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14 Agosto 2020 | Fernanda Mendes

Gullane comemora sucesso na Netflix e se prepara para retomada das produções

“É muito natural a continuidade do nosso trabalho no streaming por conta da nossa especialidade em narrar dramaturgia”, conta Caio Gullane

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(Foto: Gullane)

Que a quarentena trouxe um aumento expressivo no consumo de audiovisual, isso não é novidade. Se, por um lado, uma das janelas está inoperante (o cinema), as plataformas de streaming, canais de TV e Youtube, estão mais acessados do que nunca. Há uma infinidade de possibilidades para os entediados no isolamento social que já se arrasta há cinco meses.



E nessa onda que a Gullane Entretenimento estreou três produções com temáticas bastante pertinentes para este período: a segunda temporada de Unidade Básica, que mostra o cotidiano de médicos e pacientes do SUS, no canal a cabo Universal Channel; a série Hard no HBO sobre uma mulher que herda uma produtora pornográfica; e a série Boca a Boca no Netflix que mostra uma cidade do interior assombrada pela disseminação de uma doença misteriosa.

Aliás, a estreia de Boca a Boca na plataforma entrou no top 10 de conteúdos mais vistos do Netflix no Brasil. E a série não viralizou só nacionalmente, mas também ganhou fama internacional com o post espontâneo da própria Netflix indicando a série em sua conta no Twitter dos EUA.

Com um trabalho mundialmente conhecido no cinema, a Gullane também concretiza sua marca agora em streaming. “A Gullane conta histórias. Inicialmente somos uma produtora de longa-metragem, mas para a gente é muito natural a continuidade do nosso trabalho no streaming por conta da nossa especialidade em narrar dramaturgia. E entendemos que é muito importante os players produzindo e disponibilizando conteúdo brasileiro”, contou Caio Gullane em entrevista exclusiva ao Portal Exibidor.

Essa importância da produção de conteúdos brasileiros para players internacionais que cada vez mais fincam o pé em nosso país, segundo Caio, se faz necessária para construir uma conexão, um diálogo com a plateia brasileira, e até para dar espaço para a produção independente diversificando em conteúdo, gênero e não deixando a produção brasileira ser monopolizada por conglomerados de telecomunicação. Aliás, o produtor ressalta que nesse sentido é essencial a “continuidade” de políticas públicas para o audiovisual.

“É importante que o governo ouça a nossa classe e as instituições representativas que observam o que o mercado vem passando, para que não viremos um canteiro de obras e sim realizadores de audiovisual com as nossas ideias. É importante que se consuma audiovisual brasileiro e que também tenha liberdade para poder produzi-lo”, reforça.

Novos formatos

O streaming tem características peculiares, não só por oferecer a oportunidade do espectador montar a sua própria grade de programação, mas também por proporcionar flexibilidade para que os conteúdos sejam assistidos em diversas telas: na TV, computador, smartphone. E isso, com certeza, impacta na hora de produzir o conteúdo, algo que a Gullane vem aprendendo. Afinal, como competir com o barulho do trânsito? Com a interrupção quando o ônibus chega? É preciso prender a atenção do espectador, mas sem perder a qualidade do conteúdo.

“Buscamos fazer projetos populares e sofisticados ao mesmo tempo. Há a crença de que o brasileiro precisa consumir só narrativas simplórias, mas é importante a diversidade, e tem diversos projetos mais voltados ao entretenimento. Mas buscamos agregar qualidade, temas relevantes para a formação de plateia e de cidadãos”, afirma.

Produção na pandemia

Os próximos projetos da Gullane começam a ser rodados a partir de novembro, seguindo os protocolos com normas de segurança e sanitização em virtude do Covid-19. Entre as orientações traçadas no documento assinado por Bruno Covas (prefeito de São Paulo) está a autorização de apenas 20 pessoas dentro do set de filmagem, processos de higienização dos equipamentos e dos trabalhadores, etc.

Caio explica que precisaram mexer em partes dos roteiros para alterar cenas com multidões e outras questões que poderiam tornar a produção inviável, mas mantendo a essência do conteúdo. Uma ferramenta que a Gullane já utilizava e agora mais do que nunca será “heavy user” é a pós-produção, com efeitos especiais que ajudarão a montar as cenas.

Além disso, também com toda equipe em trabalho remoto, a reflexão não só na Gullane mas como no mercado como um todo é a otimização do trabalho. “Eu comparo nosso trabalho com o de um cirurgião ou com a Fórmula 1, se qualquer um não for objetivo no momento certo podemos perder o take e o dia de filmagem”.

Para finalizar, Caio também reforça o comprometimento de todos os trabalhadores do audiovisual para fazerem dar certo este retorno aos sets de filmagem. “Não adianta todas essas regras de protocolo se algum técnico não tiver uma condução responsável quando for para casa dele. É uma responsabilidade compartilhada entre todos os elos da cadeia de produção. Uma brincadeira que faço é para o pessoal da produção já ir usando a máscara em casa para se acostumar como será dentro do set”.

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