28 Maio 2025 | Gabryella Garcia

Pós-produção integrada é fundamental para sucesso de um projeto: "Falta de planejamento reflete na queda da venda de ingressos"

Players debateram a importância da pós-produção de um projeto começar ainda na fase de planejamento

Com o objetivo de trazer para o debate dos novos modelos de negócios, aliados às novas tecnologias que surgem quase que diariamente, o Rio2C 2025 apresentou o painel "Da Concepção à Distribuição: Fluxos de Trabalho Inovadores na Era da Pós-Produção Integrada" para destrinchar a importância dessa etapa dentro da concepção de uma obra audiovisual. Mediado pela supervisora de pós-produção Sylvia Fernandes, o painel conta com a participação da também supervisora de pós-produção Gabriela Ruffino; da produtora e supervisora de pós-produção da Casa Jatobá, Veruschka Bauerle; e da gerente de pós-produção da Camisa Listrada, Monica Siqueira.

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Sylvia Fernandes, que se especializou em pós-produção no início dos anos 2000, deu o pontapé inicial pontuando que a pós-produção integrada não é apenas uma etapa da produção, mas sim um departamento estratégico que atua do início ao final de uma obra, sendo o único departamento que passa por todas as etapas do planejamento, integrando todos eles. "Uma pós-produção boa é invisível", disse.

A pós-produção integrada é uma etapa bastante técnica, assim como muitos de seus termos, mas Gabriela Ruffino explicou que, resumidamente, as etapas da pós-produção de uma obra audiovisual envolvem som e imagem, com os seguintes componentes:

• - Som: edição de som, trilha sonora, e mixagem
• - Imagem: tratamento de imagem, efeitos visuais, correção de cor, e arte gráfica

"O que acontece com um material depois da filmagem é que ele passa para o laboratório digital para tratamento da imagem e, para trabalhar na montagem, é necessário converter esse material e voltar para Full HD. A montagem potencializa esse material e a pós-montagem fecha o tempo e dá ritmo ao projeto e a obra audiovisual. Passada essa parte da montagem, entra a pós-produção para destrinchar o material e dividir aos fornecedores", explicou Ruffino.

O componente da trilha sonora dentro do som, por exemplo, envolve músicas originais, músicas licenciadas e canções originais. Ruffino destacou que todas as etapas da produção, desde o planejamento, possuem grandes equipes e que dentro dos novos modelos o ideal é que supervisores de pós-produção participem de todo o planejamento dos projetos para entender a dinâmica e o orçamento disponível, pois as finalizações dependem do planejamento que foi programado no início. "Toda essa integração desses fluxos inovadores que vão surgindo é basicamente voltar a comunicar todo o processo de forma integrada", destacou.

Veruschka deu continuidade ao debate apontando que a pós-produção integrada, apesar do nome, começa a trabalhar desde o desenvolvimento de um projeto, ainda antes da pré-produção, para atuar na construção do cronograma e do orçamento. O "caminho" de um filme é passar por desenvolvimento, pré-produção, produção, pós-produção e distribuição, mas na pós-produção integrada o profissional da pós participa do início do projeto, desde o planejamento.

"A pós-produção integrada é trazer a pós para o início do processo. Já deve participar da rodada de briefing criativo com o diretor para discutir o roteiro e, a partir do momento do briefing criativo, as informações necessárias vão gerar os dois pilares mais importantes que são cronograma e orçamento", disse Veruschka.

Muitas vezes, quando o planejamento é feito sem a participação de um pós-produtor, detalhes muito específicos dessa etapa são deixados de lado e esse planejamento tem que ser remontado para driblar limitações de orçamento que possam surgir.

"Nosso conhecimento tem que ser valorizado e não chamar a gente para orçar é falta de respeito com o próprio projeto, porque no final a falta de planejamento reflete na queda da venda de ingressos", explicou a supervisora de pós-produção.

No final do debate, Monica Siqueira reforçou que a pós-produção começa ainda no desenvolvimento de um projeto e que os fluxos inovadores de trabalho na pós-produção começam em um material filmado e terminam com esse material sendo entregue para a distribuição. Com a digitalização e avanço tecnológico, a importância de um pós-produtor pode ser vista, por exemplo, na utilização de softwares de gerenciamento de mídia e distribuição de materiais. Hoje é possível distribuir um material bruto para montadores, mas com todas as pessoas envolvidas no projeto recebendo as mesmas mídias, e com as mesmas organizações. "Qualquer pessoa que acrescente qualquer mídia, por ser uma rede interligada, automaticamente todos os discos são atualizados e isso facilita e agiliza o fluxo. As informações ficam em uma nuvem e permitem um fluxo remoto.”, explicou a gerente da Camisa Listrada.

Um exemplo de fluxo bastante inovador com a pós-produção integrada é a produção virtual e filmagem em tela de LED, facilitando montagem de cenas, vendas do projeto, além de gerar economia financeira em várias etapas de um projeto. a tecnologia, inclusive, foi utilizada no filme O Auto da Compadecida 2 (H2O Films).

"Essa técnica pode ir desde a venda de projetos até a filmagem porque pode reproduzir uma imagem no telão. A equipe vai até o local da locação do filme ou faz fotometria e reproduz a locação em 3D na escala perfeita. Quando se reproduz, é possível controlar a hora do dia, a sombra e até mesmo o clima, com chuva ou sol. Isso é uma loucura de lindo para a filmagem e venda de um projeto. É possível pegar uma locução e colocar um ator, mas na verdade é um dublê fazendo os movimentos, com o avatar do ator na tela. 'O Auto da Compadecida 2' utilizou muito essa tecnologia e facilita muito na montagem de uma cena para vender o projeto com uma concretude maior e levar a locação para a sala de produção como se fosse uma maquete. Isso economiza muito em produção, em efeito, na pós e em várias outras coisas", finalizou Monica.