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20 Dezembro 2023 | Renata Vomero

"O ano dos sonhos": Hernán Viviano fala sobre atuação de Warner e Universal em 2023

Distribuidoras celebram fenômeno Barbieheimer, maior bilheteria do ano, com “Barbie”, e 48% de market share

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(Foto: Mariana Pekin)

Definitivamente a Warner e a Universal têm muito a celebrar em 2023. Com Barbie na liderança da bilheteria do ano do país (e do mundo!), diante de mais de 10 milhões de ingressos vendidos e R$207,1 milhões em renda, a Warner entregou um sucesso não só em números, mas em relevância cultural, como a distribuidora também gosta de destacar. É, sem dúvida, o filme do ano.

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“Foi o tsunami cor de rosa como falamos aqui (risos). Foi um fenômeno! E falando especificamente do Brasil, Barbie conversa muito bem conosco, melhor do que outros países. Por muitas questões culturais, o Brasil gosta de abraçar mais essas causas, esses tipos de filmes inovadores, diferentes, únicos e, como falo, relevantes e necessários. Quando uma coisa vira moda, o brasileiro vai, não pode ficar de fora da conversa”,  destacou Hernán Viviano, diretor-geral da Warner e Universal no Brasil, em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor.

Junto à Universal, este triunfo se estende ao fenômeno  “Barbieheimer”, com Oppenheimer estreando na mesma data.  Diferente do que muitos poderiam pensar, ao invés de dividir o público, a dupla inusitada teve uma sinergia muito saudável, garantindo maratonas e double features, sem contar a enxurrada de memes e brincadeiras nas redes.

Havia um tempo que o cinema não via algo como isso e as multidões dentro das salas garantiram excelentes resultados no Brasil e no mundo. Por trás disso, a Warner e a Universal se beneficiaram das equipes conjuntas para garantir assertividade na campanha, no planejamento e na programação.

“Qual é o único trabalho que o distribuidor tem que fazer? Que o público saiba que um filme é lançado nas telonas. Depois já não é mais nosso. Quando lança, o filme é do público. Todo mundo sabia que os filmes estavam lá, foi um ótimo trabalho da Warner e Universal, depois foi o próprio público que escolheu assistir e aproveitar os filmes. Nós, do lado de programação, fizemos um ótimo trabalho com os exibidores para encaixar sessões dos dois filmes na sequência, assim o público conseguia fazer as maratonas”, ressaltou Viviano.

Para além dos excelentes resultados com os dois filmes, Warner e Universal também comemoram um ano de boas entregas e grande variedade de títulos para as audiências, que corresponderam comparecendo nas salas escuras. Com isso, as duas distribuidoras somam mais de 54 milhões de ingressos vendidos, R$1,1 bilhão em bilheteria e 48% do market share. E o ano ainda não acabou, inclusive, hoje a Warner lança Aquaman 2: O Reino Perdido, filme cercado de boas expectativas.

“Foi o ano dos sonhos, aquele ano inesquecível, que vamos lembrar por muito tempo”, definiu o executivo, sempre enaltecendo o trabalho em parceria com os exibidores, dos quais relata não fazer distinção, trabalhando por igual com cada um, seja de circuito grande, seja de uma sala só.

“Achamos que essa é a receita do sucesso e, se não for a receita do sucesso, a gente está entregando a melhor possibilidade para que todos os cinemas do Brasil, que ainda precisa de muito mais salas, possam ficar abertos e desempenhando melhor com cada um de nossos filmes”, afirmou Viviano, que também destaca como um diferencial terem apresentado filmes originais, que parece ser para onde o apetite dos consumidores está direcionado.

E esta é uma parte muito relevante, por questões óbvias, mas também porque a indústria ainda enfrenta incertezas e instabilidades, o que se mostra na queda dos números para gêneros antes consolidados e, por outro lado, nas surpresas positivas que tivemos em 2023, em especial para Barbie e Oppenheimer, mas também para filmes como O Gato de Botas 2, M3gan, Super Mario Bros. – O Filme, Wonka, entre tantos outros títulos.

E de olho nos dados que mostram quem é esse consumidor, a Warner e a Universal se preparam para entregar um 2024 que seja tão doce, kenergético e bombástico quanto foi 2023, com filmes que já figuram na lista dos mais esperados do ano e que chegam com fortes promessas, como Patos, Duna – Parte II, Furiosa, Kung Fu Panda 4, Meu Malvado Favorito 4, Godzilla vs. Kong, entre muitos outros.

“Temos opções para todos os públicos, filmes novos, diferentes, além de franquias. Temos muito trabalho pela frente”, disse Hernán, que ainda complementou sobre o fechamento de 2023, em agradecimento aos exibidores: “Não foi um ano da Warner e da Universal, foi um ano de todos nós juntos. Nós, sem os exibidores, não somos absolutamente nada, agradecemos a cada um deles, não só das matrizes, mas quem está na bilheteria, bombonière, fazendo a limpeza, na cabine de projeção. Para cada um deles, o nosso maior agradecimento em nome de todos nós da Warner e Universal”, finalizou.

Avaliando os dez filmes mais assistidos do ano pelo Observatório Brasileiro do Cinema e Audiovisual (OCA), da Ancine, cinco deles são da Warner ou Universal. No ranking estão: Barbie (10,6 milhões de ingressos), Super Mario Bros. –  O Filme (6,5 milhões), Velozes e Furiosos 10 (6,4 milhões), O Gato de Botas 2: O Último Pedido (5,2 milhões) e Oppenheimer (2,93 milhões).

Confira a entrevista com Hernán Viviano na íntegra:

Barbie foi a maior bilheteria do ano no Brasil e no mundo, ao que você atribui o sucesso do filme e quais são os pontos altos do trabalho da Warner neste lançamento?

Bom, primeiro de tudo, Barbie é um filmaço. É um filme diferente, aborda questões muito necessárias, é um filme relevante e para todo mundo. Foi uma combinação ótima, com uma data excelente, já que lançamos em meados de nossas férias de inverno. O filme se tornou um evento cultural, porque ele não foi só um filme. Nós visitamos cinemas de shoppings de todo Brasil e os shoppings estavam fantasiados de cor de rosa, recebemos ligações de shoppings que nem têm parceria conosco, solicitando autorização para colocar Barbie no shopping e para fecharmos parcerias totalmente fora da curva. Pela primeira vez fizemos cabines de imprensa e sem solicitarmos nada, os jornalistas chegaram fantasiados de rosa. Os exibidores também.

Foi a onda rosa...

Foi o tsunami cor de rosa como falamos (risos). Foi um fenômeno! E falando especificamente do Brasil, Barbie conversa muito bem conosco, melhor do que outros países. Por muitas questões culturais, o Brasil gosta de abraçar mais essas causas, esses tipos de filmes inovadores, diferentes, únicos e, como falo, relevantes e necessários. Quando uma coisa vira moda, o brasileiro vai, não pode ficar de fora da conversa, pode ser A Fazenda, o Big Brother ou Barbie. Virou um fenômeno cultural brasileiro, [o público] precisava estar lá, precisava assistir e falar. Foi a terceira maior pré-venda do Brasil, a maior de um filme original, nós já tínhamos vendido 2,4 milhões de ingressos antes de lançar o filme, foi algo fora da curva mesmo. E, claro, o trabalho do nosso time de marketing, planejamento e vendas potencializou esse lançamento e criou um tsunami ainda maior.

O mundo viveu o fenômeno Barbieheimer, algo que não acontece sempre na indústria, e o Brasil teve a particularidade das operações da Warner e Universal serem conjuntas. Como foi lançar os dois títulos aqui no país?

Oppenheimer é outro filme espetacular, outro filme diferente, único, necessário e culturalmente relevante. Já não adianta que um filme seja bom, tem que ser necessário e gerar conversa. Oppenheimer é um filme de 3 horas, feito [parcialmente] em preto e branco, em alguns pontos até contemplativo e nós tivemos um resultado incrível, não só nas grande capitais, com versões legendadas em cinemas que nunca lançam assim. As pessoas fantasiadas de Peaky Blinders nesse caso ou com camisetas combinadas dos dois filmes. São dois estúdios concorrentes, dois estúdios diferentes, nós trabalhamos muito os dois filmes, como trabalhamos todos os nossos filmes, mas se você tivesse me dito no início do ano que agora a gente ia estar falando de 15 milhões de ingressos vendidos para os dois títulos, eu te diria que isso era realmente quase impossível. Oppenheimer é o maior filme de Chris Nolan, nós lançamos todos os filmes dele, eu pessoalmente lancei todos os filmes dele também, da Warner e agora da Universal, e o fato de ter ultrapassado Batman: O Cavaleiro das Trevas é impressionante, são R$68 milhões, já uma questão surreal. A quantidade de semanas que ficou em cartaz, que bombou nos formatos Premium, Imax, é a melhor prova de que são para as telonas, os dois. As pessoas não podiam aguardar, queriam fazer parte da conversa e queriam aproveitar esses filmes nos cinemas. Mais uma vez nosso time incrível de marketing, vendas e planejamento só potencializou isso e entregou as ferramentas para que os exibidores fizessem o trabalho deles e nós fizemos nosso trabalho para que todo mundo soubesse que os filmes estavam sendo lançados. Qual é o único trabalho que o distribuidor tem que fazer? Que o público saiba que um filme é lançado nas telonas. Depois já não é mais nosso. Quando lança, o filme é do público. Todo mundo sabia que os filmes estavam lá, foi um ótimo trabalho da Warner e Universal, depois foi o próprio público que escolheu assistir e aproveitar os filmes. Nós, do lado de programação, fizemos um ótimo trabalho com os exibidores para encaixar sessões dos dois filmes na sequência, assim o público conseguia fazer as maratonas. Exibidores venderam ingressos dos dois filmes e fizeram muitas combinações possíveis para que os filmes pudessem performar como performaram. Foram dois fenômenos orgânicos também gerados pelos próprios atores que a gente divulgou e maximizou.

 

Além disso, vocês lançaram grandes sucessos no decorrer do ano, como Super Mario Bros, Gato de Botas 2, Velozes e Furiosos 10, entre outros. Como você define o ano de 2023 para a Warner e a Universal e qual balanço faz do período?

Foi o ano dos sonhos, aquele ano inesquecível, que vamos lembrar por muito tempo. Tivemos Gato de Botas 2, que foi o maior filme da Dreamworks; tivemos M3gan, que foi o maior filme da Blumhouse, até esse momento, depois ultrapassamos com Five Nights At Freddy’s (FNAF). Super Mario Bros – O Filme se tornou o maior da história da Illumination, já Velozes e Furiosos 10 teve o Brasil como principal território internacional e foi o maior filme do ano para a Universal. Se você tivesse me dito que FNAF tivesse feito o mesmo número que A Freira 2, ninguém acreditaria. São todos fenômenos que tiveram recordes quebrados. Este já é o maior ano da história da Universal Pictures no Brasil, de longe.

Do lado da Warner, tivemos o terceiro filme de Creed, também Air, que é mais nichado; tivemos também O Besouro Azul, que é o filme da Bruna Marquezine que lançamos sem ela, infelizmente ela não pode fazer nada por nós, mas somos o maior mercado internacional para o filme e ele é sucesso na plataforma digital, na HBO Max. E sem falar de Wonka, que é um filme incrível, com coração e espetacular para o natal, mas é musical, que é desafiador, fizemos uma campanha cheia de cores e uma versão dublada que foi muito elogiada também no exterior, posso garantir que nossa versão é até melhor que a original. São todos filmes muito bem sucedidos e a Warner tem chances ainda, se Aquaman 2 for bem, de ter agora o maior ano da história, estamos perto de passar os R$530 milhões. Mas entre os dois estúdios, temos R$1,1 bilhão em bilheteria e 48% de market share; 54 milhões de brasileiros viram nossos filmes.

Foi um ano de muito trabalho, fechamos com chave de ouro na CCXP, com equipe e elenco de Furiosa, Evidências do Amor, que é uma grande aposta nossa, Aquaman 2, Duna – Parte 2 e Godziila vs. Kong, recebemos 18 talentos de um calibre espetacular. Fechamos com chave de ouro, mais uma vez, o ano dos sonhos, um ano inesquecível, de muito trabalho, mas graças ao nosso time, que entregou ótimos resultados, colaborando para que seja um ano melhor para todos.

Mas voltando à pergunta, a maioria dos filmes que mencionei aqui são originais, tínhamos expectativas gigantes com Shazam 2, The Flash e temos com Aquaman, mas os filmes que performaram melhor são aqueles originais, novos, diferentes, relevantes e necessários. A maioria deles são novos e talvez se tornem novas franquias para o futuro.

A indústria ainda parece viver um pouco de incerteza, qual é a sua avaliação do mercado neste momento?

O mercado não está fácil, tem que trabalhar muito. E como sempre todo mundo fala, o Brasil não é para amadores, precisa de muito trabalho e muito investimento para divulgar os filmes, além de ideias novas, parcerias fora da curva e da necessidade de gerar essa conversa orgânica. Não é simples, todo mundo está trabalhando nesta mesma questão, em como criar essa onda de conversa ao redor de um filme. Aqui no Brasil, temos um monte de atividades para as pessoas fazerem ao ar livre, museus, shows, carnaval, feiras... Temos muita concorrência além dos outros filmes. Estou confiante que vamos voltar e ultrapassar os níveis que tínhamos antes da pandemia, em 2019. Para nós a chave é trabalhar com os exibidores, como sempre fazemos, em parceria, procurando o consumidor, indo no heavy user, entregando opções  para aquela pessoa que gostava de assistir a filmes no cinema, mas não gosta mais ou até aquela que não gosta de ir ao cinema, com promoções e ativações, oferecendo filmes novos e originais, que elas possam respirar esse novo ar. Mais uma vez, o mercado está desafiador, mas está para todas as outras indústrias, não só de entretenimento, todas elas passam por reinvenção, precisando reestruturar o time, a forma de trabalhar e entender que o consumidor muda com muita celeridade, mais do que nunca. O que ele gosta hoje, talvez amanhã não goste mais ou até pode voltar a gostar se voltar à moda. Já não adianta colocar um cartaz na porta de cinema e rezar para que a pessoa entre, tem que trabalhar mais do que nunca. É isso aí que a Warner e Universal fez e, repito,  é trabalho, trabalho e trabalho. Também muita dedicação, parcerias e união com os exibidores.

Temos muita sorte de ter os exibidores que temos, são parcerias espetaculares, e valorizamos todos da mesma maneira, os circuitos principais, mas também aquele cinema de uma sala, para nós todos são iguais e trabalhamos com todos da mesma forma. Achamos que essa é a receita do sucesso e se não for a receita do sucesso, a gente está entregando a melhor possibilidade para que todos os cinemas do Brasil, que ainda precisa de muito mais salas, possam ficar abertos e desempenhando melhor com cada um de nossos filmes. Os projetores digitais trouxeram a possibilidade de exibir muitos filmes em uma mesma tela, já não precisa colocar um filme só, a gente tem que abrir a cabeça, programar com critério e entregar variedade aos exibidores.

E qual a sua avaliação do público, quem é o consumidor de cinema agora em 2023?

O Brasil é um país continental, não conseguimos dizer, por exemplo, que é o adolescente ou a família, ou até mesmo o público de animação. Nós lançamos Barbieheimer, tivemos um público nichado, mas também um grande público; homens vendo Barbie, além de famílias, idosos, enfim. Já não existe mais um público só definido para cada filme e o streaming ajudou muito a entender isso, que um filme de terror, por exemplo, também é assistido por um homem 50+. Temos que sair dos clichês que envolvem alguns gêneros, temos que trabalhar o filme mais por clusters, segmentos de audiência, e ir trabalhando as diversas possibilidades em termos de marketing, temos muitos dados que usamos nas campanhas e isso é muito importante para irmos alcançando os públicos que queremos atingir.

E quais as perspectivas para 2024? Quais filmes destacam?

Somos otimistas por natureza! Começamos por Patos! já no início do ano, que realmente é um filmaço, sem dúvida será o filme das férias. Temos Mergulho Noturno, que pode ser o novo Megan; Argylle, Evidências do Amor, que é uma aposta gigante; Em fevereiro chega  Duna – Parte II, o painel mais barulhento da história da CCXP. Temos Kung Fu Panda 4, com expectativa de ultrapassar os resultados dos últimos filmes; Mickey 17, Godzilla vs. Kong, The Fall Guy (O Dublê), que é o novo Barbieheimer desta vez com Ryan Gosling e Emily Blunt no mesmo filme! Temos Furiosa, um filme espetacular e fora da caixa; Meu Malvado Favorito 4, que chega nas férias de inverno; Twisters, espetacular e cheio de ação também no inverno; temos Beetlejuice, uma grande aposta da Warner de renovar a franquia, também tem o Coringa, que deve ficar entre os maiores filmes do ano; já para fechar o ano temos Wicked, a primeira parte, a segunda deve sair no fim de 2025, com isso, voltamos ao mágico mundo de Oz. Encerramos com o anime de O Senhor dos Anéis. Temos opções para todos os públicos, filmes novos, diferentes, também franquias e muito trabalho pela frente. Pensando na indústria como um todo, tem também o cinema nacional, que pode ser uma das chaves do próximo ano, de ter essa retomada, de um cinema que fale a mesma língua, cultura e que traz o coração e o carinho do brasileiro para o próprio Brasil.

Para finalizar, tem algo que queira complementar desta conversa?

Gostaria de mais uma vez agradecer os exibidores, são nossos grandes parceiros, desejo a eles um bom natal e virada do ano e agradeço pelo ano inesquecível. Não foi um ano da Warner e da Universal, foi um ano de todos nós juntos. Nós, sem os exibidores, não somos absolutamente nada, agradecemos a cada um deles, não só das matrizes, mas quem está na bilheteria, bombonière, fazendo a limpeza, na cabine de projeção. Para cada um deles, o nosso maior agradecimento em nome de todos nós da Warner e Universal.

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