15 Novembro 2023 | Yuri Codogno
Com uma ótima história que entretém do início ao fim, "Ó Paí, Ó 2" também é uma forte reflexão do Brasil atual
Produção entra em cartaz no dia 23 de novembro, em alusão ao mês da Consciência Negra
Separados por mais de 15 anos, mas unidos pelo desejo de uma nova história no Pelourinho e pelo apelo do público, Ó Paí, Ó 2 (H2O Films) está chegando às telonas com a promessa de novamente, após o sucesso de 2007, encantar o Brasil. Programado para entrar em cartaz no dia 23 de novembro, o filme continua com grande parte dos personagens e elenco original, mas agora com foco em outras questões do bairro de Salvador.
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Em entrevista coletiva online realizada no início desta semana, atores e equipe técnica de Ó Paí, Ó 2 comentaram um pouco sobre as expectativas para o lançamento. Estiveram presente: a diretora Viviane Ferreira; o roteirista Elísio Lopes; os produtores Monique Gardenberg e Augusto Casé; e os atores Lázaro Ramos, Dira Paes, Tânia Toko, Luciana Souza, Valdineia Soriano, Cássia Valle, Jorge Washington, Clara Buarque e Vinicius Nascimento.
“A gente achou uma história. Não só conversamos entre nós, mas com quem está vivendo o dia a dia do Pelourinho. E nisso achamos um norte muito forte com Neuzão perdendo o bar. E tem muitas histórias dentro das histórias, é uma chanchada moderna, a gente tem música e humor, mas tem política e questões que são importantes para nós”, contou Elísio.
Na trama, Roque (Lázaro Ramos) se prepara para lançar sua primeira música e está confiante que irá, finalmente, alcançar a fama como cantor. Enquanto isso, o cortiço de Dona Joana (Luciana Souza) continua agitado em meio a fofocas e confusões entre os novos moradores e vizinhos. Tudo isso enquanto Neuzão (Tânia Toko) perde seu bar, causando uma comoção geral.
“É bacana porque [a história] tem um norte, mas é uma história multiplot porque todos os personagens são importantes. Então buscamos trazer o que eles estão enxergando”, completou Elísio, que aproveitou para destacar que o roteiro foi escrito coletivamente por ele, Daniel Arcades, Igor Verde e Viviane Ferreira, com colaboração de Luciana Souza, Rafael Primot e Bando de Teatro Olodum. “Todos os atores são criadores. A gente se encontrou para construir esse roteiro”, concluiu.
O Bando de Teatro Olodum, assim como no primeiro filme, é a alma da produção, colaborando não apenas com as atuações, mas criando a história e, antes de começar o argumento, ouvindo a própria população do Pelourinho, tradicional bairro de Salvador, para conhecer suas dores e captar o que seria importante retratar nas telonas.
Lázaro Ramos, que dá vida ao protagonista, ressaltou: “Sempre que volto ao Bando, me vejo com um menino de 15 anos de idade que começou a fazer teatro diante dos seus ídolos. E voltar para Ó Paí, Ó tem esse sentido para mim. Esses atores têm uma inteligência, cada inteligência criativa que criou um pedaço do Brasil. Aquilo que tem mais de lindo nesse filme é que foi com uma convocação do público, que não deixou a história morrer. É muito bom quando uma obra consegue se manter na vida das pessoas”.
“Ao receber a missão e convocação do Bando, procurei chegar devagarinho para ouvir a trajetória desse grupo. Entender que um dos grandes métodos que é encenado no Bando de Teatro Olodum é na crença na construção coletiva. Todas cenas e ferramentas destacadas que, juntas, retratam um pouco sobre nosso espírito desse filme. Falamos muito sobre como era importante ‘esperançar'. O país acabou de atravessar momentos muito difíceis e ‘esperançar’ é muito importante”, disse a diretora Viviane Ferreira.
Apesar de ser uma obra de ficção, ela utiliza o formato para contar questões atuais do Pelourinho que, como é dito na primeira cena do filme (e no trailer), são consequência do complexo momento que o Brasil passou durante os últimos anos. Com isso, abordar situações sociais é fundamental para o longa, que utiliza de seus personagens para discutir o racismo estrutural da sociedade (não por acaso está sendo lançado no mês da Consciência Negra), assim como o cotidiano da população comum daquela região - que vivem situações que podem ser estendidas para outras partes do Brasil.
“O Bando é esse coletivo e a gente tem um mote de falar de coisas que a gente acha que não está certo. E quando fomos tentar fazer em 2018, era uma quadro. E agora é um quadro totalmente novo”, explicou Jorge Washington, ressaltando como a ideia de buscar uma discussão atual prevaleceu durante toda a produção do filme.
O resultado pode ser conferido nos quase 90 minutos de tela, que são muito bem aproveitados e, além de darem sequência aos acontecimentos do filme anterior, desenvolvem cada um dos plots e os encerra até o fim, não deixando nada em aberto. A mesma situação ocorre com o subtexto da produção, que consegue passar mensagens enquanto contribui com o andar da história.
“O filme é uma conexão de pessoas que se identificam. Essa conexão é o começo de tudo e vejo que Ó Paí, Ó 2 mostra a dinâmica da vida, mas sempre de aqueles que estão precisando um dos outros. O filme se perpetua e sempre foi atual. Esse Bando já pode se orgulhar de ter feito várias colheitas, porque é um Bando que semeia o futuro”, disse Dira Paes.
Além dos nomes citados antes, Ó Paí, Ó 2 conta com participações de Russo Passapusso (BaianaSystem), Margareth Menezes, Tiganá Santana, Guiguio Shewell, Pierre Onassis, Nininha Problemática, Attooxxa e Alana Sarah.
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