11 Dezembro 2020 | Fernanda Mendes
Disney anuncia alto investimento em serviços de streaming, mas não descarta janela do cinema
Companhia mostrou suas estratégias para 2021 em evento para investidores
Na noite de ontem (10) aconteceu o tão esperado evento organizado pela Walt Disney Company, o Investor Day, no qual a companhia apresentou aos acionistas e espectadores do mundo inteiro suas estratégias para o ano que vem.
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Em um momento onde o mercado audiovisual sofre mudanças de maneira acelerada, ficou mais do que claro que o streaming será a menina dos olhos para a companhia, sendo que o serviço Disney+ superou todas as expectativas e alcançou 86,8 milhões de assinantes em 2 de dezembro. Dois meses após a companhia anunciar que estavam com 73,7 milhões de clientes em sua base.
Somando com os outros serviços de streaming da companhia como Hulu e ESPN+, o grupo registra atualmente 137 milhões de assinaturas globais e espera atingir 300 milhões a 350 milhões de assinaturas até 2024, sendo de 230 milhões a 260 milhões só no Disney+.
“Vamos aumentar a penetração”, afirmou a CFO Christine McCarthy. Aliás, a executiva também mostrou dados que surpreenderam todo o mercado: a maioria dos assinantes do Disney+ são adultos sem filhos. Sendo assim, e nada coincidentemente, a estratégia de conteúdo investirá bastante em novidades do universo Marvel e Star Wars, mais precisamente 10 séries do universo intergaláctico e 10 dos super-heróis.
Como um todo, a Disney espera investir entre US$ 8 a 9 bilhões em conteúdo no Disney+, atingindo até US$ 16 bilhões para todas as suas marcas de streaming até 2024, com uma expectativa de 100 novos títulos por ano, sendo que em 2021 a expectativa é lançar 63 séries e 42 filmes. Apesar do alto número de conteúdo, o presidente executivo, Bob Iger, deixou claro que o foco da companhia não será quantidade, mas sim qualidade. “A maneira mais eficaz de aumentar nossa base de assinantes é com ótimo conteúdo. E à medida que aumentamos nossa produção, a ênfase sempre será na qualidade, não no volume. A qualidade tem seu valor. E esse tem sido nosso mantra desde que contamos histórias”.
Mas, todo esse investimento tem um preço. O valor mensal da assinatura do Disney+ aumentará em um dólar para US$ 7,99 (e € 8 no Atlântico) em março de 2021. Ainda assim, o valor está abaixo da média do que é cobrado por outras plataformas.
Outra novidade dentro do guarda-chuva de streamings da Disney é o lançamento global de mais uma plataforma, a Star. A marca, já existente na Índia, é uma das plataformas mais conhecidas no país, tendo registrado 300 milhões de usuários ativos mensais no ano passado. A Disney adquiriu a marca em 2019 quando comprou a Fox e acabou lançando o Disney+ dentro do serviço, com o nome Disney+ Hotstar. Agora, a companhia lançará o serviço em escala global, sendo empacotado com o Disney + em mercados internacionais selecionados e lançado como um serviço de streaming separado na América Latina com o nome de Star+.
A plataforma terá conteúdos da própria Disney, incluindo Disney Television Studios, FX, 20th Century Studios e 20th Television.
Com tantas ofertas, a Disney está facilitando a vida do consumidor, porque integrará suas marcas em pacotes. Se quiser assinar Disney +, Hulu e ESPN +, pagará um valor único de US$ 13,99 por mês. Além disso, os clientes do Hulu poderão se inscrever no ESPN + de dentro da plataforma Hulu já no início de 2021.
E o cinema?
Para o leitor que está habituado a ver os sucessos de bilheteria dos filmes Disney em todo o mundo, principalmente no Brasil, deve estar se perguntando onde a janela “cinema” entra em meio a tantas novidades.
O CEO Bob Chapek deixou claro que o cinema continua a ser parte importante da companhia. “Construímos nossas franquias por meio da vitrine da exibição cinematográfica e registramos US$ 13 bilhões de bilheteria em 2019”, enfatizou.
“Então, para nós, é uma questão de equilíbrio. Trata-se de seguir o consumidor enquanto ele faz essa transição. E parte do motivo pelo qual fizemos a reorganização que fizemos foi para garantir que tenhamos uma organização flexível para ler todas as dicas, seja o fim do COVID ou a mudança de comportamento do consumidor, poderemos tomar decisões com agilidade à medida que avançamos”.
E como consequência dessa transição, Chapek explicou que para cada título haverá uma estratégia de lançamento diferente. Viúva Negra e Pantera Negra II, ambos da Marvel, receberão tratamento para a tela grande. Mas outros filmes como o live-action de Pinóquio, com Tom Hanks, e Peter Pan and Wendy, irão direto para o Disney+. Já Raya e o Último Dragão estreará no serviço de streaming com uma taxa de acesso de US$ 30 e simultaneamente entrará em cartaz nos cinemas.
Chapek também comentou sobre o lançamento de filmes simultâneos no digital e cinema. “Obviamente, agora, isso funciona muito bem, pois temos um mercado de exibição que está sendo muito, muito desafiado”.
Com cinema ou sem cinema, fato é que o catálogo de conteúdo dos serviços de streaming da Disney serão cada vez mais robustos. Abaixo confira algumas novidades:
- Patty Jenkins, diretora de Mulher-Maravilha e Mulher-Maravilha 1984, irá dirigir spin-off de Star Wars chamado Rogue Squadron
- Moana, Zootopia e a personagem Tiana de A Princesa e O Sapo ganharão séries no Disney+
- Lin-Manuel Miranda, autor do musical Hamilton, escreverá uma música para Encanto, novo filme da Disney Animation
- FX lançará uma baseada em Alien, com direção de Noah Hawley
- Série derivadas dos filmes Up – Altas Aventuras e Carros terão estreia também no Disney+
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