterior. Segundo Evgenia, “este é apenas o primeiro passo”, pois é esperado que programas do tipo agora aconteçam regularmente.  

“A área audiovisual faz parte da indústria criativa, que é hoje um foco do governo russo. Precisamos aumentar a participação da indústria criativa na economia do país, que atualmente representa cerca de 4,4%. Na Grã-Bretanha, por exemplo, chega a 14%, e na Alemanha é 10%”, reforça.

Exibição cinematográfica

Em um contexto pandêmico, os cinemas estão recebendo apoio financeiro direto do governo para superarem diversos desafios. Além disso, haverá apoio ao desenvolvimento e modernização de salas em pequenas cidades.

Mas para além do atual momento, o futuro reserva muitas mudanças aos cinemas, principalmente no que se refere ao tipo de conteúdo. A executiva acredita que com o consumo de séries e filmes online, a tendência consolidada em 2020 foi a diversificação de preferências. E isso impactará os cinemas.

“É claro que a indústria cinematográfica americana continuará sendo uma referência, pois tem uma longa história, e Hollywood sempre atraiu os melhores profissionais de todo o mundo. No entanto, acredito que na próxima década veremos cada vez mais conteúdos e talentos interessantes e de alta qualidade de outros países. E isso é o que realmente vemos no caso da Netflix e outras plataformas que produzem seu próprio conteúdo que podem ser competitivos com os filmes produzidos por Hollywood”, finaliza.

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