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28 Maio 2021 | Renata Vomero

Diretor da Synapse Distribution fala sobre distribuição digital do Brasil

Empresa atua há 30 anos no mercado e tem foco nas plataformas digitais

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(Foto: Exibidor)

A Synapse Distribution foi criada para atender o mercado latino-americano de entretenimento nos anos 1990. Comercializando títulos brasileiros no exterior e trazendo nomes do cinema independente para o Brasil, com o crescimento do VOD, a empresa ganhou força como uma das principais distribuidoras para as plataformas digitais.

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Nos últimos seis anos foram mais de 2 mil horas de conteúdo licenciadas para os principais players do mercado, como Netflix, Amazon, Apple, Google, Globoplay, Pluto TV e MUBI. Desde 2018, a Synapse faz parte do Grupo Sofa Digital, que atua também como agregadora de conteúdos para o streaming e o VOD.

E isso, claro, ganhou ainda mais força com a pandemia. Em 2020 foram mais de 30 filmes lançados. Neste ano, a distribuidora esteve por trás do lançamento do premiado Druk – Mais Uma Rodada, distribuído com a Vitrine Filmes, e também do Quo Vadis, Aida?.

Em 4 junho, estreia comédia Como Hackear Seu Chefe, de Fabrício Bittar, e que chegará direto nas plataformas digitais. O lançamento marca a estreia da distribuidora atuando com filmes adultos brasileiros.

“No caso de Como Hackear Seu Chefe, muito em conexão com o filme, que é todo gravado em telas de computador e celular, nosso foco eram as redes sociais e o que aquele público estava usando de canais de comunicação, como o Instagram e o Tik Tok. Fazemos um intenso uso de dados quando criamos uma estratégia comercial para um filme e, no caso do deste projeto, desde o início do lançamento alinhamos a comunicação ao que o público-alvo espera nesses canais”, explicou João Worcman, diretor da Synapse.

O lançamento reforma o compromisso da Synapse em trabalhar próximo aos produtores brasileiros, ainda mais neste momento em que as plataformas digitais estão sendo grande vitrine para esses profissionais, além de estarem em busca de conteúdo local.

“O brasileiro é altamente engajado no uso da internet e com uma média de consumo de conteúdo diária altíssima. Há também uma grande afinidade do brasileiro com o conteúdo local. Esses itens criam um ambiente muito interessante e promissor para o mercado de streaming e de VOD”, reforçou o executivo.

Worcman também falou sobre sua visão de mercado digital, as necessidades de regularização destes mercados, além dos possíveis caminhos para o futuro.

Confira a entrevista na íntegra:

Com o “Como Hackear seu Chefe" vocês começam a trabalhar com um público diferente do que estão mais habituados, como tem sido o processo de lançamento e a estratégia?

As estratégias e o processo de lançamento de um filme são muito variáveis. Cada conteúdo tem um público e uma linguagem na qual nos focamos para entregar a comunicação mais efetiva ao consumidor final. No caso de “Como Hackear Seu Chefe”, muito em conexão com o filme, que é todo gravado em telas de computador e celular, nosso foco eram as redes sociais e o que aquele público estava usando de canais de comunicação, como o Instagram e o Tik Tok. Fazemos um intenso uso de dados quando criamos uma estratégia comercial para um filme e, no caso do deste projeto, desde o início do lançamento alinhamos a comunicação ao que o público-alvo espera nesses canais.

 

Como vocês analisam o mercado de streaming e VOD neste momento e como se posicionam nele a partir disso?

Hoje, com o streaming e o VOD disseminados e a banda larga amplamente distribuída entre as classes mais altas, estamos vivendo o fenômeno da multiplicação de serviços de streaming. Produtores e programadores como HBO, Disney, Viacom, Globosat e Telecine estão oferecendo seus canais/conteúdos diretamente aos consumidores.

Nosso posicionamento como distribuidor é o de buscar e desenvolver histórias cuja rentabilidade possa ser maximizada através da exploração em todas essas janelas. Desde o cinema ou o TVOD como primeira janela, passando por SVOD/Pay TV, TV Aberta e acabando no AVOD.

 

Como tem sido a proximidade com as produtoras brasileiras? Como enxergam o cinema brasileiro e pretendem atendê-lo?

Nosso time de produção tem feito um trabalho excepcional junto às produtoras. Detalhamos em apresentações e bíblias tanto o nosso modelo de negócio quanto as características dos filmes que estamos buscando no mercado, o que facilita muito o relacionamento com as produtoras e dá velocidade aos processos de avaliação. Focamos nos parceiros que estão interessados no nosso modelo e damos subsídios claros para que as produtoras nos tragam projetos que estão em linha com o que acreditamos que vai funcionar comercialmente.

Enxergamos o cinema nacional como extremamente relevante, isso já está provado pelo sucesso dos conteúdos brasileiros tanto nos cinemas quanto nas plataformas digitais. Entendemos que cada produção precisa ser trabalhada de um jeito específico para ter a sua rentabilidade maximizada. Há filmes, como é o caso de "Como Hackear seu Chefe", que optamos pela estratégia de ir direto para o digital. Mas estamos trabalhando em outros projetos cuja primeira janela será o cinema.

 

A Synapse Distribution, como selo de distribuição do Grupo Sofá Digital, utiliza pesadamente os dados e a inteligência obtida através do Filmelier (www.filmelier.com.br) e do sistema de relatórios Remote Control que contém informações sobre mais de 3.000 títulos lançados no digital. Estes dados são utilizados no desenvolvimento, empacotamento, produção e comercialização dos filmes brasileiros que distribuímos.

 

Quais são os desafios do mercado nacional de streaming e VOD?

O Brasil tem sido muito lento em regular o streaming e o VOD, o que causa insegurança jurídica e reduz a velocidade dos investimentos. A cobrança da condecine título no VOD por exemplo, que está há anos sendo discutida, certamente inviabilizaria a operação de plataformas e agregadoras nacionais. Outro ponto muito importante, que precisa andar e que vai beneficiar a produção local, é o acesso das plataformas de streaming ao investimento em produção via artigo 3º da Lei do Audiovisual.

Outros desafios são o amplo acesso à banda larga para as classes mais baixas e a educação do consumidor em relação a todas as ofertas de streaming e VOD. Já são muitos serviços e ofertas, inclusive com bundles, e agora com a chegada dos serviços gratuitos de VOD (AVODs) os consumidores tendem a ficar mais confusos no curto prazo.

 

Como enxergam o futuro deste mercado e como estão se preparando para ele?

O brasileiro é altamente engajado no uso da internet e com uma média de consumo de conteúdo diária altíssima. Há também uma grande afinidade do brasileiro com o conteúdo local. Esses itens criam um ambiente muito interessante e promissor para o mercado de streaming e de VOD.

A grande novidade e onde acreditamos que ocorrerá o maior crescimento no streaming daqui pra frente é nos serviços de AVOD, como Pluto TV, VIX e Samsung Plus. É o mesmo modelo da TV Aberta, em VOD via streaming, onde o conteúdo é remunerado pela publicidade. Sabemos que o brasileiro ama a TV Aberta e está acostumado com a publicidade, então o crescimento do setor virá, na maior parte daqui pra frente, deste segmento.

Acreditamos muito que melhor forma de estarmos preparados e de crescermos é através de parcerias, que hoje estão montadas em três frentes:

Com financiadores, para financiamento privado de produção local;

Com produtores e distribuidores, para desenvolvimento, financiamento e comercialização de conteúdo brasileiro;

Com distribuidores, locais e internacionais, para compra conjunta de conteúdo.

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