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13 Novembro 2020 | Renata Vomero

American Film Market exalta a importância do cinema independente

Evento aconteceu entre os dias 9 e 13 de novembro de forma totalmente virtual

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(Foto: AFM)

Terminou hoje o American Film Market (AFM), um dos maiores eventos norte-americanos voltado ao mercado de cinema. Tradicionalmente, a convenção acontece em Santa Mônica (California), no entanto, devido a pandemia teve sua primeira versão online, que contou com o maior número de público em sua história.

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Cerca de 562 exibidores vindos de 48 países se cadastraram no evento e mais de 1.400 compradores de todo o mundo participaram das rodas de conversa, pitchings, exibições e, claro, negociações de compras.

Em destaque, estiveram as discussões sobre o cinema independente e seus desafios na pandemia. Muito se falou sobre as soluções que esse momento trouxe ao mercado para se manterem ativos economicamente. Uma das primeiras soluções foi mudar o set de gravações para a Europa, onde a maioria dos territórios controlou mais cedo a disseminação do Covid-19, tornando as filmagens mais seguras para todos.

Outra solução interessante destacada foi a criatividade para criar aglomerações sem, bem... aglomerar de verdade, para isso foram usados truques de câmeras e muita tecnologia. O que a longo prazo pode servir de modelo para essas ambientações, mesmo num mundo pós-Covid.

O evento também trouxe outra discussão importante, em uma mesa do The Hollywood Reporter com o executivo Sébastien Raybaud, fundador da distribuidora e produtora francesa Anton, voltada ao cinema independente. O executivo parece não ter sentido tanto a pandemia, justamente porque percebeu a brecha na programação deixada pelos grandes estúdios para apostar no seu filme Destruição Final: O Último Refúgio, que garantiu uma bilheteria global de US$37,5 milhões e entra em cartaz nos cinemas brasileiros na próxima quinta-feira, dia 19. A companhia, inclusive, conseguiu negociar já um bom acordo com o streaming HBO Max para que a produção entrasse no catálogo.

Parece que o caminho para essas produções menores de fato está sendo o streaming e os compradores dessas plataformas estiveram de olho nos lançamentos independentes, porque, ao que tudo indica, está chamando a atenção do público em casa, que tem consumido mais horas de conteúdo e se voltado para esse tipo de narrativas. “As pessoas tiveram tempo para olhar para mais serviços de nicho ou temáticos, como Mubi, OutTV ou Shudder. Coisas que eles normalmente não teriam encontrado tempo de tentar ... Isso significou um público muito maior para essas plataformas de nicho”, explicou Wendy Bernfeld, CEO da Rights Stuff, uma consultoria de serviços digitais que também compra filmes para plataformas internacionais de VOD, ao The Hollywood Reporter. Ou seja, o cinema independente cresceu junto também aos serviços voltados a esse tipo de filmes, o que está chamando a atenção dos gigantes do mercado.

Os especialistas que participaram do AFM ainda acreditam que depois da pandemia os cinemas devem manter seus olhos mais atentos novamente aos grandes filmes e os menores devem ficar mais voltados aos formatos digitais, só que com maior destaque agora. “Não vamos voltar à velha era em que você andaria pelo American Film Market e veria milhares desses títulos genéricos e pensaria 'onde fica o lar de todo esse produto?’. Quando os cinemas abrirem novamente, acho que veremos uma mudança de títulos de baixo orçamento para filmes maiores e mais cinematográficos”, comentou Briam Beckmann, CFO da Arclight Films.

Com conteúdo também voltado aos produtores, as conversas em torno do cinema independente visaram apontar caminhos para eles criarem boas estratégias tanto de venda, quanto artísticas. Entre os assuntos abordados, por exemplo, estava a quantidade de filmes independentes que alcançam um lançamento nos cinemas. Segundo pesquisa, apenas 40% dos filmes independentes lançados em 2017 tiveram estreia nominal (com qualquer declaração de ganho na bilheteria) no circuito exibidor norte-americano. Um recorte de gênero também foi apresentado no estudo e ao que tudo indica, o drama tem maiores chances de ter esse lançamento.

O gênero esteve em bastante debate, ficando evidente o seu peso comercial, até mesmo para os blockbusters. Outra pesquisa mostrou os gêneros preferidos em cada importante mercado global, como a força da comédia na Itália, do terror no México e do drama na Coreia. Esses são dados muito importantes para o mercado como um todo (desde a produção até a exibição e VOD) criarem suas estratégias de lançamentos.

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