10 Fevereiro 2021 | Renata Vomero

Filme brasileiro é selecionado na Mostra Panorama do Festival de Berlim

"A Última Floresta" retrata cotidiano de grupo Yanonami

Na manhã de hoje (10), a organização do Festival Internacional de Berlim (Berlinale) divulgou a lista oficial dos filmes selecionados na mostra Panorama, mostra paralela mais importante do festival, depois da Competitiva. Entre as produções escolhidas está A Última Floresta, de Luiz Bolognesi.

O filme terá sua estreia mundial no Festival, que acontecerá entre os dias 1 a 5 de março, em formato digital, devendo ter première aberta ao público entre 9 e 20 de junho.  O longa-metragem foi escrito por Bolognesi em colaboração com Davi Kopenawa Yanomami, escritor, xamã e líder político yanomami.

“É com imensa alegria e orgulho que recebemos a notícia da seleção oficial de A Última Floresta para o Festival de Berlim 2021. A situação dos povos indígenas no Brasil é gravíssima e a visibilidade internacional que a Berlinale trará ao filme e ao tema dos povos da floresta é a ação mais importante que poderíamos fazer neste momento. Seguimos avançando, em mais uma parceria com o Luiz Bolognesi, e nesse filme, de mãos dadas com Davi Kopenawa, contribuindo com esse lindo projeto cinematográfico para que o público em todo mundo conheça um pouco mais das raízes do Brasil”, dizem os produtores Fabiano Gullane e Caio Gullane. 

O longa retrata o cotidiano de um grupo Yanomami isolado, que vive em um território ao norte do Brasil e ao sul da Venezuela há mais de mil anos. Na narrativa, o xamã Davi Kopenawa Yanomami, que tenta manter as tradições da comunidade, busca deixar vivo os espíritos da floresta, enquanto a chegada de um grupo de garimpeiros ameaça a vivência da tribo, derrubando a floresta, poluindo o ambiente e, mais recentemente, espalhando a Covid entre os indígenas. Mais do que tudo, é um filme denúncia sobre o descaso com os indígenas ao longo do século, agravado no atual governo.

“Acredito que o mais interessante foi construir a história com o xamã Davi e fazer as escolhas narrativas com os Yanomami, incorporando o ponto de vista mágico deles sobre os acontecimentos. Um rico encontro entre o povo do cinema e o povo Yanomami”, afirmou o diretor Luiz Bolognesi.

O filme é produzido pela Gullane e Buriti Filmes, e tem distribuição da Gullane. A estreia no Brasil está prevista para o segundo semestre deste ano.