15 Outubro 2025 | Yuri Cavichioli
Em “A Palavra”, novo filme da Playarte Pictures, diretor aborda fé, política e comunicação no sertão nordestino
Longa independente chega aos cinemas explorando o poder da palavra como instrumento de fé, discurso e transformação social
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O Portal Exibidor foi convidado para assistir A Palavra, dirigido, roteirizado e montado por Guilherme de Almeida Prado, longa que une densidade simbólica e olhar contemporâneo sobre temas universais. Produzido pela FJ Produções, com distribuição da PlayArte Pictures, o filme chega aos cinemas amanhã (16), após um processo de realização de oito anos, reafirmando a importância da produção autoral no circuito brasileiro.
A proposta de Prado foi reinterpretar a narrativa dos profetas Elias e Eliseu sob o prisma da realidade nordestina, explorando o papel da palavra como instrumento de fé e poder. O filme dialoga com questões sociais e políticas sem abrir mão da espiritualidade que inspira sua origem bíblica.
“Esse filme nasceu de uma ideia muito simples, que era adaptar a história de Elias e Eliseu para hoje em dia e no Brasil. Costumo dizer que o filme que o espectador faz é melhor do que o filme que eu fiz”, afirmou o diretor, reforçando que o objetivo não é transmitir uma mensagem única, mas abrir espaço para interpretações. também sobre a interpretação que o espectador terá sobre a sua obra estreante da semana.
A produção de A Palavra atravessou quase uma década até chegar às telas. Segundo o diretor, o projeto enfrentou pausas e reestruturações até alcançar a versão final. “A gente começou a filmar há anos e foi realmente um filme difícil. Teve longas passagens até chegar nesse resultado, e consegui graças à PlayArte, que se interessaram em lançar”, contou Guilherme, ao agradecer os parceiros que viabilizaram a estreia.
Entre as reflexões que surgiram no processo, o cineasta destacou o caráter espiritual da empreitada: “Brinco que esse filme foi feito sem incentivo fiscal, mas com muito incentivo espiritual”.
Inspirado na história bíblica, A Palavra transporta a narrativa para o sertão nordestino contemporâneo. Jezebel (Regina Maria Remencius), uma repórter de TV em busca de grandes audiências, é enviada para investigar Elias (Tuca Andrada), homem supostamente capaz de realizar milagres. A jornada, que começa como uma reportagem, se transforma em um confronto entre crença e descrença, fé e manipulação.
Um dos participantes da coletiva foi Tuca Andrada, que revelou que, ao começar a ler o roteiro, percebeu que era uma história política: “É a história do Nordeste, de milhares de povos na Terra. O filme fala da palavra, seja a palavra do político, da imprensa, da igreja e de onde está a fé que sustenta tudo isso”.
O elenco reúne nomes como Regina Maria Remencius, Luciano Szafir, Oscar Magrini, Karina Barum, Johnnas Oliva, Lara Córdula, Carlos Casagrande, Soia Lira, Amanda Richter e Ana Miranda. Para Guilherme, o filme representa não apenas um retorno à essência de seu cinema, mas também “um lembrete do poder que a palavra e o cinema ainda têm de provocar reflexão”.
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