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11 Abril 2023 | Renata Vomero

"O Pastor e o Guerrilheiro" tem diálogo como protagonista em tocante retrato da ditadura militar

Filme é dirigido por José Eduardo Belmonte e tem distribuição da A2 Filmes

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(Foto: Divulgação)

A A2 Filmes levará aos cinemas, a partir de 13 de abril, O Pastor e o Guerrilheiro, novo filme de José Eduardo Belmonte e protagonizado por Johnny Massaro, César Mello e Julia Dalavia. A produção fez boa carreira nos festivais internacionais e nacionais e chega ao grande público em bom momento para os cinemas do país.



Especialmente, por se tratar de um tema tão pertinente quanto os horrores da ditadura militar e a evolução da democracia brasileira desde então. A trama se passa nas décadas de 1960, 1970 e nos últimos dias de 1999, na virada do milênio. Em 1968, o jovem comunista João deixa a universidade e vai para uma guerrilha na Amazônia. Lá ele é preso, torturado e enviado para a prisão em Brasília, onde encontra Zaqueu, um cristão evangélico, preso por engano. Eles sofrem juntos, superam diferenças ideológicas, se ajudam e marcam um encontro para 26 anos depois, à meia-noite, na virada do milênio, em cima da Torre de TV de Brasília.

“Desde a leitura do roteiro o que mais me chamou atenção foi o protagonismo do diálogo – ‘extremificado’ pelas figuras de um pastor e de um guerrilheiro em uma cela – enquanto ferramenta fundamental da estruturação de uma sociedade saudável. Entre dois extremos há sempre, necessariamente, um caminho do meio”, contou Johnny Massaro, que vive o guerrilheiro João. Inclusive, para ele foi um grande desafio mergulhar na interpretação do personagem que vive algo tão intenso que ultrapassa os limites de seu próprio ego.

O filme, que teve sua primeira grande exibição no Brasil no Festival de Gramado, vem chamando a atenção desde então, pelo impacto de sua temática e também por dialogar com o Brasil atual, não só dividido por ideias divergentes, mas também com sua própria democracia sendo ameaçada por grupos de ideologias da extrema direita.

Nesse sentido, a produção não deixa de falar sobre um futuro que ainda não nos pertence, mas que pode ser um lugar de encontros pela iminência de algo novo e desafiador, como foi a própria virada do milênio.

“O cinema é uma maneira lúdica de nos aproximar de realidades que muitas vezes não acessemos. É uma das ferramentas que operam na construção do real. Não acredito mais no ‘filme que vai salvar o mundo’, mas sou certo de que através do cinema – de todas as artes –podemos construir caminhos, apresentar novas perspectivas e atuar na realidade – pela subjetividade. Sinto que nosso filme funciona neste sentido, pelo recorte histórico, pelo cruzamento destas personagens, supostamente tão opostas, mas que se irmanam, através do diálogo, no melhor de suas humanidades”, contou o ator.

Levando isso em consideração, a A2 Filmes, responsável pela distribuição do filme no circuito comercial, está trabalhando com uma campanha de peso, apostando na potência do longa para alcançar seu público. Aliás, a estratégia de divulgação está focada em dois grupos distintos, primeiro os amantes do cinema nacional e também jovens e estudantes que têm fresco na memória a luta estudantil durante a ditadura. A campanha também não deixa de lado o público evangélico, que tem sua representação na figura do personagem brilhantemente interpretado por César Mello.

Com isto posto, já foram realizadas seis pré-estreias e sessões especiais em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Distrito Federal, Palmas e Campo Grande. Além disso, duas assessorias de imprensa foram contratadas para trabalhar em conjunto para que haja uma divulgação orgânica nos veículos. A equipe de programação foi reforçada e a agência de marketing digital está trabalhando de forma intensa para desenvolver materiais com bom alcance na internet, tendo uma verba acima da média para o cinema nacional. A estratégia também passa por distribuir materiais do filme nos pontos de venda, incluindo ações de mídia específica com grupos de exibidores, também com trailers já disponíveis para exibição há mais de dois meses do lançamento.

A campanha ganhou ainda mais força na semana anterior ao lançamento tendo como parceiro estratégico o Telecine, que abriu espaço em seus canais e nas redes sociais para divulgação do longa. Em destaque entram as conversas com os exibidores, que até puderam assistir ao filme com antecedência.

“Com os exibidores é sempre um grande desafio, nós sabemos como é insano a quantidade de oferta em relação ao espaço disponível, a concorrência é muito pesada, mas no geral o interesse pelo produto é muito bom, principalmente dos exibidores que assistiram ao filme. Nós reforçamos a equipe de programação, fizemos um trabalho com a manutenção de informações sobre o produto muito atuante, foram inúmeras semanas seguidas. Estamos confiantes no sucesso”, relatou Ronaldo Bettini Jr., diretor de novos negócios da A2 Filmes.

E essa confiança vem acompanhada de um sentimento conjunto de preocupação e muito trabalho dos players brasileiros, especialmente dos responsáveis por lançamentos nacionais, mas também autorais ou independentes, tendo em vista que o mercado para estes títulos ainda se recupera em velocidade mais lenta do que os blockbusters e em ritmo diferente de outros territórios internacionais.

“Não acho que seja algo particular com o cinema nacional, recuperar o público virou uma missão para todos os distribuidores independentes, títulos pequenos, médios e nacionais estão na mesma situação, até mesmo os títulos médios de estúdios estão passando por um momento mais delicado, acredito que o comportamento do consumidor em relação a estes títulos está ligado diretamente a janela curta entre o cinema e o digital, uma janela que diminuiu durante a pandemia e nunca mais retornou ao tempo normal, o acesso fácil tem dado certa comodidade ao público”, ressaltou o executivo.

Produzido por Nilson Rodrigues e com o roteiro de Josefina Trotta, inspirado em uma história real, o filme foi rodado no Estado do Tocantins, às margens do Rio Araguaia, e em Brasilia, e conta com a produção executiva de Caetano Curi, direção de fotografia de Bárbara Alvarez, direção de arte de Ana Paula Cardoso, direção de produção de Larissa Rolin, música de Sascha Kratzer e figurino de Diana Brandão.

Selecionado para o 50° Festival de Cinema de Gramado, o filme percorreu também o 21st New York Latino Film Festival, 24° Festival do Rio - Rio de Janeiro International Film Festival, 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, XXXVII Festival del Cinema Ibero-Latino Americano di Trieste, 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, 17° Comunicurtas - Festival Audiovisual de Campina Grande, 31st Pan African Film Festival, 40es Rencontres du Cinéma Latino Américain de Pessac, 14th BIFFES - Bengaluru International Film Festival e também 30th San Diego Latino Film Festival. Em Brasília, foi vencedor do prêmio Melhor Filme, concedido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, no 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, edição de 2022.

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