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01 Fevereiro 2023 | Yuri Codogno

Após reformulação, Warner apresenta o novo planejamento do DC Universe

Prezando pela qualidade do produto, nada será rodado antes do roteiro estar 100% concluído

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(Foto: Divulgação)

Há dez anos foi dada a largada para o início do Universo Estendido da DC. Com o lançamento de O Homem de Aço - que teve quase US$ 700 milhões arrecadados globalmente e fãs elogiando a produção -, parecia ser apenas uma questão de tempo para se tornar a mais nova franquia de sucesso de Hollywood. 

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Mas, na prática, o que vimos foi bem diferente. Entre os onze lançamentos para as telonas, apenas seis obtiveram bons resultados. Enquanto o filme do Super-Homem, Mulher-Maravilha, Aquaman, Shazam!, Aves de Rapina e O Esquadrão Suicida encontraram seu espaço (seja por crítica ou caindo no gosto dos fãs) na indústria, o resto se tornou totalmente esquecível.

Entretanto tal cenário pode estar prestes a mudar, porque se depender do novo planejamento da Warner, a DC finalmente terá o seu tão sonhado universo estendido, agora batizado de DCU. As informações são dos portais IndieWire, Deadline, Variety e Hollywood Reporter.

Contextualizando, pouco depois de assumir o cargo de CEO da Warner Bros. Discovery, David Zaslav afirmou a importância da DC ter uma equipe com plano de dez anos focada na franquia, agrupando todas as produções de baixo do mesmo teto. O objetivo era melhorar a organização e, assim, aumentar a qualidade dos filmes e séries, à medida que diminui o número de produções. Um dos mais famosos exemplos dessa procura por equilibrar as contas é o cancelamento de Batgirl, longa que já estava pronto para ser lançado na HBO Max. 

Você pode ler mais sobre o assunto aqui.

Como foi anunciado há meses, a Warner designou James Gunn e Peter Safran como chefes do DCU e deu carta-branca para que os cineastas reestruturassem todo esse braço da empresa. Em troca, ambos pediram apenas uma coisa: tempo para trabalhar os roteiros. “As pessoas ficaram em dívida com as datas de lançamento de filmes. Eu sou um escritor de coração e não vamos fazer filmes antes que o roteiro esteja pronto. E se isso significar que nosso plano vai mudar um pouco, isso vai acontecer”, contou Gunn em anúncio feito à imprensa ontem (31), em que detalhou, junto a Safran, os planos para o DCU. 

Os cineastas comentaram que os responsáveis pela antiga gestão da DC “estavam apenas distribuindo propriedade intelectual como se fossem lembrancinhas para qualquer criador que sorrisse para eles”. Apesar dos novos projetos já terem sido anunciados (e você pode conferir cada um no final da matéria), até o momento nenhum nome envolvido com as produções foi escolhido. “Não vamos investir centenas de milhões de dólares em um filme em que o roteiro está apenas dois terços pronto e temos que terminá-lo enquanto estamos rodando o filme. Eu já vi isso acontecer de novo e de novo e é uma bagunça. E acho que é a principal razão para a deterioração da qualidade dos filmes hoje em comparação com 20 a 30 anos atrás”, completou Gunn.

Inclusive, uma sala de roteiristas foi formada para montar o storytelling geral das histórias que serão lançadas nos próximos dez anos, de modo que as produções, mesmo que sejam independentes umas das outras, tenham conexões.

Antes, não era bem assim: Gunn ressaltou como a história da DC é bastante confusa, desde as séries do Arrowverse, passando por duas versões de Liga da Justiça e até mesmo incluindo O Esquadrão Suicida e a série Pacificador, ambos dirigidos pelo próprio James Gunn. “Pegamos uma marca que estava meio caótica e é uma oportunidade de construir um estúdio autônomo extraordinário com a melhor propriedade intelectual e histórias do mundo”, disse Peter Safran.

Apesar de tamanho planejamento, Gunn enfatizou que o plano não é fazer uma Marvel 2.0. Na verdade, não é nem mesmo o Gunnverse, onde James Gunn iria sobrepor sua própria marca nos próximos 10 anos de filmes de super-heróis da DC. Gunn e Safran explicaram que, embora haja uma história interconectada que percorre todos os projetos, eles estão pensando de forma mais organizacional, deixando um legado da DC para a DC.

Exemplo é que Safran e Gunn, enquanto estiverem à frente do DCU, irão trabalhar os projetos individualmente, encaixando-os especificamente em gêneros. Mesmo sendo filme ou série de heróis, eles terão públicos-alvos definidos por seus gêneros. Exemplo é Mulher-Maravilha como um longa de guerra/drama e O Esquadrão Suicida sendo uma comédia.  

Mesmo com a ideia de não fazer uma Marvel 2.0, Gunn admite ter seguido algumas dicas de Kevin Feige, presidente da Marvel Studios. Haverá um foco em engrandecer personagens menores, como a Marvel fez com Homem de Ferro e o próprio Gunn fez com Guardiões da Galáxia. “Uma de nossas estratégias é pegar nossos personagens de diamante – que são Batman, Superman, Mulher Maravilha – e usá-los para sustentar outros personagens que as pessoas não conhecem”, explicou Gunn. Safran acrescentou: “Para transformar essas propriedades menos conhecidas nas propriedades dos diamantes de amanhã”.

Indo de encontro ao planejamento, além de trabalhar com filmes e séries, a dupla de cineastas também irá supervisionar outros lançamentos audiovisuais, como animações e até mesmo videogames. E tudo estará, de uma forma ou de outra, interligado, ao mesmo tempo que sempre funcionará como produções independentes. 

E aqui é importante falar sobre o Batverso comandado por Matt Reeves e outras produções que não estarão conectadas ao DCU. The Batman Part II - que tem estreia prevista nos cinemas para outubro de 2025 -, por exemplo, continuará fora desse universo, assim como o próximo longa do Coringa, de Todd Phillips. Gunn anunciou que qualquer filme ou série de televisão da DC que se passa fora do universo principal receberá a etiqueta “DC Elseworlds”, exatamente como a DC Comics funciona. A série de animação em produção Teen Titans Go!, assim como um filme separado do Superman produzido por J.J. Abrams e escrito por Ta-Nehisi Coates, também ganharão este selo.

Nesse ponto, o leitor pode estar se perguntando: “e os filmes da DC que estão programados para este ano?”. Nas palavras de Safran: “Tivemos muita sorte de ter herdado esses próximos quatro projetos”. Ou seja, os lançamentos de 2023 entraram no planejamento de Gunn/Safran, mas de maneira diferente do que o imaginado. Os acontecimentos de Shazam 2 levarão aos de The Flash, que por sua vez segue para Besouro Azul e naturalmente irá fluir para Aquaman 2. E tudo isso irá culminar em um novo filme do Superman, sem Henry Cavill e que marcará a estreia nas telonas da nova fase da DC. 

O que nos leva a outro ponto polêmico: as estrelas. Como anunciado, The Rock e Henry Cavill não fazem parte dos planos do DCU. “Nós não demitimos Henry. Henry nunca foi escalado. Para mim, é sobre quem eu quero escalar como Superman e quem os cineastas [que vão desenvolver o filme] querem escalar? E para mim, para esta história, não é Henry. Eu gosto de Henry, acho que ele é um cara legal. Acho que ele está sendo enganado por muitas pessoas, incluindo o antigo regime desta empresa. Mas o novo Super-Homem não é Henry, por várias razões”, comentou Gunn. 

O cineasta ainda afirmou que, além dos que já foram demitidos, nenhum outro ator foi oficialmente desligado da DC. Inclusive, os quatro protagonistas dos filmes de 2023 podem retornar aos seus papéis nos projetos do DCU no futuro, assim como Gal Gadot pode continuar sendo a Mulher-Maravilha. “Não há nada que proíba que isso aconteça”, disse Gunn. 

Outro ator que merece um parágrafo à parte é Ezra Miller, que passou o ano de 2022 envolvido em graves polêmicas. Entretanto, Peter Safran diz que o grupo confia no intérprete de Flash: “Ezra está totalmente comprometido com sua recuperação. Apoiamos totalmente a jornada em que está agora. Quando for a hora certa, quando ele [e sua família] estiverem prontos para essa discussão, todos nós descobriremos qual é o melhor caminho a seguir. Mas agora, eles estão completamente focados em sua recuperação. E em nossa conversa com eles, nos últimos meses, parece que eles estão fazendo um enorme progresso”.

E as notícias boas para The Flash não param por aí, visto que James Gunn tem uma opinião forte sobre o filme: “Vou dizer aqui que Flash é provavelmente um dos maiores filmes de super-heróis já feitos”. 

NOVAS PRODUÇÕES (em provável ordem de lançamento):

Creature Commandos: Uma série animada de sete episódios, escrita por Gunn, que já está em produção. O conceito da obra é: uma equipe de monstros reunidos para lutar contra os nazistas. Os dubladores ainda não foram escalados, mas os executivos estão em busca de pessoas que possam dublar os personagens animados e também retratar as versões live-action quando os anti-heróis aparecerem em filmes e séries.

Waller: Em um spin-off da série Pacificador, Viola Davis retornará como a chefe implacável e moralmente ambígua de uma força-tarefa do governo. Está sendo escrito por Christal Henry (Watchmen) e Jeremy Carver, o criador da série Doom Patrol.

Superman: Legacy: O filme do Homem de Aço que está sendo escrito por James Gunn - e com possibilidade do cineasta assumir a direção. Enquanto os dois títulos anteriores devem ser “aperitivos”, nas palavras de Safran, Superman é o verdadeiro pontapé inicial para os planos da dupla no DCU. “Não é uma história de origem. Ele se concentra no Super-Homem equilibrando sua herança kryptoniana com sua educação humana. Ele é a personificação da verdade, da justiça e do jeito americano. Ele é bondade em um mundo que pensa que bondade é antiquado”, comentou Safran. O filme está previsto para 11 de julho de 2025 - no Brasil, deve estrear um dia antes, caso os planos não mudem.

Lanternas: a antiga série dos Lanternas Verdes de Greg Berlanti foi descartada. Em seu lugar, haverá uma nova versão dos policiais espaciais que usam poderosos anéis como armas. “Nossa visão para isso é muito parecida com True Detective”, descreveu Safran. A série contará com os proeminentes heróis Hal Jordan e John Stewart e é um dos shows mais importantes que a DCU tem em desenvolvimento. “Isso desempenha um papel muito importante na condução da história principal que estamos contando no cinema e na TV”, concluiu o cineasta.

The Authority: Um filme baseado em uma equipe de super-heróis com métodos bastante extremos de proteger o planeta. “Uma das coisas do DCU é que não é apenas uma história de heróis e vilões”, disse Gunn. “Nem todo filme e programa de TV será sobre mocinhos contra bandidos ou coisas gigantes que vêm do céu e mocinhos vencem. Há chapéus brancos, chapéus pretos e chapéus cinzas”. Safran acrescentou: “Eles são como Jack Nicholson em Questão de Honra. Eles sabem que você os quer na parede. Ou pelo menos eles acreditam nisso.”

Paradise Lost: A dupla descreve esta série da HBO Max como um drama no estilo Game of Thrones ambientado em Themyscira, ilha que é o local de nascimento de Diana Prince. Cheio de intrigas políticas e conspirações entre poderosos, ocorre antes dos eventos dos filmes da Mulher Maravilha. Gal Gadot é cotada para reassumir sua personagem.

The Brave and the Bold: “A introdução no DCU de Batman, de Bruce Wayne e também apresenta nosso Robin favorito, Damian Wayne, que é um filho da puta”, como contou James Gunn”. O filme irá se inspirar no clássico Batman escrito por Grant Morrison, que apresentou Batman a um filho que ele nunca soube que existia: um adolescente assassino criado por assassinos. “É uma história muito estranha de pai e filho”, concluiu o cineasta. Lembrando que esse não será o Batman interpretado por Robert Pattinson.

Booster Gold: uma série da HBO Max baseada em um herói único e menos conhecido. Safran disse: “É sobre um perdedor do futuro que usa a tecnologia básica futurista para voltar ao presente e fingir ser um super-herói”. Gunn descreveu isso como "síndrome do impostor como super-herói".

Supergirl: Woman of Tomorrow: Seguindo as dicas da recente minissérie escrita por Tom King, este filme promete uma visão diferente do que a maioria pensa quando a prima do Super-Homem vem à mente. “Veremos a diferença entre o Superman, que foi enviado à Terra e criado por pais amorosos desde criança, contra a Supergirl, criada em uma rocha, um fragmento de Krypton, e que assistiu todos ao seu redor morrerem durante os primeiros 14 anos de sua vida e depois veio para a Terra. Ela é muito mais hardcore e não a Supergirl a que estamos acostumados”, disseram os cineastas.

Monstro do Pântano: Um filme de terror que promete encerrar o primeiro capítulo do DCU.

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