24 Setembro 2014 | Redação
Cine em Cena segue os passos do Cine Tela Brasil e leva cinema para comunidades carentes
Novo projeto teve início em setembro e conta com exibições em 3D
Compartilhe:

Cerca de 92% dos municípios brasileiros não têm cinema e em certas comunidades as pessoas não possuem condições de viajar para um complexo, que muitas vezes fica quilômetros de distância de suas casas. Pensando nessas nisso, nasceu o cinema itinerante.
Publicidade fechar X

Seguindo o caminho pavimentado pelo Cine Tela Brasil, um novo projeto foi criado nas mãos de Edson Souza Silva e José Carlos da Silva: o Cine em Cena. O cinema itinerante mantém as características principais de seu predecessor e continua a exibir produções cinematográficas em municípios e comunidades onde não existe sala de exibição.
A dupla trabalhou ao longo de todos os dez anos do projeto realizado pelos cineastas Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi, que teve início oficial em novembro de 2004. “Eu comecei como produtor do Cine Tela Brasil e o José Carlos como projecionista. Ficamos nessa batalha durante dois, três anos rodando por cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Foram diversas cidades ao lado da Laís e do Luiz. Depois, em 2008, a gente passou a ter mais uma tenda e eu virei o produtor dessa nova unidade e o Zé Carlos veio como projecionista, passando a ser um produtor da unidade depois de mais uns três anos”, explicou Edson em entrevista especial ao Portal Exibidor.
O Cine Tela Brasil começou na caçamba de um carro e exibiu mais de 100 filmes nacionais para mais de 1,5 milhão de espectadores em 7395 mil sessões gratuitas ao longo de sua história. Contudo, este ano Laís e Luiz anunciaram que sua decisão de se dedicar somente aos projetos do Instituto Buriti e não continuariam com o cinema itinerante. Nesse momento, aconteceu o ponto de virada para Edson e José Carlos.
“O Luiz perguntou para a gente se não queríamos continuar com projeto. Pensamos, ‘poxa, ficamos a vida toda fazendo isso. Foram nove anos tocando, trabalhando’ e concordamos! Desde então estamos correndo atrás para que a gente consiga ter, pelo menos, 10% do sucesso que foi. Mudamos o nome, inscrevemos o projeto no Pronac, conseguimos, e a CCR veio e nos patrocinou, deu uma força super bacana”, completou Edson.
Graças ao bom relacionamento com o projeto predecessor, os jovens empreendedores conseguiram uma doação de alguns equipamentos previamente utilizados pelo Cine Tela Brasil. Contudo, buscando novas formas de melhorar e aprimorar a exibição para os espectadores, a dupla correu atrás de algumas melhorias.
Entre as novidades do novo projeto estão encostos nas almofadas nas 225 cadeiras disponíveis, dando mais conforto ao espectador, e o aumento da tela de 21 m² para 26 m². Porém, a mais especial de todas foi preparar uma estrutura que permitisse a projeção em três dimensões. “Foi uma grande sacada nossa, pois tem todo um procedimento. Temos uma tela prata, compramos uma máquina para lavar os óculos e, antes da sessão, a gente lacra em um plástico. Então pra gente também foi um desafio, mas está rolando”, disse Edson.
Equipamento e estrutura viajam desmontados em um caminhão e a montagem dura um dia inteiro para ser realizada, e outro para ser desmontada. A estrutura permanece no local por três dias com quatro sessões diárias antes de seguir viagem e, segundo Edson, é uma sensação única ver adultos e crianças assistirem a uma exibição em 3D pela primeira vez.
“É sensacional. A gente estava bem ansioso na primeira sessão no formato, pois queríamos ver como a molecadinha iria reagir. E as crianças foram demais, queriam pegar as coisas, tomaram susto, gritaram bastante. Elas tomaram muito susto, pois nossa primeira exibição em 3D foi com Rio 2. E o papagaio fica fantástico em 3D e eles davam risada, queriam pegar”, completa. Além da animação, outros três filmes são exibidos ao longo dos quatro dias: Uma História de Amor e Fúria, Cine Holliúdy e Amazônia.
O projeto teve início no dia 04 de setembro, no Rio de Janeiro, e apesar de repetirem algumas cidades onde o Cine Tela Brasil passou, este ano já apresenta novidades no roteiro. Entre os dias 12 de outubro e 06 de novembro o Cine em Cena passará por quatro municípios onde o cinema itinerante ainda não esteve: Lagoa Santa, Confins Pedro Leopoldo e Vespasiano, todos em Minas Gerais.
“Está sendo uma experiência muito bacana. Esperamos levar o cinema para lugares de mais difícil acesso ainda. Fomos para algumas regiões onde a pessoa não tem condição de ir ao cinema, mas não está longe de um complexo. E existem regiões muito mais pobres, onde é muito difícil da pessoa assistir um filme. Por isso queremos continuar”, explica Edson.
O planejamento para o próximo ano envolve 40 cidades ao redor do Brasil e a expectativa é manter o projeto rodando ao longo de 10 meses. “O cinema nos faz viajar com histórias de diferentes realidades. É importante mostrar essa diversidade na tela para públicos diversos. Com apoio das leis de incentivo e dos patrocinadores, vamos continuar levando esta sala de cinema para todos os cantos do país e alegrar muita gente”, finalizou Edson.
Compartilhe:
- 0 medalha