Exibidor

Publicidade

Notícias /mercado / Análise

27 Abril 2022 | Renata Vomero

Definição de janela de exibição e pirataria entram no centro do debate na CinemaCon22

"Lançamento simultâneo está morto como um modelo de negócios sério", disse John Fithian

Compartilhe:

John Fithian em apresentação na CinemaCon21 (Foto: CinemaCon)

A CinemaCon 2022 está de volta a todo vapor. Com a casa cheia, a convenção se estabelece neste ano como importante momento de se analisar um futuro que, apesar de ainda incerto, é agora mais próximo e palpável.

Publicidade fechar X

Em sua tradicional e sempre aguardada apresentação: The State of The Industry, da NATO, liderada pelo presidente John Fithian, a associação pontuou muito bem o que tem sido o tom das conversas e são pontuações extremamente relevantes que giram em torno da janela entre cinema e streaming e sua ligação direta com a pirataria, sempre sendo destacada como uma das maiores – senão a maior -  vilãs da indústria e como podemos ver, de ponta a ponta.

Aqui a gente consegue destrinchar isso com bastante facilidade, tendo em vista que um dos marcos da pandemia foi o encurtamento – ou eliminação – da janela de exibição. Quanto mais rápido uma versão está disponível no digital mais forte será seu grau de pirataria. Neste caso, não é difícil prever que o número de pirataria de filmes aumentou consideravelmente durante pandemia.

Esse tema foi justamente o destaque da apresentação da MPA, com Charlie Rivkin, presidente da associação que representa os grandes estúdios de Hollywood. Para ele, esta tem que ser uma das grandes prioridades neste momento, entendendo que a pirataria prejudica tanto os donos de cinemas, quanto os próprios estúdios, que perdem em ingressos e assinaturas de streaming, sem contar na acelerada desvalorização das propriedades intelectuais.

Quando falamos em bilheteria, portanto, fica mais evidente sua relação indireta com a pirataria. Neste ponto, John Fithian é certeiro: “Uma janela robusta de cinema é uma grande proteção contra pirataria. Se um filme que as pessoas querem muito assistir nos cinemas chega rapidamente em casa pelo streaming ou VOD, ele será pirateado na mesma velocidade, isso faz com que as pessoas tenham mais impulso em ficar em suas casas para consumirem estes conteúdos desta forma”.

E ele cita a MUSO, empresa que trabalha neste monitoramento de pirataria, e que no início do ano lançou relatório apontando que os filmes mais pirateados foram justamente aqueles disponibilizados simultaneamente no streaming. Entre eles Viúva Negra, um dos grandes cases sobre o assunto, já que estima-se perda milionária de bilheteria por conta do lançamento híbrido – o que gerou até processo por parte de Scarlet Johansson – e depois uma nova análise apontou para uma perda de cerca de US$600 milhões por downloads ilegais, já que foi pirateado em torno de 20 milhões de vezes. Estamos falando aqui de um filme que fechou sua bilheteria global em cerca de US$380 milhões.

Com isso, também fica claro para a NATO o quanto não é saudável o modelo de lançamento simultâneo. “Este formato está morto como um modelo de negócios sério”.  Dito isto, está evidente pelas conversas e apresentações dos estúdios que o cinema voltou a ser o queridinho da indústria, inclusive para impulsionar os números do streaming, como bem provou Batman em sua recém chegada na HBO Max, batendo recordes de visualização, mesmo com relação aos títulos lançados junto ao cinema.

Neste sentido, filmes como Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (Sony) e Sonic 2 – O Filme (Paramount) estão provando que o público está sedento por boas experiências nos cinemas, o primeiro é aquele fã de filme evento, um sucesso consolidado. O segundo mostra a volta das famílias para os cinemas, um público extremamente aguardado e acompanhado de perto pelos estúdios.

Aí fica o enaltecimento ao line-up dos estúdios, com datas consolidadas – ufa! – para os cinemas, todos com um cardápio variado com grandes blockbusters, mas também com filmes de médio orçamento, que devem ganhar força na telona.

Com isso, o que Fithian diz é claro e óbvio, porém precisa ser sempre repetido: “mais filmes resultam em maior bilheteria”. E é este o espírito de 2022, chegar a números de bilheteria que se aproximem dos valores de pré-pandemia.  E reforçando, é justamente neste tom que o estúdios estão vindo com suas apresentações grandiosas de line-up e mais: o número de profissionais atendendo ao evento também são uma forte amostra disso.

Compartilhe:

  • 4 medalha