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07 Outubro 2016 | Vanessa Vieira

Estudo da MPA destaca meia-entrada e alta tributação sobre o mercado exibidor

Material que será divulgado na RioMarket aponta ainda aumento de empregos no setor de exibição e reforça processo de digitalização

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(Foto: ShutterStock)

A Motion Pictures Association – América Latina divulgará hoje (07) durante o RioMarket 2016, área de negócios do Festival do Rio, o estudo “O Impacto Econômico do Setor Audiovisual Brasileiro”, realizado pela Tendências Consultoria Integrada com apoio do Sindicato da Indústria Audiovisual – Sicav. Participarão da apresentação Ricardo Castanheira, diretor da MPA; Alfredo Bertini, secretário do audiovisual do Ministério da Cultura; e Walkíria Barbosa, diretora do Festival do Rio e da Total Entertainment.



Uma edição anterior do estudo também foi divulgada durante o RioMarket em 2014, quando foram apresentados dados de 2009. De acordo com o novo material, o setor audiovisual teve em 2013 uma participação de 0,38% do PIB brasileiro, cerca de R$ 1 bilhão a menos do que 2009 em termos de rendas diretas – R$ 18,6 bi – e R$ 1,8 bi a mais em contribuição indireta para a economia – total de R$ 16,8 bi. Em relação a 2012, o ano também ficou com R$ 1 bilhão a menos nas receitas diretas. Segundo dados de julho de 2016, o setor audiovisual contribui indiretamente com R$ 23 bilhões para a economica brasileira. [Atualizado em 10/10/2016, às 14h10]

“O estudo mostra que o setor de audiovisual brasileiro, para além do importante viés sociocultural, pode ser visto também como grande motor de inovação, competitividade, crescimento econômico e geração de empregos. A capacidade criativa do brasileiro é inesgotável”, comenta o diretor-geral da MPA, Ricardo Castanheira. [Atualizado em 10/10/2016, às 14h10]

Mercado exibidor

Quem ganhou destaque no estudo é o mercado de exibição, principalmente pelo desenvolvimento do setor no processo de digitalização e pelo valor médio do ingresso, além da alta superior a 10% na quantidade de empregos no segmento. A mudança do analógico para o digital foi considerada expressiva, indo de 31% das salas em 2012 para 95,7% no primeiro trimestre de 2016. Outro ponto de crescimento para o setor foi a quantidade de salas, que aumentou 12% entre 2013 e 2015. Atualmente o parque exibidor conta com 3.005 telas, no entanto, segundo o estudo esse número ainda é insuficiente.

Isso porque, além de estarem em poucas cidades do País, os cinemas ainda têm alta concentração em municípios com mais de 500 mil habitantes. Hoje 60% dos complexos estão nessas cidades. Apenas 1,4% dos municípios com até 50 mil habitantes têm salas de exibição e apenas 25% das cidades com população entre 50 mil e 100 mil. Apesar dos números ainda serem alarmantes, é preciso apontar a evolução do segmento: em 2012 51% dos brasileiros não tinham acesso a cinema, hoje são 46%.

De acordo com estudo da UNESCO em 2013, conclui-se que o Brasil é o 57º país em termos de salas por 100 mil habitantes, ficando atrás de outros países latino-americanos como Argentina, Chile, Colômbia, Uruguai, México e Venezuela. Porém, o tamanho do território brasileiro pode ser um dos fatores que contribuem para esse posicionamento. O país com melhor média de tela por habitante em 2013 são os Estados Unidos.

Dessa maneira, o estudo considera o acesso à experiência cinematográfica ainda muito restrito, sendo que essa situação se agrava ainda mais quando o preço dos ingressos é colocado na equação. Isso porque, segundo o material, o preço cobrado pelo tíquete ainda é muito alto em relação ao poder de compra do brasileiro. Apesar de ter uma média de preço abaixo da apresentada pela Argentina, em 2013 o ingresso no Brasil representa 0,6% da renda mensal per capita. Um ponto positivo nessa questão é que esse peso do valor do tíquete diminuiu em relação a 2005, quando era de 0,8% da renda mensal per capita.

Apesar da crítica ao preço do bilhete, o estudo identifica os benefícios como meia-entrada e os impostos como causadores desse alto custo. “Muitas vezes, no entanto, os mecanismos de verificação de elegibilidade são falhos, de modo que há espaço para comportamento oportunista. Com isso, apesar destas políticas visarem a redução do preço pago pelos beneficiados, têm o efeito final de encarecer o serviço pago pelos demais consumidores. Além da questão dos subsídios, o preço do ingresso no Brasil é influenciado pela alta carga tributária que incide sobre o setor” – trecho do documento.

A ameaça da pirataria e outros temas

O estudo da MPA também apontou a necessidade de todo o setor audiovisual e o governo brasileiro se unirem contra a pirataria. De acordo com pesquisa da Ipsos e Oxford Economics realizada em 2010, estima-se que o País perca R$ 3,5 bilhões no PIB apenas por conta da pirataria. Em termos de receitas para o setor, os ganhos poderiam crescer em R$ 7,2 bilhões. Além disso, cerca de 92 mil postos de trabalho deixam de existir por conta desse tipo de crime e o governo deixa de arrecadar R$ 976 milhões em impostos.

Atualmente, cerca de 400 websites com conteúdo ilegal são voltados ao mercado brasileiro, com 57 desses recebendo mais de 1 milhão de visitas mensais.

O documento ainda apresenta dados dos setores de produção e distribuição, bem como do video on demand – VOD (vídeo sobre demanda, em tradução livre) – que é o meio utilizado por 15% dos brasileiros para acessar conteúdo audiovisual todos os dias e por 34% para acesso semanal. O Brasil é o oitavo maior mercado do mundo para VOD e o maior da América Latina, com receita estimada de US$ 352 milhões para este ano. O País foi também o primeiro território internacional que recebeu a Netflix em 2011. Apesar disso, o Brasil tem apenas 28 provedores de VOD, número considerado baixo pelo posicionamento do setor.

Quanto ao setor de produção, uma das principais críticas do estudo da MPA foi a falta de sustentabilidade no modelo de negócios aplicado hoje. O documento recomenda que os incentivos e financiamentos precisam ser reestruturados para garantir que o mercado comece a depender menos do apoio governamental. Outro ponto criticado é a exportação de conteúdo brasileiro, que precisa ser ampliada, e a capacitação dos profissionais brasileiros, que pode ser melhorado por meio de parcerias entre os agentes do setor audiovisual.

Veja as fotos do evento!

Confira alguns dos gráficos referentes ao mercado exibidor:

Clique abaixo para ver ampliado:

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