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13 Abril 2020 | Fernanda Mendes

O que vem por aí: como as distribuidoras estão trabalhando para o futuro do cinema

União com os exibidores, reabertura das salas e trabalho nas redes sociais

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(Foto: ShutterStock)

A pandemia do novo coronavírus veio e deixou tantas perguntas no mercado de cinema, que são infinitas. Quando as salas poderão reabrir? Haverá filmes para exibir? O que faço no momento da quarentena? Enfim, são realmente muitas as perguntas, mas uma coisa é certa, não há porque ficar parado.



Os exibidores já estão mexendo seus pauzinhos: fazendo delivery de pipoca, lançando plataforma de streaming e tantas outras alternativas para não deixar que a experiência do cinema seja esquecida pela população. E claro, para pagar as contas também.

Do outro lado, os distribuidores também estão atentos pra os próximos passos. As majors já remarcaram seus lançamentos para o segundo semestre do ano, começando em junho com Soul, animação da Disney/Pixar, dia 25. Aliás, há grandes títulos ainda para este ano como Viúva Negra (29/10), 007 - Sem Tempo Para Morrer (19/11), um novo filme da Sony com a Marvel (ainda sem título definido) para 1º de outubro, e Top Gun: Maverick em 25 de dezembro.

Apesar da dúvida que paira no ar sobre quando os espectadores retomarão à confiança para frequentarem às salas de cinema, as majors deixam claro a sua união com o mercado exibidor para trabalharem nessa reconquista do público. "Distribuidores, exibidores, produtores... precisamos ficar mais juntos que nunca. Precisamos oferecer, assim que possível, a volta de uma experiência de cinema acessível, segura, de qualidade, com diversidade de conteúdo e com campanhas fortes, focadas no público-alvo. São incontáveis os comentários nas redes sociais sobre a vontade das pessoas de voltar aos cinemas", afirmaram André Sala, vice-presidente sênior de distribuição da Sony Pictures na América Latina e diretor-geral Brasil, Walter Caretta, diretor de vendas, e Camila Pacheco, diretora executiva de marketing, em entrevista ao Portal Exibidor.

A confiança também é compartilhada pela Paramount: "Preparem seus projetores para encantar seus clientes, pois entregaremos as melhores histórias para diverti-los e saírem felizes de suas salas de cinema", contou Cesar Silva, vice-presidente e diretor geral.

No Brasil, as distribuidoras nacionais ainda estão com diversas dúvidas, por isso mesmo, nenhuma ainda confirmou as novas datas de seus filmes. Marcio Fraccaroli, CEO da Paris Filmes, contou que já há 30 filmes prontos nacionais e mais 10 internacionais para colocar nas salas, mas está esperando o mercado reabrir para trabalhar na comunicação desses títulos. Enquanto isso, a Paris não deixa o público esquecer do que vem por aí e está com um marketing forte nas redes sociais.

Em vista do que já aconteceu no México no passado, quando uma forte gripe atingiu o país e o público demorou dois meses para voltar às salas, Fraccaroli acredita que por aqui as coisas também caminharão no mesmo sentido: haverá três meses difíceis na reabertura dos cinemas, e caberá às distribuidoras criar essa sede e desejo pelos produtos em cartaz. Inclusive, o CEO fez questão de reforçar a parceria da distribuidora com a janela cinema. "Temos um longo caminho pela frente de conquista e de confiança. Uma empresa como a Paris Filmes que é parceira dos exibidores, vai se manter do lado deles, em nenhum momento sairemos da nossa responsabilidade de estar do lado dos exibidores nesse recomeço".

Não só a Paris reforça a parceria com os cinemas, como as outras distribuidoras brasileiras também. "Defendemos o setor de exibição e queremos pensar em conjunto com exibidores em soluções para que todos nós sobrevivamos a este momento de extrema crise", conta Felipe Lopes, diretor geral da Vitrine Filmes. Apesar de defender essa janela, o executivo falou sobre sua preocupação com o calendário do segundo semestre para programar os filmes. "A verdade é que estamos vendo um engarrafamento de títulos para o momento de reabertura o que não é bom para a indústria como um todo", e ainda explicou que, como a maioria de seu catálogo é composta por filmes nacionais que receberam recursos da Ancine, há a exigência de que eles sejam lançados primeiramente no cinema. Algo que a Vitrine já está se mobilizando junto a ANDAI (Associação Nacional dos Distribuidores Audiovisuais Independentes) para pedir que, apenas neste período de quarentena, flexibilize as suas exigências, para que possam pensar em lançamentos para outras janelas.

Mudanças e união

Aliás, os novos modelos de negócios foram bastante citados pelas distribuidoras independentes que ressaltaram a questão da criatividade para o mercado de cinema sobreviver. "O momento é estratégico e quem souber se posicionar corretamente, tiver fluxo de caixa e parcerias corretas deve sair ainda mais forte dessa crise", justificou Sabrina Nudeliman Wagon, CEO da ELO Company.

Para Gabriel Gurman, CEO da Galeria Distribuidora, as novas estratégias devem partir de um pensamento em conjunto do mercado. "É importante utilizar o momento para repensar os modelos de negócios vigentes e unir os elos da cadeia para desenvolver estratégias e trabalhos em conjunto para recuperar uma indústria que já vivia um cenário de baixa, principalmente se tratando de produção nacional".

Os executivos da Sony estão olhando também para como outros países e outras indústrias, além do cinema, estão trabalhando neste momento de crise "para trazer melhores práticas para que experiência coletiva possa realmente voltar ainda mais prazerosa para a rotina das pessoas".

Mas, nada disso adiantará sem a ajuda do governo, é claro. Fraccaroli admite que a indústria do audiovisual não é a prioridade do atual governo, "a cultura é algo distante". Para ele, as autoridades públicas precisam tomar medidas para ajudar essa indústria que gera milhares de empregos. "Agora não tem ideologia, tem emprego".

Apesar de todas as dificuldades e perdas, Fraccaroli acredita que o futuro é promissor. E já está trabalhando em roteiros para serem rodados no primeiro semestre de 2021. Aliás, para ele, o ano que vem será o maior ano para a história do cinema. E isso é muito claro: já estão programados para as salas filmes como Velozes e Furiosos 9 (02/04), Minions 2 (01/07), a sequência de Doutor Estranho (28/10) e Avatar 2 (16/12).

"O cinema sempre vai ser um fenômeno. E a programação para 2021 traz uma sobrevida para a indústria", finaliza o executivo.

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