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26 Julho 2021 | Amanda Luvizotto

Um Lugar Silencioso – Parte II: A retomada das características do terror clássico

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(Foto: Exibidor)

Depois de inúmeras remarcações devido à pandemia de covid-19, estreou no último dia 22 de julho nos cinemas brasileiros o filme Um Lugar Silencioso II. A sequência do primeiro longa-metragem de sucesso é distribuída pela Paramount Pictures e traz novamente John Krasinski como responsável pelo roteiro e direção.



O primeiro filme, lançado em 2018, foi um sucesso de crítica e bilheteria, ganhando o Oscar de Melhor Edição de Som em 2019. O elenco principal conta com Millicent Simmonds (portadora de deficiência auditiva também na vida real), Noah Jupe, Emily Blunt e o próprio Krasinski. A obra inovou ao mesclar elementos comuns ao terror e sci-fi ao mostrar um cenário pós-apocalíptico causado por invasões extraterrestres. Porém, seu sucesso deve-se à tensão latente e constante mantida por uma simples premissa: para sobreviver, os humanos não podem emitir sons pois os mesmos atraem as perigosas criaturas extraterrestres que agora vivem no planeta Terra. Desta forma, o diretor conseguiu encher as salas de cinema de público e do mais completo silêncio.

Um Lugar Silencioso II traz a responsabilidade de manter a qualidade da primeira obra, e acrescentar  elementos que novamente surpreendam o público. O roteiro, ainda centrado na família Abbott e em sua busca por sobrevivência, conta com novos desdobramentos e personagens - Cillian Murphy e Djimon Hounsou integram o elenco - prometendo uma experiência ainda mais apreensiva para os espectadores, com uso de jumpscares e a aclamada execução sonora já presente no primeiro filme.

John Krasinski se disse surpreso com a repercussão positiva da obra anterior, que acabou se tornando uma franquia. Fato é que o roteirista, ator e diretor fez um excelente trabalho ao revisitar características clássicas do terror adaptando-as à atualidade, atrelado à excelentes atuações, com destaque para Emily Blunt e a jovem Mllicent.

Krasinski não inovou ao produzir uma obra de gênero silenciosa; desde o Movimento Expressionista Alemão, cujo auge ocorreu na década de 1920, obras de terror silenciosas são encontradas, como o brilhante filme O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene, que usa de formas e cenários distorcidos para exprimir sentimentos de angústia e tensão. Krasinski também usa a estética de confinamento, já que a trama é centrada em uma única família e local, principalmente no primeiro filme. Tal dispositivo foi e é utilizado por diversos cineastas, do gênero de terror ou não, como Chantal Akerman, David Lynch e o polêmico Roman Polanski.

A franquia reúne uma série de elementos clássicos e contemporâneos de forma orgânica e inteligente, resultando em um excelente trabalho do diretor. Uma amostra de que o cinema de gênero vem se reinventando e revisitando nos últimos anos, proporcionando excelentes obras ao seu público.

Confiram Um Lugar Silencioso II, em cartaz nos cinemas de todo o país - favor checar a disponibilidade em sua cidade devido às medidas restritivas em virtude da pandemia de covid-19. Mantenha os cuidados básicos.

Amanda Luvizotto é Crítica de Cinema formada pela Academia Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, Arquiteta e Urbanista pela PUC-RJ, estudiosa da representação feminina no cinema, faz parte do Coletivo @3locadas e do grupo Mulheres no Terror.

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