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23 Março 2021 | Renata Vomero

Show Me The Fund lança site de mapeamento interativo de fundos para o audiovisual nacional

"A ideia é colocar os produtores brasileiros onde merecem estar", explica uma das idealizadoras do projeto

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(Foto: Show me the fund)

A pandemia veio como uma avalanche em todos os sentidos da vida em sociedade. No cinema, ela chegou paralisando filmagens e lançamentos e, no caso do Brasil, agravando uma situação que já estava se desenvolvendo, com pouca liberação de fundos e recursos para o audiovisual nacional.



Vendo nessa lacuna uma oportunidade de ajudar a indústria, o Projeto Paradiso, o Brazilian Content e o Cinema do Brasil se juntaram para criar o Show Me The Fund, um mapeamento dos principais fundos de incentivo ao cinema espalhados pelo mundo para que nossos produtores pudessem ter acesso a diversas oportunidades de auxílio, em qualquer parte do ciclo de desenvolvimento de um projeto.

“Nosso papel é de informação qualificada, queremos facilitar o trabalho do produtor, não podemos fazer o trabalho, não podemos investir no filme dele, mas podemos mostrar caminhos”, explicou Josephine Bourgois, diretora executiva do Projeto Paradiso, em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor.

Para isso, houve parceria com o Latam Cinema, um coletivo de jornalistas uruguaios que pesquisa justamente esse âmbito de fomento do mercado audiovisual. Surgiram logo de cara 50 fundos que juntos somam um montante de US$10 milhões.  O material foi divulgado inicialmente em formato de PDF, que contou com 5 mil downloads já num primeiro momento, somando mais de 6 mil downloads até o momento.

Dada a alta procura, os profissionais envolvidos no projeto sentiram que havia a necessidade de dar um passo à frente com o mapeamento. Então, foi lançada hoje uma plataforma interativa com estes dados, dando a oportunidade para o produtor pesquisar por meio de filtros de acordo com seu interesse, além de salvar seus fundos favoritos. O site pode ser acessado neste link: http://showmethefund.co/mapa-de-fundos/

“Há a navegabilidade, usabilidade, o produtor pode encontrar exatamente o que ele está procurando. Depois ele vai acessar essa informação sempre no mesmo lugar. É um trabalho em desenvolvimento, então, estamos superabertos para sugestões, comentários, e ir aprimorando o site. É uma ferramenta de colaboração. Mandamos para alguns produtores para eles testarem e mandar feedbacks, mas sabemos que podemos melhorar no caminhar”, ressaltou Josephine.

Para isso há uma força tarefa trabalhando para manter a ferramenta sempre o mais atualizada possível e, assim, fortalecer esse objetivo de criar pontes entre os nossos realizadores e fundos internacionais, muitos deles sempre em busca dos talentos brasileiros, tão evidentes. Além disso, o mapeamento tenta trazer uma oferta plural de oportunidades, para todos os tipos de projetos, em qualquer fase de desenvolvimento e trazendo os fundos mais conhecidos, até os menos populares, que ainda não foram tão explorados no Brasil.

“É um jeito de ajudar o lugar a conquistar seu lugar no mundo, claro, é uma ferramenta que gera emprego, trabalho, mas tem também o lado de Brasil no mundo nisso. É o que move as organizações envolvidas. A ideia é colocar esses produtores brasileiros onde eles merecem estar”, exaltou a idealizadora.

Outras fases

O Show Me The Fund ganhou rápido reconhecimento logo em seu lançamento, dada força e credibilidade das entidades envolvidas. Desta forma, rapidamente o projeto foi procurado por players do mercado que estavam buscando oportunidades de investimento. Foi o caso da Sony com o seu Sony Global Relief for Covid, em que a empresa procurou o fundo para investir US$400 mil na retomada segura aos sets de filmagem, foi então criado o fundo De Volta aos Sets, que dará um aporte de R$19 mil para as produtoras selecionadas usarem nos custos de materiais de segurança dos protocolos contra a Covid-19.

“Quando a gente recebeu essa notícia em dezembro, a sensação na época era de retomada. A gente sabe que tem um esforço adicional exigido das produtoras por causa dos protocolos, que está onerando das produtoras que estão descapitalizadas. É a pior sensação, porque vai custar mais caro e você tem menos grana”, comentou a executiva.

No entanto, logo em seguida houve agravamento da pandemia no Brasil, que entrou com medidas mais restritas, envolvendo, inclusive, as paralisações dos sets. Com isso, o projeto tomou a decisão de flexibilizar os prazos para entrega dos aportes, deixando disponível para todo o primeiro semestre do ano.

Além disso, Josephine divulgou em primeira mão ao Portal Exibidor a entrada do projeto em uma outra frente de ação, com presença em eventos e fóruns, justamente para encontrar investidores internacionais interessados no Brasil.  É o que já deve acontecer no fim deste mês no Festival Cinelatino, em que o Show Me The Fund participará de um painel falando sobre fundos franceses com interesse em encontrar projetos de audiovisual brasileiro.

“Às vezes a informação é o primeiro passo, não é o único, estamos tentando ir para fóruns de coprodução, ir atrás das oportunidades lá fora, de produtoras de fora interessadas no Brasil, para ajudá-los a acessar os projetos daqui. Devemos ir cada vez mais da informação para a ação”.

Futuro

Com todas as iniciativas do Show Me The Fund, fica evidente o quanto os projetos colaborativos devem ganhar destaque no futuro pós-pandemia. Como a própria Josephine ressaltou na conversa com o Portal Exibidor, essa foi uma mudança que já estava em curso, mas foi acelerada pela pandemia.

“A situação atual, é claro que o Brasil está dentro de um cenário global, então, é um fenômeno global, então, a solução vai ter que ser global. É lógico que temos aqui uns complicadores, mas acho que tem uma resiliência do cinema brasileiro, quando houve crises em outras épocas, o nosso audiovisual sempre se ergueu e alguns de nossos melhores filmes nasceram depois desses momentos.  Confio muito na resiliência, nos talentos do audiovisual nacional, na capacidade de resistência às mudanças indesejáveis e na capacidade de se reinventar e já estamos vendo esse movimento”, animou-se Josephine.

Ela ainda complementou enaltecendo mais ainda a força dos profissionais brasileiros e reforçando a necessidade de criar parcerias para sair desse momento: “Confio e acredito nessa capacidade do Brasil, acho que não vai sair disso sozinho, por isso a importância de buscar essas pontes. Coproduzir também é compartilhar soluções, os orçamentos também estão sendo cortados lá fora, o reflexo é protecionista”, finalizou.

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