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02 Agosto 2021 | Renata Vomero

Scarlett Johansson processa Disney e esquenta discussão sobre remuneração na era do streaming

Contrato da atriz previa bonificação em cima de bilheteria

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(Foto: Disney)

A Disney tomou a decisão neste ano de lançar parte de seus grandes títulos em formato simultâneo nos cinemas e no Disney+, com o Premier Access, entre estes filmes esteve Viúva Negra, que fez abertura global de US$158 milhões, sendo de US$80 milhões na América do Norte.

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Com os empolgantes resultados da bilheteria, a Disney abriu, pela primeira vez, o faturamento de estreia de um filme no Premier Access. Segundo os dados do conglomerado, Viúva Negra arrecadou US$60 milhões na plataforma. A informação mexeu com o mercado, deixando os exibidores bastante incomodados, tanto que alguns deles se recusaram a exibir o filme, que sofreu boa queda de bilheteria na segunda semana.

Mas, além disso, a informação mexeu com a estrela principal do longa: Scarlett Johansson. A atriz, que faz parte do MCU desde o início e é integrante principal dos Vingadores, assinou contrato que previa, além do cachê fixo, uma porcentagem em cima dos lucros de bilheteria do filme. A questão é que este contrato foi assinado antes da pandemia, quando o longa ainda estava previsto para estrear em abril de 2020 e não contava com esse formato simultâneo de lançamento.

Segundo dados da imprensa internacional, Scarlett teria perdido cerca de US$50 milhões com o formato adotado, o que fez a artista abrir processo contra a Disney por quebra de contrato. O grupo de advogados responsáveis pela defesa da atriz ainda afirmou que Scarlett temia este tipo de lançamento mesmo antes da pandemia, portanto, se assegurou com os executivos da Disney para que o formato tradicional fosse respeitado.

Em resposta, a Disney diz lamentar a ação movida pela atriz, afirmando ser um processo que não leva em conta todos os danos e perdas causados pela Covid-19. Ainda, com esta resposta, grupos ativistas de defesa das mulheres do audiovisual, como o movimento Time’s Up e Reframe, alegaram ataque de gênero contra Johansson, já que ela está apenas buscando um direito dela.

Essa batalha de gigantes pode ser um marco para Hollywood e abrir um novo precedente para os modelos contratuais atuais. É notório que a falta de transparência das plataformas de streaming vem incomodando agentes e artistas na hora de fechar contratos e remunerações e o modelo híbrido vem incomodando mais ainda por tirar a possibilidade de maior lucro na bilheteria, para a plataforma lucrar por si só com o serviço.

Essa é uma discussão que não teve início com Viúva Negra, o descontentamento foi generalizado entre os talentos que tinham filmes previstos para os cinemas com a Warner, que anunciou lançamento híbrido com a HBO Max em 2021.

Por conta disso, diversos cineastas se posicionaram contra a decisão, incluindo Christopher Nolan e Denis Villeneuve, que tem Duna programado para este ano. O lançamento que inaugurou esta estratégia foi Mulher-Maravilha 1984, lançado no fervor da pandemia, quando os exibidores abertos precisavam de um forte título nas telonas.

A decisão incomodou bastante a diretora Patty Jenkins e a atriz Gal Gadot. Segundo a imprensa internacional, ambas teriam recebido um adicional de US$10 milhões para que aceitassem que o filme fosse lançado junto à HBO Max.

Até mesmo John Krasinski e Emily Blunt teriam ficado descontentes com a decisão da Paramount de lançar Um Lugar Silencioso – Parte II no Paramount+ 45 dias depois do lançamento nas telonas. Da mesma forma que aconteceu com Viúva Negra e Mulher-Maravilha 1984, o contrato do filme foi definido antes da pandemia. Não se sabe se houve algum tipo de renegociação.

Depois da notícia da ação de Scarlett Johansson, Gerard Butler também abriu processo contra os produtores de Invasão à Casa Branca, mas por motivos um pouco diferentes, no entanto. Segundo a equipe jurídica do ator, as empresas Nu Image e Millennium Films negociaram bonificações de acordo com a bilheteria do filme, no entanto, teriam omitido alguns faturamentos do longa, causando perdas ao artista. Butler está pedindo pagamento de US$10 milhões.

Voltando ao Disney+, o processo de Scarlet teria também motivado Emma Stone a considerar fazer o mesmo. Ela foi a protagonista de Cruella, lançado neste mesmo modelo. No entanto, a Disney não divulgou o faturamento de estreia do filme no Premier Access.

Somado a isso também, Emily Blunt, que estrela o recém-lançado Jungle Cruise ao lado de Dwayne Johnson, também estaria cogitando entrar com ação contra a Disney. Neste caso, a empresa anunciou o faturamento de US$30 milhões com o Premier Access. O ator Dwayne Johnson não pretende processar a empresa.

Com todos estes casos, fica evidente que novos capítulos devem surgir dessas histórias. Mais ainda, o processo de Johansson pode abrir um precedente histórico, forçando as empresas a reavaliarem também os negócios contratuais com os talentos e, mais ainda, reavaliar, a partir deste cenário, o quanto vale a pena manter o formato híbrido – e sem transparência de resultados.

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