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09 Outubro 2015 | Fábio Gomes

RioMarket discute soluções para o mercado

Palestras envolvem o mercado de exibição nacional

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(Foto: RioMarket 2015)

A RioMarket, área de eventos voltada ao mercado de exibição do Festival do Rio, está a todo vapor. O evento conta com seminários e palestras para discutir a situação do audiovisual nacional e alguns deles envolveram diretamente o presente e o futuro do parque exibidor nacional e sua relação com outras áreas como distribuição e novas mídias.

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Um dos destaques do evento foi uma discussão sobre o crescente mercado de Video On Demand (VOD) no Brasil e no Mundo, com a participação de Ricardo Castanheira, diretor-geral da MPA; Rosana Alcântara, diretora da ANCINE; Fabio Lima, diretor do Sofá Digital; Walkiria Barbosa, que diretora executiva da Total Entertainment e diretora do Festival do Rio; e Luiza Duarte, social da Murta Goyanes.

O painel falou sobre como esta janela modificou a forma de consumo do público, que agora tem condição de assistir a um filme na sua televisão, computador, tablet e smartphone.

Para abrir a conversa, Duarte realizou um panorama do vídeo sob demanda. A executiva explicou que o sistema existe desde o final dos anos 90 nos EUA e houve uma expansão enorme do produto graças a popularização da Banda Larga. No Brasil, o produto é uma realidade, pois, segundo um estudo da Erikson, 36% dos brasileiros utilizam o VOD.

“Veio para ficar, pois o consumidor pode assistir onde e o quanto quiser. E também é uma fonte de divulgação para produtores”, afirmou. Segundo ela, existe a necessidade de regulação, mas é necessário observar a necessidade de mercado. “Nem sempre o que é bom por um VOD de assinatura, não será bom para um VOD transacional. É necessário dividir o modelo de negócio do VOD para não prejudicar o formato que pode ser muito importante ao audiovisual”, completou.

Rosana Alcântara, executiva da ANCINE, explicou que o VOD tem um grande potencial ao redor do globo, especialmente nos EUA, onde são arrecadados US$ 9 bilhões graças a aplicativos e outras formas de VOD.

“Estamos entendendo que é uma janela de oportunidade importante para o Brasil. Pode ser uma janela de oportunidade para produtores nacionais. Assim como quando ligamos a televisão e vemos um material de qualidade produzido no País, queremos que o brasileiro acesse a internet e também encontre um material de grande qualidade, que se identifique”.

Tripé da produção, distribuição e exibição

Outro destaque do evento foi a mesa redonda sobre “O Compromisso entre a produção, a distribuição e a exibição”. O evento, moderado por Paulo Sérgio Almeida, do Filme B, contou com a participação de grandes nomes do setor como Camila Pacheco, diretora de Marketing da Fox, Paulo Pereira, diretor comercial da Cinépolis, Walkiria Barbosa, diretora executiva da Total Entertainment, César Silva, VP da Paramount Brasil, e Rodrigo Saturnino, diretor geral da Sony Pictures.

A discussão foi pontuada por destacar a necessidade do compromisso entre a produção, a distribuição e a exibição para o sucesso de um filme. 

“Se não entendermos o momento que estamos vivendo, é difícil chegar a um modelo de lançar um filme atualmente. A primeira coisa é observar e se basear em exemplos que souberam se reinventar”, afirmou Camila Pacheco. A executiva falou sobre a mudança do público e explicou que o espectador atual consome não apenas o filme, mas a experiência. “Criamos o Beaty Truck, um caminhão de beleza que percorreu uma série de cinemas no Brasil. Pessoas faziam filas mais para ele do que para pipoca. Identificamos uma tendência, pensamos com o produtor a ideia e contamos com a ajuda do exibidor. Com isso, tivemos grande repercussão da imprensa. É apenas um exemplo sobre como podemos fazer parcerias para chegar mais longe”, completou.

Paulo Pereira falou sobre o case de Meu Passado Me Condena 2, que criou comerciais especialmente para a rede Cinépolis. “Engraçado como só trabalhávamos apenas com trailers e, conforme fomos mudando esse conceito, o público responde. Conversando com nossos gerentes, eles explicaram que a reação do público com um comercial exclusivo é maior do que com o trailer. Tem um potencial muito maior”, explicou.

Rodrigo Saturnino afirmou que mudou a forma de se comunicar, a forma de como o espectador escolhe o filme. Segundo um estudo apresentado no Festival, o executivo procurou entender o que faz o público tomar conhecimento de um filme. “O que tem maior influência na parte de conhecimento é a televisão, com presença em programas da telinha. Essa é a hora que o público toma conhecimento de um longa. Além dele, existe também o meio online com os sites dos filmes e dos exibidores e os trailers nos cinemas". 

Pirataria em discussão

A repressão à infrações de Direitos de Propriedade Intelectual foram abordados em um painel moderado por Walkiria Barbosa, diretora do Festival do Rio. Os palestrantes Ygor Valério, Vice-presidente Jurídico e de Proteção e Conteúdos para América Latina da MPA; Gustavo Surerus, gerente jurídico da Globosat; e Antonio Murta, sócio fundador da Murta Goyanes, debateram sobre a eficácia das ordens de bloqueio a provedores de acesso na Europa e a possibilidade da implementação dessa prática no Brasil, sob a ótica da liberdade de expressão e princípio da neutralidade da rede contido no Marco Civil da Internet.

Nos últimos cinco anos, com maior acesso à banda larga, o Brasil se desenvolveu como um dos maiores do mundo em pirataria digital. Ygor Valério falou sobre como países na Europa conseguiram bloquear sites de conteúdo ilegal.

“Já são 439 sites bloqueados em diversos países da europeus como Portugal, Espanha, Reino Unido e outros países”, explicou. Em seguida, o executivo divulgou um estudo realizado no Velho Continente que, após esses bloqueios, houve um aumento de 12% no consumo de conteúdos pagos. “Essas medidas podem ser uma saída para melhorar esse panorama de pirataria”, completou.

Gustavo Surerus falou sobre como a Globosat decidiu batalhar com a pirataria. A criação do Globosat Play foi uma das grandes soluções, pois via web o consumidor de televisões por assinatura pode acessar todos os conteúdos que tem em sua televisão.

“Tão ligada a isso foi a iniciativa do TelecinePlay, com a distribuição em VOD de todos os filmes que estão na grade. E assim por diante, com o Premiere Play, o Combate Play e isso vai para todos. Fazemos tudo para captar o consumidor. Se tivermos um conteúdo pago com qualidade, o consumidor vai se interessar”, afirmou.

Programação dos cinemas

O painel avaliou o atual sistema de exibição nos cinemas do Brasil e o comportamento do público junto ao VOD. Com moderação de Jorge Peregrino, da H20 Films, o evento contou com a participação de Marcos Oliveira, diretor geral da Diamond Films, Walkiria Barbosa e Valmir Fernandes, presidente da Cinemark.

Oliveira falou sobre as dificuldades de se divulgar um filme em um mercado em expansão como o Brasil e comparou a situação local com um país europeu para ilustrar os problemas de se ter um mercado com pouca variedade de filmes.

“Em mercados com o menor número de salas como o Brasil e o Reino Unido há maior dificuldade de programação e atração dos consumidores, gerando menor rentabilidade para toda cadeia de distribuição e exibição. Esses fatores devem provocar ajustes em toda cadeia de trabalho da distribuição com maior alternância de programação, horários, preços, sistemas de entrega do conteúdo e atração dos consumidores. Alterar oferta e demanda vai alterar as práticas que conhecemos”, explicou.

Valmir Fernandes, por sua vez, afirmou que é complicado entender as realidades do mercado olhando os números friamente. Segundo ele, não é porque um país conta com mais complexos que ele terá uma diversidade maior de conteúdo. “O que está claro pra mim, desde o dia que entrei na Cinemark, é que, independentemente do número de salas do complexo, você tem uma questão do padrão de lançamento que em um determinado complexo funciona”, afirmou.

Hoje, ele explica que, com a digitalização, foi possível melhorar a distribuição dos longas. Contudo, não é possível realizar grandes mudanças por conta do tamanho do parque exibidor nacional. “É como se colocássemos um motor de Tesla em um Fusca. Ele vai andar muito melhor, mas só conseguiremos colocar as mesmas cinco pessoas lá dentro”, finalizou.    

O Festival do Rio continua até o dia 14 de outubro.

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