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30 Julho 2021 | Renata Vomero

Papel da Cinemateca Brasileira e sua relevância no cenário internacional

Instituição foi criada em 1940, como Primeiro Clube de Cinema de São Paulo

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(Foto: Divulgação)

A Cinemateca teve origem em 1940, sendo o Primeiro Clube de Cinema de São Paulo, criado por Paulo Emílio Sales Gomes, Décio de Almeida Prado, Antonio Candido de Mello e Souza, entre outros.

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Com a proposta de estudar cinema e se tornar um espaço de difusão da sétima arte, o clube passou por diversos desafios e gestões. Foram quatro incêndios - sem contar este último de ontem – e uma enchente, no ano passado.

A iniciativa saiu de Clube de Cinema para Cinemateca em 1956, depois foi transformada em Fundação Cinemateca Brasileira, passando por diversos edifícios em São Paulo. Nos anos 1990, se instala em seu tradicional espaço na Vila Clementino e, apenas em 2003, é incorporada pelo Ministério da Cultura, hoje extinto e transformado em Secretaria.

A Cinemateca Brasileira tem como seu principal valor a preservação e difusão da produção audiovisual brasileira. Ela conta com o maior acervo da América Latina e, há dez anos, foi eleita como uma das três melhores do mundo pela Fiaf, Federação Internacional de Arquivos Fílmicos.

Ali estão preservados mais de 200 mil rolos de filmes, cerca de 45 mil títulos, soma-se a isso um catálogo digital com mais de 250 mil arquivos. Todos esses documentos contam com longas-metragens, documentários, programas jornalísticos, peças publicitárias, vídeos familiares, curtas, entre outros. Esses arquivos correspondem a mais de um século de história brasileira e mundial sendo contada em forma de audiovisual. São registros históricos. Tendo isto em vista, não é nem preciso muito para argumentar o tamanho da perda caso uma tragédia, como o incêndio de ontem, atinja todo este material.

A ameaça à nossa Cinemateca vem chamando atenção do mundo inteiro. Neste ano, o próprio cineasta Martin Scorsese se manifestou em defesa dela em uma carta divulgada por Walter Salles, na Folha de S.Paulo.

“As artes não são um luxo - são uma necessidade, como bem demonstra seu papel incontestável na história da humanidade. E a preservação das artes, especialmente de uma tão frágil quanto o cinema, é um trabalho difícil, mas essencial. Esta não é minha opinião. É um fato. Espero sinceramente que as autoridades federais do Brasil abandonem qualquer ideia de retirada do financiamento e façam o que precisa ser feito para proteger o acervo e a dedicada equipe da Cinemateca”, comentou o artista. Ele é presidente da Film Foundation, instituição dedicada ao restauro de filmes do mundo inteiro.

Falando em Walter Salles, o renomeado cineasta falou sobre a crise da Cinemateca Brasileira em entrevista no Festival de Cannes neste ano. E ele não esteve sozinho, Kleber Mendonça Filho, parte do júri do festival, denunciou o descaso à instituição na abertura do evento. Sua fala foi seguida pelo comentário de Spike Lee, que repercutiu nas redes sociais e imprensa chamando Jair Bolsonaro de gangster, em seguida pedindo para os jornalistas presentes, do mundo inteiro, noticiarem este tipo de ações.

Depois do incêndio de ontem (29), a Cinemateca Francesa divulgou um vídeo expressando sua preocupação com o ocorrido no Brasil e prestando solidariedade. O vídeo é encerrado com a mensagem: “Não importa quão frio seja o inverno, há uma primavera por vir”, letra da música da banda Pearl Jam. O arquivista e cineasta francês Julian Fureau é quem aparece no vídeo, ele ainda pede para que a Cinemateca Brasileira resista.

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