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30 Maio 2024 | Redação

Cinemateca finaliza recuperação e digitalização da mais antiga coleção de filmes brasileiros

Quase dois mil filmes, datados desde a década de 1900, foram recuperados com nitrato de celulose como parte do projeto Viva Cinemateca

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(Foto: Divulgação)

A Cinemateca Brasileira finalizou a recuperação e digitalização da coleção em nitrato de celulose de 1.893 filmes brasileiros e, entre eles, estão os exemplares mais antigos do cinema brasileiro, realizados entre a década de 1900 e 1950. A iniciativa faz parte do projeto Viva Cinemateca, que conta com o patrocínio estratégico do Instituto Cultural Vale, com o patrocínio master da Shell e copatrocínio do Itaú Unibanco.

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Vale destacar que a coleção de filmes em nitrato de celulose que foram recuperados são parte da parcela mais antiga e frágil do acervo da instituição e que reúne os mais antigos títulos da cinematografia brasileira. Algumas das obras, que são registros históricos do Brasil entre as décadas 1900 e 1950, estarão disponíveis gratuitamente no Banco de Conteúdos Culturais (BCC) e no site da Cinemateca Brasileira.

O projeto Viva Cinemateca reúne os grandes projetos da Cinemateca voltados à recuperação de importantes acervos, além da modernização de sua sede e infraestrutura técnica. Por meio da Lei de Incentivo à Cultura, o projeto tem um custo de cerca de R$ 15 milhões.

A coleção de Nitratos da Cinemateca Brasileira foi formada por títulos sobreviventes advindos de arquivos e cinematecas de todo o país. Entre as obras recuperadas pelo projeto estão raridades como Barulho na Universidade (1943), filme de Watson Macedo dado como perdido; Cerimônias e Festa da Igreja em S. Maria, documentário mais antigo do acervo, filmado em 1909; Apuros de Genésio, filme de 1940 que será exibido no Festival de Filmes Silenciosos de Pordenone, em outubro; e Amazônia e Rio Exposição de 1922, uma compilação de imagens feitas por Silvino Santos entre 1919 e 1926 na região Norte do país e na então capital federal.

Desde a reabertura da Cinemateca em 2022, a recuperação da coleção de filmes do projeto Nitratos da Cinemateca Brasileira tem sido uma das principais frentes de trabalho da instituição. Vale destacar que as películas em nitrato de celulose, que eram utilizadas nos primeiros anos da indústria cinematográfica, são materiais extremamente delicados e que podem entrar em autocombustão. Foram eles os responsáveis por quatro incêndios da história da Cinemateca: 1957,1969, 1982 e 2016.

Para essa iniciativa, foram contratados 30 pesquisadores e técnicos de preservação e documentação de todo o país, que trabalharam por dois anos no projeto, recuperando 3.392 rolos de filmes - cinejornais, documentários, filmes de ficção, domésticos e publicidade. A maioria dessa equipe foi posteriormente incorporada ao quadro de funcionários da instituição.

"O Instituto Cultural Vale está ao lado da Cinemateca desde 2020 por entender a importância da casa da produção audiovisual brasileira, que preserva, também, um retrato da nossa própria identidade. Por isso, atuamos, juntos, em iniciativas pela sustentabilidade e modernização do espaço e pela salvaguarda de seu acervo, em especial, a coleção de filmes em nitrato de celulose, de valor inestimável", destacou Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale.

Projeto Viva Cinemateca

O Viva Cinemateca foi lançado em junho de 2023 voltado a ações de preservação de importantes acervos e coleções da Cinemateca Brasileira, como a coleção dos filmes em nitrato, agora recuperados, e o acervo do Canal 100, que é o próximo grande projeto da instituição.

Ao longo de sua realização, o Viva Cinemateca incluiu ações educativas e de difusão como a mostra de cinema e a exposição A Cinemateca é Brasileira, que percorreram 15 cidades de todas as regiões do país, o Festival Cultura e Sustentabilidade, as mostras Povos Originários da América Latina e Mulheres Pioneiras do Cinema, e os cursos de formação técnica e cultural, gratuitos, em formatos presencial e on-line com transmissão ao vivo pelo canal da instituição no Youtube.

Em novembro de 2023, quando foi anunciada a aquisição de rolos de filme virgem para a recuperação do acervo, Dora Mourão, Diretora Geral da Cinemateca Brasileira, destacou a importância do projeto para a preservação da memória audiovisual brasileira.

"A chegada desses materiais é ainda mais especial por se tratar de uma iniciativa muito importante para a preservação da memória audiovisual brasileira. A duplicação fotoquímica é muito importante para o trabalho museológico desenvolvido pela Cinemateca Brasileira, pois o suporte fílmico é o mais adequado para a conservação a longo prazo das obras. Além disso, nosso Laboratório é um dos poucos no mundo e o único no país com essa capacidade de processamento. Este trabalho de salvaguarda é reforçado ainda pelas ações de digitalização e catalogação, que promoverão um acesso qualificado em escala", disse à época.

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