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16 Outubro 2015 | Janaina Pereira

Festival do Rio encolhe e consagra “Boi Neon” na Première Brasil

Encontro refletiu crise econômica e política brasileira

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Gala de "Quase Memória", que recebeu o prêmio especial do júri (Foto: Festival do Rio 2015)

A 17ª edição do Festival do Rio refletiu a crise econômica que se instalou no Brasil. Mais enxuto, o Festival reduziu a quantidades de filmes, convidados e salas de exibição, tornando-se menor. Também mudou de sede, trocando o Centro do Rio pelo bairro do Flamengo, na zona sul da cidade. Segundo dados divulgados pela assessoria de imprensa do evento, cerca de 180 mil espectadores conferiram os 250 filmes de 60 países, exibidos até esta quarta (14).

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Na mostra competitiva do cinema nacional, a Première Brasil, foram apenas 13 longas concorrendo ao Troféu Redentor. Boi Neon, de Gabriel Mascaro, ganhou o prêmio de melhor filme, roteiro, fotografia e atriz coadjuvante (Alyne Santana). O longa, assim, vai se tornando o filme brasileiro mais premiado no ano de 2015 – também recebeu prêmios nos festivais de Veneza e Toronto, em setembro, mas ainda não tem previsão de estreia nos cinemas brasileiros.

O júri principal, formado pelo cineasta e fotógrafo Walter Carvalho (presidente); Christian Sida-Valenzuela, diretor executivo do Festival de Cinema Latino Americano de Vancouver; Alan Poul, produtor e diretor nos Estados Unidos; Pape Boye e Vivian Ostrovsky, optou por dividir alguns dos principais prêmios. Foi assim com o Redentor de melhor direção, que ficou com Anita Rocha da Silveira, por Mate-me Por Favor, e Ives Rosenfeld, por Aspirantes. Julia Bernat, também de Aspirantes, dividiu com Alyne Santana o prêmio de atriz coadjuvante. Ariclenes Barroso, de Aspirantes, levou o prêmio de melhor ator, e Valentina Herszage, de Mate-me Por Favor, ficou com o troféu de melhor atriz. Caio Horowicz, de Califórnia, foi o melhor ator coadjuvante. O prêmio especial do júri foi para Quase Memória, de Ruy Guerra.

Na categoria documentário, o prêmio de melhor filme foi para Olmo e a Gaivota, de Petra Costa e Lea Glob, e o de melhor direção para Maria Augusta Ramos, por Futuro Junho. Na mostra Novos Rumos, o vencedor foi Beira-mar, dos estreantes em longa-metragem Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, que também conquistaram o Prêmio Felix, concedido ao melhor filme de temática LGBT. Entre os curtas, o escolhido na competição oficial foi Pele de Pássaro, de Clara Peltier.

Pelo voto popular, o melhor longa de ficção foi Nise – Coração da Loucura, de Roberto Berliner, que com isso conquistou o Prêmio Projeta Brasil, oferecido pela rede Cinemark, no valor de R$ 35 mil. O prêmio é procedente da renda arrecadada com o Projeta Brasil, evento realizado anualmente pela Cinemark, que reserva uma segunda-feira do mês de novembro para exibir somente filmes nacionais na Rede. Neste ano, o Projeta Brasil será dia 9 de novembro, nos 77 complexos distribuídos por 17 estados e Distrito Federal da rede. A renda arrecadada na data é totalmente revertida para projetos de incentivo à produção cinematográfica nacional como prêmios em festivais, recuperação de acervos e prêmios acadêmicos.

Ainda pelo voto popular foram premiados Betinho – A Esperança Equilibrista, de Victor Lopes (documentário), e Até a China, de Marão (curta). O Festival do Rio premiou ainda o mexicano Te Prometo Anarquia, de Julio Hérnandez Cordón, como o melhor longa-metragem latino-americano, escolhido entre os exibidos na mostra Première Latina.

Rodrigo Santoro se destaca

Sem grandes astros internacionais em seu tapete vermelho, coube ao ator Rodrigo Santoro o posto de maior estrela da 17ª edição do Festival do Rio. Santoro lançou na capital carioca o filme Os 33, de Patricia Riggen, que tem ainda Antonio Banderas e Juliette Binoche no elenco. Ele parecia otimista com a recepção ao filme. “Fiquei muito impressionado na première no Chile. Eles estavam lá, emocionados, gritando, revivendo a história. Nunca vou esquecer aquela noite”, disse.

Porém, Os 33 não foi bem recebido pelos jornalistas que cobriam o Festival do Rio. Para o crítico de cinema Francisco Carbone, A Obra do Século, No Andar de Baixo, À Tarde e Anomalisa foram os melhores filmes do evento. Ele também destacou a fraca safra nacional.

“A seleção nacional foi fraca, com alguns filmes sem qualquer condição para competir em festival. Dos 13 filmes da competição oficial da Première Brasil, só quatro tinham gabarito para tal. Meu lado cinéfilo sempre vai amar um festival de cinema. Vi mais de 60 filmes, mas tive a impressão de assistir a muitos que me irritaram profundamente, por sua total ausência de qualidade. E o pior deles pra mim foi o italiano Per Amor Vostro”, analisou.

Carbone também comentou sobre o Festival do Rio ter se tornado menor. “O encolhimento foi claro, tanto de quantidade de salas quanto de filmes, e fez uma diferença, mesmo que não tenha sido alarmante como imaginamos quando tal anúncio foi feito. Mas teve um baque sim [no evento], ainda que os organizadores tenham feito o possível pra minimizar a situação”, concluiu.

Veja a galeria de fotos do Festival.

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