20 Maio 2016 | Verônica Domingues

Netflix traz novidades para o cinema espanhol

Estreia exclusiva na plataforma fomenta o debate sobre as janelas de lançamento

A estreia da comédia erótica Como la Espuma (Roberto Pérez Toledo) no dia 8 de julho com exclusividade Netflix trouxe novas discussões para a indústria cinematográfica espanhola. Por isso, o periódico El Español traçou um panorama do mercado, apontando os desafios e as possíveis soluções para a distribuição dos filmes no território.

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A crise financeira que assola o país há quase uma década afastou os espectadores das salas de cinema – sobretudo porque o valor do ingresso chegou a € 9 em algumas redes e a média da União Europeia (UE) é € 4,82. De acordo com o Ministério da Educação, Cultura e Esporte, os espanhóis assistem, em média, 1,8 filmes por ano nos cinemas.

O cenário começou a se agravar em setembro de 2012, quando o presidente Mariano Rajoy e o Ministro da Fazenda Cristóbal Montoro aumentaram o imposto IVA de 8% para 21%. As exibidoras, que também pagam uma taxa de 3% sobre os diretos autorais, viram sua arrecadação cair de € 635 mi (US$ 712 mi) em 2011 para € 524 mi (US$ 587 mi) em 2013.

Em meio a isso, o processo de digitalização ficou comprometido. Segundo dados apresentados no periódico, cerca de 20% das salas de cinema não têm acesso ao financiamento necessário para fazer a modernização. Como a oferta de filmes em celuloide se encerrará em alguns meses, esses complexos podem fechar se o problema não for contornado.

A complexa situação econômica pode impactar diretamente o Netflix. Para alguns produtores, estrear exclusivamente na plataforma pode ser uma vantagem para atingir o seu público. No entanto, é preciso pensar até que ponto a eliminação de uma janela de lançamento não impactaria negativamente o mercado ou mesmo a própria experiência cinematográfica. Há quem diga que a magia do cinema só acontece dentro de uma sala especial com um som único e uma tela grande. A polêmica discussão foi abordada na 21º edição da Revista Exibidor.

De qualquer forma, o alcance do Netflix está fazendo o governo espanhol repensar os impostos sobre os serviços de streaming. Está se desenhando uma proposta de aumentar essas taxas, para que mais dinheiro seja usado na produção de longas-metragens e programas de TV europeus.

Hoje, a plataforma streaming já cuida de exibição e da distribuição de conteúdo audiovisual, faltando apenas se envolver mais diretamente na produção.