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02 Maio 2024 | Renata Vomero

Com doc sobre Dorival Caymmi, Descoloniza Filmes mostra amplitude de mercado e compromisso com o cinema nacional

Em cartaz, "Dorival Caymmi - Um Homem de Afetos" celebra os 110 anos do artista

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(Foto: Divulgação)

Celebrando os 110 anos de Dorival Caymmi, estreou em 25 de abril o documentário Dorival Caymmi - Um Homem de Afetos, de Daniela Broitman, uma homenagem a uma das maiores figuras da música brasileira com depoimentos de familiares e grandes nomes da cultura nacional. Distribuído pela Descoloniza Filmes, o longa marca um momento importante para a empresa, com maior capilaridade de mercado e reafirmando o compromisso principal com o cinema nacional de qualidade.



“O lançamento de ‘Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos’ representa uma face mais ampla do nosso trabalho, que é nosso compromisso com o cinema brasileiro de qualidade, sem desprezar a essência da nossa curadoria decolonial que nosso nome carrega” disse o sócio fundador da empresa Ibirá Machado, que complementou: “E lançar esse filme também permite sermos vistos como uma distribuidora capaz de realizar lançamentos um pouco mais amplos, dentro da realidade do cinema brasileiro independente e do atual cenário do mercado, inclusive com limitações de orçamento e equipe enxuta”.

Traduzindo sensorialmente os versos de Caymmi, o filme passeia pela atmosfera vibrante dos pescadores baianos, as referências de raiz africana, a espiritualidade no candomblé, suas histórias de amor e elementos da natureza que tanto inspiraram a obra do artista.

O documentáro conta com participações de Dorival Caymmi, seus filhos e músicos Dori, Nana e Danilo Caymmi, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Jobim, a ex-nora e compositora Ana Terra, o neto Gabriel Caymmi, o produtor musical Guto Burgos e a cozinheira e confidente Cristiane de Oliveira.

Em celebração ao aniversário de um dos maiores nomes da música brasileira, a diretora, roteirista e produtora do filme também idealizou um evento que acabou se tornando uma grande ocupação. Com curadoria colaborativa de Rubens Amatto, idealizador da Casa de Francisca, a dupla criou uma programação especial entre 30 de abril, dia do nascimento de Caymmi, e 3 de maio. Marcando a imortalidade de Caymmi, algo tão pungente no documentário.

“Caymmi tem uma certa imortalidade em sua importância que faz com que o filme possa estar sempre vivo e relevante ao público”, reforça o executivo da distribuidora.

E é justamente em torno de criar um cenário mais plural da identidade brasileira, a  Descoloniza Filmes nasceu em 2017 e vem se consolidando como espaço para dar vasão à produção nacional em sua mais genuína forma.

Com isso, ganhou esse rótulo de ter uma essência decolonial, mas que, em muitos momentos, encontra desafios de um mercado exibidor mais conservador.

“A Descoloniza acabou criando um imaginário sobre si como sendo uma distribuidora de obras de pautas mais identitárias que, se por um lado sempre atraiu muita atenção de um grupo inclusive crescente de novas produtoras e cineastas que vêm desenhando um caminho descentralizado e com narrativas até então não hegemônicas, por outro lado sempre despertou reações mais conservadoras do parque exibidor”, comentou Ibirá.

Mas é justamente neste DNA tão forte que a distribuidora encontra sua força para marcar presença em festivais e encontros regionais, além de ganhar confiança de um vasto número de produtores e realizadores de todo o Brasil. Com um catálogo mais robusto, consegue, então, ter maior peso nas negociações com os exibidores.

“Nesse percurso, também produtoras e cineastas mais consagrados também passaram a confiar na Descoloniza, o que fez com que nosso catálogo passasse a trazer obras de maior peso sob o ponto de vista de adesão de imprensa e crítica, além de por consequência de público e, claro, de programação por parte dos exibidores”, comentou.

Desta forma, ainda celebrando o lançamento do documentário, a distribuidora prepara uma série de lançamentos para o ano, consolidando sua essência e a ampliação de sua presença no mercado.

“Temos uma sequência importante de lançamentos de obras bem diferentes entre si e muito premiadas em festivais, como ‘Toda Noite Estarei Lá’, ‘A Música Natureza de Léa Freire’ e ‘Maputo Nakuzandza’. Fora esses, ainda estamos viabilizando financeiramente alguns outros projetos prontos para serem distribuídos, sendo que um dos mais aguardados é ‘Peréio, eu te odeio’”, concluiu.

Confira a entrevista na íntegra:

A Descoloniza Filmes acaba de lançar "Dorival Caymmi - Um Homem de Afetos", um documentário que celebra os 110 anos do artista, o que representa esse projeto para vocês e quais seus principais atributos?

A Descoloniza é comumente vista como uma distribuidora que leva aos cinemas filmes de temas mais identitários, eventualmente nichados, mas o lançamento de “Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos” representa uma face mais ampla do nosso trabalho, que é nosso compromisso com o cinema brasileiro de qualidade, sem desprezar a essência da nossa curadoria decolonial que nosso nome carrega. E isso não apenas por Caymmi ser um personagem importantíssimo na catalisação de uma cultura musical propriamente brasileira, mas também por ser uma obra dirigida por uma mulher, ponto de foco para a construção de nosso catálogo.

E lançar esse filme também permite sermos vistos como uma distribuidora capaz de realizar lançamentos um pouco mais amplos, dentro da realidade do cinema brasileiro independente e do atual cenário do mercado, inclusive com limitações de orçamento e equipe enxuta.

Este é um filme que marca a trajetória imortal deste artista, qual a importância de ter este documentário chegando agora aos cinemas?

Como a pergunta já marca, Caymmi tem uma certa imortalidade em sua importância que faz com que o filme possa estar sempre vivo e relevante ao público. Curiosamente, este filme iniciou sua carreira de festivais em 2019, o que poderia colocá-lo na categoria de filme “velho” ao ser lançado apenas cinco anos depois. Acontece que uma pandemia, perrengues institucionais e uma troca de distribuidora depois, o filme está sendo lançado como se fosse novo, tanto para o público, quanto para a imprensa, porque é isso que é a relevância de Caymmi.

Mesmo assim, isso não exclui um trabalho importante da equipe da distribuidora, da produtora do filme e da assessoria de imprensa em entregar uma obra renovada e com a relevância ativada no momento de seu lançamento, permitindo a criação de um movimento completamente vivo em torno do filme. Parte importante disso, inclusive, foi termos definido a data de seu lançamento para a semana em que Caymmi completaria seus 110 anos, o que permitiu a adesão de parcerias muito importantes para a divulgação do lançamento.

Quais as expectativas para o filme?

Apesar das boas perspectivas inclusive já mencionadas acima, ao mesmo tempo temos consciência da dinâmica atual do mercado, com um público ainda não recuperado pós-pandemia e com um número cada vez mais crescente de lançamentos novos por semana, além da também mencionada restrição orçamentária.

De qualquer forma, Caymmi permitiu que apesar desse cenário o filme conquistasse seu espaço junto à mídia e aos cinemas, e agora é apostar que o público acompanhe esse movimento, junto de um trabalho cerrado de mídia contínua e marcação insistente junto aos exibidores para garantir inclusive o boca-a-boca extremamente potencial do filme.

A Descoloniza Filmes nasceu como proposta de trazer um olhar plural por meio do audiovisual, como avalia a trajetória da distribuidora neste período e sua dimensão no mercado brasileiro, dada a relevância de sua proposta?

Como mencionei lá no início, a Descoloniza acabou criando um imaginário sobre si como sendo uma distribuidora de obras de pautas mais identitárias que, se por um lado sempre atraiu muita atenção de um grupo inclusive crescente de novas produtoras e cineastas que vêm desenhando um caminho descentralizado e com narrativas até então não hegemônicas, por outro lado sempre despertou reações mais conservadoras do parque exibidor.

Independentemente disso, a Descoloniza, junto da Olhar e da Embaúba, conquistou um espaço de importante relevância no mercado do cinema independente brasileiro, absorvendo para seu catálogo uma parcela importante da produção nacional e conseguindo manter uma constância na distribuição de diferentes projetos.

Além disso, essa pluralidade que o nome mesmo já instiga, fez com que desde sua fundação a Descoloniza fosse chamada para marcar presença em encontros de mercado regionais de todas as regiões do Brasil, o que ajudou a firmar a distribuidora como uma das mais queridas do cinema brasileiro independente.

Nesse percurso, também produtoras e cineastas mais consagrados também passaram a confiar na Descoloniza, o que fez com que nosso catálogo passasse a trazer obras de maior peso sob o ponto de vista de adesão de imprensa e crítica, além de por consequência de público e, claro, de programação por parte dos exibidores.

Vocês planejam diversos lançamentos para o ano, o que gostariam de destacar entre os títulos e o que esperam de 2024?

Agora em 2024 nosso grande abre-alas é, de fato, “Dorival Caymmi – Um Homem de Afetos”. No entanto, temos uma sequência importante de lançamentos de obras bem diferentes entre si e muito premiadas em festivais, como “Toda Noite Estarei Lá”, “A Música Natureza de Léa Freire” e “Maputo Nakuzandza”. Fora esses, ainda estamos viabilizando financeiramente alguns outros projetos prontos para serem distribuídos, sendo que um dos mais aguardados é “Peréio, eu te odeio”.

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