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03 Dezembro 2018 | Roberto Sadovski

"The Irishman será lançado no cinema, como deve ser", diz Robert de Niro

Drama de Martin Scorsese custou US$ 140 milhões e foi bancado pela Netflix

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O diretor Martin Scorcese ao lado de Robert De Niro (Foto: Getty Images)

Roma é só a ponta do iceberg do conflito entre a plataforma de streaming Netflix e os proprietários de cinemas em todo o mundo. A polêmica é a janela entre exibição em circuito e lançamento em streaming, que anda muito pequena para compensar aos exibidores. O filme de Alfonso Cuarón, desde já um dos favoritos ao Oscar do ano que vem, ganhou apenas três semanas em tela grande antes de sua estreia na plataforma – maior janela já concedida pela Netflix.



Mas o drama de Cuarón é um filme intimista, em preto e branco, com elenco desconhecido. A questão vai ferver quando The Irishman, épico de gângster com assinatura de Martin Scorsese, aproximar-se de seu lançamento. Com elenco que traz Robert De Nito, Al Pacino, Joe Pesci e Harvey Keitel, o drama é exatamente o tipo de produção que mira uma consagração com os prêmios da academia, mas que só encontrou na Netflix a força para bancar seu orçamento de US$ 140 milhões. 

“Já conversamos sobre o assunto com a Netflix”, disse De Niro, durante o festival Atlas Talent em Marrakesh, um programa que busca incentivar jovens cineastas na África e Oriente Médio, que tem patrocínio justamente do gigante de streaming. “Eles vão apresentar nosso filme do jeito que deve ser, em um cinema, nas melhores salas possíveis.” O ator não entra em detalhes, mas deixa claro que a exibição em streaming será colocada na mesa somente depois de sua passagem por circuito exibidor. 

Com a janela tão reduzida, grandes redes de exibição, como AMC e Cinemark, tem preferido não fechar acordos de distribuição com a Netflix. Um projeto como The Irishman é justamente o tipo de produção de prestígio e de potencial comercial que pode alimentar ainda mais a polêmica. 

Ao acompanhar décadas na vida de um gângster americano, The Irishman viu seu orçamento extrapolar os números originais quando Scorsese percebeu o volume de efeitos especiais a ser empregado: afinal, seu elenco de veteranos será rejuvenescido digitalmente em até cinco décadas ao longo do filme. De Niro ressalta que a Netflix, embora esteja pagando a conta, deu total liberdade criativa ao cineasta, mesmo quando o orçamento encostou em números reservados para produções, por exemplo, da Marvel. “Martin queria nada menos que perfeição para que todos nós ficássemos jovens de novo”, conclui De Niro. “Trabalhar sem maquiagem nos deu muita liberdade.”

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