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29 Julho 2021 | Renata Vomero

Em mistura de ficção e documentário, filme de Lúcia Murat reafirma importância da memória para evolução do país

"Ana. Sem Título" estreia hoje (29) nos cinemas brasileiro

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(Foto: Divulgação)

Estreia hoje (29) nos cinemas brasileiros o filme Ana. Sem Título (Imovision), de Lúcia Murat. A cineasta une neste longa elementos de ficção e documentário para embarcar em um road-movie pela América Latina. As viagens são conectadas por cartas de artistas latinas que viveram as ditaduras dos anos 1970 e 1980. A partir do registro dessas cartas, Lúcia e sua equipe constroem a história em busca de uma artista brasileira desconhecida e citada por essas mulheres: Ana.



A personagem é fictícia, bem como a protagonista Stela, que parte atrás desta figura e encontra diversos nomes nestes países que tiveram alguma relação histórica com as artistas ou o período retratado.

O longa é livremente baseado na peça Há Mais Futuro que Passado e tem início na exposição aberta, em 2018, na Pinacoteca de São Paulo chamada Mulheres Radicais. A mostra retrata justamente essas artistas que foram invisibilizadas ao longo dos anos. Uma grata coincidência à Lúcia e à equipe do filme, que também fizeram questão de relembrar esses nomes no longa.

“O que ficou mais evidente na pesquisa é que todas essas mulheres representavam esse período, que foi o de ditaturas na América Latina, uma época de violação dos direitos humanos, e que as obras delas representam isso, assim como a experiência de vida delas. Isso ficou maior ainda no filme e mais ainda porque em 2018 o Bolsonaro foi eleito. A gente se deparou com essa loucura que foi uma pessoa que louvou a ditadura ser eleito, quando devia ser preso. Em todos esses lugares, a gente se deparava com a importância da memória, com a existência de museus, tudo isso foi muito impactante, para a gente também, porque no Brasil não tem. Talvez seja por isso que estamos vivendo o que estamos vivendo hoje”, ressaltou Lúcia Murat, em entrevista ao Portal Exibidor.

A questão da memória, então, ocupa um espaço volumoso no filme, já que a equipe passa por países que vivenciaram isso, mas não deixaram esses eventos se apagarem, fundamental para o fortalecimento de suas democracias.

E isso é central na história, mas uma outra questão fica em evidência: a identidade latina. Algo que ainda sofre uma resistência no Brasil, mas que no filme ganha força e nos conecta imediatamente com esses personagens que vão surgindo ao longo da narrativa.

“Duas coisas foram importantes para a gente, a diferença de ser latino-americano, isso é muito importante, a gente achava que ia ser difícil uma equipe pequena chegando e se abrindo para uma equipe local, mas a integração foi muito fácil. Em todos esses países, a equipe local também se preocupava com o filme e se identificava com ele. Essa identidade latino-americana que o brasileiro tem tanta dificuldade de sentir e definir, acho que você vê isso no filme, vê a integração, as semelhanças e esse sentimento. Isso é muito bonito e está muito presente no filme”, explica a cineasta, que também reforça a importância de retratar essas mulheres: “A questão das artistas que foram esquecidas e agora relembradas, a gente tem que procurar preservar, estimular e agradecer as artes. Você tem realmente mulheres que foram subestimadas, o filme também passa por essa questão de gênero”, finalizou.

O longa foi selecionado para a 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e teve sua première mundial no Festival Internacional de Cinema de Moscou. A produção é da Taiga Filmes e a distribuição no Brasil é da Imovision

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