20 Junho 2023 | Gabryella Garcia

Venda de ingressos globais de cinema não deve retomar níveis pré-pandemia antes de 2027

Receita deverá ter um processo de recuperação mais rápido do que a venda de ingressos, e China deverá superar EUA

Apesar de as previsões mais otimistas apontarem que em 2023 é possível que a renda dos cinemas norte-americanos atinja um patamar similar ao período pré-pandêmico, impulsionado sobretudo pela maratona de blockbusters no verão, a recuperação da venda de ingressos deve ser mais lenta. O relatório anual "Global Entertainment & Media Outlook", da empresa de contabilidade PwC, apontou que apenas em 2027 a venda de ingressos nos cinemas de todo o mundo deverá chegar a um nível próximo ao atingido em 2019, último ano antes da explosão dos casos de Covid-19.

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A projeção é que em 2027 a venda de ingressos em todo o mundo atinja a marca de 7,2 bilhões, ainda um pouco abaixo do número de 7,9 bilhões em 2019. As receitas, por outro lado, tendem a apresentar uma recuperação mais rápida, sobretudo pela alta nos preços dos ingressos. De acordo com informações do Hollywood Reporter, a previsão é que em 2025 a receita global de bilheteria atinja US$43 bilhões, superando os US$39,4 bilhões de 2019.

Se levarmos em conta também a publicidade cinematográfica além da venda de ingressos, o estudo aponta para uma receita global de US$52,1 bilhões em 2027. Mas antes disso, em 2025, já atingirá os níveis pré-pandêmicos com uma receita de US$46,5 bilhões. Para CJ Bangah, diretor da PwC, a recuperação se deve aos blockbusters e a um novo olhar para o casamento que pode existir entre os grandes sucessos dos videogames com as telonas, além da alta no preço dos ingressos.

"Este ano ficamos um pouco mais otimistas e isso continua a ser impulsionado pelos grandes títulos e ajudado pelos editores de videogames, utilizando o cinema de novas maneiras e tendo grandes sucessos relacionados aos videogames", disse.

Para corroborar as palavras de Bangah sobre os grandes títulos, o próprio relatório da PwC destaca que em 2022 apenas três filmes, somados, conseguiram uma receita global superior à receita da China em todo o ano. Avatar: O Caminho da Água (US$2,3 bilhões), Top Gun: Maverick (US$1,5 bilhão) e Jurassic World: Domínio (US$ 1 bilhão) alcançaram uma receita de US$4,7 bilhões, enquanto a China atingiu a marca de US$4,5 bilhões no ano de 2022.

Super-heróis puxam oferta de grandes títulos

Após exibidores da América do Norte e da Europa terem reclamado de problemas no fornecimento de filmes e escassez de grandes títulos de sucesso em 2022, a projeção da PwC é que o período de vacas magras fique no passado. O relatório indica que há novamente um forte fluxo de filmes de super-heróis, apesar do arquivamento de Batgirl, com a utilização de recursos de animação de grande orçamento e sequências de alto nível. Para a PwC, isso deve garantir que não haja mais calmaria nas bilheterias nos próximos anos.

A soma desses fatores em um cenário que parece ser favorável, deve aliviar a pressão na venda de ingressos. Ainda se recuperando de um início de pandemia desastroso - e também cruel - com a venda de apenas 1,9 bilhão de ingressos em 2020, o desejo contínuo de estar em um cinema, sobretudo para acompanhar blockbusters, deve fazer esse número aumentar gradativamente até atingir um patamar de mais 7 bilhões de ingressos globais em 2027.

"O apetite subjacente por ir ao cinema permanece, assim como a disposição do público de pagar preços premium pela experiência na tela grande", aponta o estudo.

China deverá superar receita dos EUA

Após uma queda drástica nas bilheterias chinesas em 2022 por conta da Covid-19, o país oriental deverá retomar a dianteira da receita mundial nos próximos anos, repetindo o feito alcançado em 2020. De acordo com o relatório, a China deverá atingir uma receita de bilheteria de US$13,2 bilhões em 2027, enquanto nos Estados Unidos essa receita deverá ficar na casa dos US$11,9 bilhões. Além da venda de ingressos, os números também levam em conta a receita com publicidade cinematográfica.

Apesar de os cinemas dos Estados Unidos estarem em uma crescente após o período pandêmico, o mercado chinês está cada vez mais aquecido desde o início de 2023. Após a reabertura dos cinemas, além do fim da censura de vários filmes dos EUA que voltaram a ser permitidos no país, o mercado também é impulsionado pelo sucesso das bilheterias locais com filmes como Full River Red e The Wandering Earth II.

Já os EUA, apesar da iminente perda da liderança global, apresentam bons números de recuperação. A receita de bilheteria no país atingiu US$6,9 bilhões em 2019, um aumento considerável em relação ao valor de US$4,3 bilhões de 2021.

Além disso, o relatório prevê que até 2025 a bilheteria exceda a marca de US$10 bilhões, regularmente alcançada na era pré-pandêmica. A projeção da Pwc é para uma bilheteria de US$10, bilhões em 2025, US$10,7 bilhões em 2026 e US$11 bilhões em 2027, superando os US$10,8 bilhões alcançados em 2018.