Exibidor

Publicidade

Notícias /mercado / Retomada

09 Novembro 2021 | Renata Vomero

Renata de Almeida faz balanço desta edição da Mostra de SP: "A marca deste ano é a retomada"

Voltando a ocupar a cidade, evento conseguiu reunir cinéfilos da cidade

Compartilhe:

(Foto: Mario Miranda Filho)

Terminou em 3 de novembro a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, marcada pela volta do público cinéfilo ao cinema. O evento contou com programação híbrida recheada de filmes inéditos, que se destacaram nos principais festivais do mundo e trouxeram um retrato apurado do momento atual, títulos estes que se mostraram essenciais para este momento de reencontro.

Publicidade fechar X

Diante dos desafios da pandemia e depois de desenvolver o evento inteiro em formato online, com menos patrocínios, em 2020, coube à Renata de Almeida, diretora da Mostra e sua equipe, se desdobrarem para atrair o público com a certeza da segurança dos cinemas e também dar maior acesso ao cinema independente por meio do online.

“A gente fez essa resolução de voltar para as salas sem um correspondente de aumento de patrocínio. Sofremos um corte ano passado e esse corte perdurou. Conseguimos fazer, mas foi mais tenso, de muito trabalho, porque mantivemos o online. Quando a gente viu, teve que fazer a Mostra Play de novo. Isso já encampou mais trabalho, mais equipe. A parte física também, a gente tinha esquecido de quanto trabalho desencadeia, tem uma pessoa para soltar a legenda, os monitores. Foi trabalho dobrado”, explicou Renata de Almeida, em entrevista ao Portal Exibidor.

Desta forma, tendo abertura em 20 de outubro nos principais cinemas de rua da cidade, a Mostra se reposicionou como ponto de encontro da cinefilia paulistana, mas este ano com um sabor que vai além do que é exibido em tela (inclusive, filmes de grande qualidade).

Exato, primeiro ano presencial depois de quase dois anos sem acontecer no espaço físico, a 45ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo representou a volta de um público que não tinha retomado para esta atividade tão querida.

“Foi simbólico. A gente ainda não fez uma análise do público este ano, mas tinha uma restrição, porque a maioria das salas trabalhou com 50%. Por outro lado, acho que isso foi muito importante para dar confiança para as pessoas, assim como o pedido de apresentação do comprovante vacinal. As pessoas que consomem mais cinema comercial já tinham voltado para as salas, quem não tinha voltado ainda era mais esse público de cinema independente e o que vi foi ver esse público voltando e com ele vieram novas pessoas”, ressaltou.

E aí entra uma das questões mais importantes e que estão no DNA do evento: as salas de cinema. E aqui falamos dos cinemas de rua que trabalham com uma programação voltada ao cinema independente ou de arte, sendo estes alguns dos setores mais impactados pela pandemia.

Renata, neste ponto, acredita que a Mostra teve um papel fundamental ao conectar de volta o público com este espaço, já que agora que ganharam confiança, devem seguir frequentando estas salas.

“A marca deste ano é a retomada. De alguma maneira ajudou os cinemas, eles melhoraram, as pessoas realmente voltaram. Os filmes que estavam em cartaz já estão performando melhor do que antes.  As salas de cinema são parceiras da Mostra, com a pandemia o setor de exibição foi um dos que mais sofreu.  Era uma obrigação nossa voltar para as salas, mesmo que nenhum outro evento tivesse voltado, claro que seria mais econômico e menos trabalhoso. Acho que a gente devia isso e a Mostra é da cidade, a gente devia isso para a cidade. Não é só o cinema, é o comerciante do lado, o café, o restaurante”, reforçou.

E aí entra uma outra questão que também é parte do DNA do evento e que Renata colocou tão bem em sua fala acima: a ocupação da cidade. Inclusive, porque a Mostra leva o nome de São Paulo consigo.

Desta forma, neste ano a programação contou com exibições em dois espaços que representam tão bem o significado de ocupar a cidade: o Vão Livre do Masp e o Vale do Anhangabaú, este último contou com duas sessões, além do encerramento, e foi utilizado pela primeira vez pela organização.

“A Mostra tem essa tradição de ocupar a cidade, acho que é muito importante que a gente ocupe, frequente os lugares, ande. Queríamos descobrir um lugar novo, fomos o primeiro evento a usar o Vão Livre do Masp, há quinze anos, sempre andamos pela cidade”, afirmou a diretora da Mostra.

Tudo isso se somou a uma programação muito bem desenhada, que chegou ao público trazendo reflexões sobre o isolamento e as relações humanas. Com essa trinca de salas de cinema, ocupação da cidade e programação, a Mostra ganhou uma força imensa, sendo difícil não ver quem não estava atento a ela, algo que chega com uma camada a mais para a organização, um gás para continuar trazendo bons conteúdos aos espectadores e exibidores.

“A Mostra provou até isso, que as pessoas sentem falta do reencontro, não querem só ficar em casa. O cinema é o filme em si, é o reencontro, a conversa, o ritual, ocupar a cidade. Acho que isso vai sempre mantendo os cinéfilos e trazendo novos. No dia que a Mostra não for mais interessante para o público, ela acaba. Enquanto tiver público ela insiste e persiste. Depende de quem vai e dos patrocínios, são duas coisas que sempre precisamos prestar atenção”, finalizou Renata, que embora se dando um pouco de descanso depois do fim do evento, já começa a se preparar para o que vem na próxima edição.

Clique abaixo para ver ampliado:

Compartilhe:

  • 1 medalha