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14 Dezembro 2017 | Marcelo Lima, Fernanda Mendes, Vanessa Vieira e Natalí Alencar

Análise: Disney compra Fox - Quais os impactos internacionais e nacionais?

O processo de compra deve durar um ano e meio e deve ser aprovado por reguladores antitruste

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(Foto: Divulgação)

Após gerar muito burburinho no mercado mundial, a Disney confirmou nesta quinta-feira (14) sua proposta oficial para comprar as divisões de entretenimento e televisão da 21st Century Fox por US$ 52,4 bilhões. Tendo um valor de mercado de US$ 69 bilhões, devido a débitos da Fox e questões acionárias.

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O acordo surpreendente, no entanto, ainda precisa passar pelas aprovações do Tribunal de Justiça norte-americano e pelos reguladores antitruste do mundo inteiro. É esperado que esse processo dure em torno de um ano e meio. Inclusive, o anúncio de compra da Time Warner pela AT&Trecebeu uma ação do Advogado Geral do Governo Americano se opondo a aprovação.

Uma vez aprovada, a aquisição deve mudar os rumos de Hollywood e do mercado mundial de cinema. “Nós estamos honrados e gratos que Rupert Murdoch confiou em nós o futuro de seus negócios que ele passou a vida inteira construindo”, afirmou em comunicado oficial Bob Iger, presidente da Disney.

No entanto, mesmo que a compra não for aprovada pelos reguladores do governo, o contrato inclui o pagamento de US$ 2,5 bilhões da Disney para a Fox. E outra condição é uma taxa de US$ 1,52 bilhões para cada lado se uma das partes desistir da transação.

Segundo as notícias que começam a surgir agora, muitos estúdios da 20th Century Fox podem ser fundidos aos da Disney ou então os filmes da companhia podem ser reduzidos somente à distribuição online.

Condições

Para conseguir completar a aquisição da Fox, Bob Iger concordou em adiar sua aposentadoria, que aconteceria em julho de 2019, para 2021. A condição foi imposta pelo próprio presidente da Fox, Rupert Murdoch.

"Acredito firmemente que essa combinação com a Disney irá atrair ainda mais valor aos acionistas, já que a Disney continua a marcar um ritmo que emociona a indústria e a torna ainda mais dinâmica”, afirmou Murdoch em comunicado oficial. É esperado que os acionistas da Fox fiquem com 25% das ações da Disney.

As novas marcas que estarão sob domínio da Disney irão alavancar os planos para serviços de streaming da companhia para os próximos anos. O conglomerado, que possui participação de 30% nos serviços de VOD do Hulu, quando adquirir a Fox, passará a ter controle majoritário da marca, já que comprará também a participação da Fox no Hulu. Muitos acreditam que agora a Disney poderá ultrapassar a Netflix e a Amazon no setor de streaming.

A aquisição também inclui o controle do estúdio de televisão da Fox, que possui 36 séries em produção, além de 22 canais a cabo regionais dedicados a esporte. Os canais FX e National Geographic estão no acordo e, além disso, a Disney pretende continuar o processo de compra dos 61% da Sky no Reino Unido, iniciado pela Fox.

As marcas de jornalismo da 21st Century Fox ficaram de fora do acordo como a Fox News, o canal de esportes FS1 e a rede de broadcast da companhia.

* Impactos internacionais – O que já se sabe e o que é esperado

Um dos principais questionamentos que rondam a imprensa internacional é se a marca Fox Film será mantida de maneira relativamente independente ou se sumirá ao ser adquirida pela Disney. Ambas possibilidades podem acontecer já que, por ora, apenas a compra foi anunciada. Ainda se especula se o estúdio físico da Fox nos EUA será também tomado pela Disney ou se terá um funcionamento próprio. É esperado que os detalhes operacionais do acordo sejam anunciados nas próximas declarações das companhias.

Em relação à produção cinematográfica da Fox, também não se sabe se o conglomerado 21st Century Fox continuará a produzir longas-metragens para a telona após a aquisição de seus principais estúdios pela Disney. Vale lembrar que o estúdio adquirido tem a tradição de contar com títulos premiados em cerimônias-chave do mercado global de cinema como Oscar e Globo de Ouro.

Além disso, a Fox tem outros estúdios associados dentro do departamento de cinema, não ficando claro, então, quais deles podem “sobreviver” à aquisição. Outra dúvida em relação à produção de filmes é se todos os diretores e roteiristas sob contrato com a Fox aceitarão trabalhar para a Disney. A situação de grandes franquias como Avatar, que terá atração dentro dos parques temáticos da Disney, também fica sem resposta por enquanto.

Quanto ao setor de streaming, com a criação de um serviço próprio da Disney, o estúdio pode incrementar seu catálogo com produções da Fox, o que representaria um desfalque de títulos para concorrentes como a Netflix.

Marvel ainda maior

O Universo Cinematográfico Marvel, que já soma US$ 13 bilhões, pode ganhar novos reforços já que muitas propriedades e marcas da empresa de quadrinhos ainda estavam com a Fox como os X-Men. As comunidades de fãs, inclusive, já sonham com crossovers dos mutantes com os Vingadores, enquanto outros temem que não sejam mais realizadas produções como Logan e Deadpool, que trazem um tom diferenciado para super-heróis.

Com a compra da Fox, a Disney só não terá a totalidade das propriedades Marvel porque personagens como o Quarteto Fantástico continuarão com a 20th Century Fox, o Homem-Aranha ainda pertence à Sony e a Universal tem direitos sobre filmes solo do Hulk.  

* Rumores e questionamentos para o mercado brasileiro

O que todos estão se perguntando agora é: como fica o mercado brasileiro?

Em conversas com alguns profissionais do mercado, há alguns cenários possíveis. Vale lembrar, que estamos falando apenas de rumores e opiniões do próprio mercado, nada estando confirmado até o momento.

A Fox sai do escritório da Warner – Com o anúncio da compra da Disney, é bem provável que haja a separação total do escritório e profissionais entre Fox e Warner.

A Fox pode ter escritório próprio – Não se sabe se a Disney vai manter a mesma estrutura da empresa no Brasil e apenas incorporar os produtos ou se haverá mudanças significativas. De qualquer modo, a equipe Fox brasileira tem trabalhado com muito empenho e obtido resultados expressivos, o que pode lhe garantir sobrevida.

Nova força para os produtos Fox – A Disney tem toda uma preocupação com relação aos produtos antes e após o lançamento nos cinemas, transformando os filmes em “marcas”. Isso pode contribuir com os próximos lançamentos agora da Fox também.

O que pode mudar para o Exibidor – A torcida é que mude para melhor e que não haja grandes impactos, no entanto, é preciso aguardar todo o trâmite e a oficialização, especialmente para o Brasil. Os empresários internacionais apontam que a mudança é para melhor e os exibidores brasileiros esperam por isso.

Transição – O mandato do atual presidente da Disney segue até 2021, justamente para que ele acompanhe todo esse processo de transição e aqui no Brasil essa transição deve demorar também, principalmente porque envolve aspectos financeiros e de ordem organizacional primeiro da separação Fox/Warner e depois da incorporação oficial à Disney.

Novas possibilidades para as telonas – com o retorno de X-Men e Deadpool à Marvel, o cardápio criativo de produções aumenta e as possibilidades nos cinemas também. Os fãs já estão empolgados e os exibidores poderão ter filmes lançados com sessões lotadas.

Poder Disney – Com a aquisição, a Disney que já agrega marcas importantes e cifras bilionárias, agora terá ainda mais poder com produtos como Planeta dos Macacos e Avatar.

VPF - Segundo Luiz Fernando Morau, da Quanta DGT, a negociação entre as empresas não afeta o desenvolvimento do VPF. "O contrato entre a Quanta DGT e a Fox continua seu curso e vigência, sem nenhuma alteração em suas obrigações e definições".

Cinco majors? – Outro questionamento é se a marca Fox se manterá forte enquanto “Major” ou se será tudo Disney. No entanto, a Fox tem uma trajetória e um trabalho construído ao longo de muitos anos e não irá simplesmente sumir com a compra. Espera-se que a marca Fox continuará ainda muito forte.

Concorrência - A fusão de duas empresas de qualquer setor sempre aumenta a concentração nos players de entretenimento, mas é uma tendência mundial por causa da internet e concorrência com os grandes players dessa internet.

Bob Iger, presidente da Disney, e Rupert Murdoch, presidente da Fox

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