Exibidor

Publicidade

Notícias /mercado / Polêmica

17 Maio 2019 | Renata Vomero

"Vingadores" ainda é pauta no mercado internacional

Longa estreou em mais de 80% dos cinemas na América Latina e em 90% nos EUA

Compartilhe:

(Foto: Marvel/Disney)

Não foi apenas no Brasil que o lançamento de Vingadores: Ultimato (Disney) gerou polêmica no setor audiovisual. Por um lado, os produtores, diretores e distribuidoras demonstraram descontentamento com o domínio do filme, por outro lado os exibidores enxergaram nessa estreia uma oportunidade para atrair público. A forte presença do esperado longa da Marvel nos cinemas, ligou os radares de diversos representantes da área espalhados pelo mundo, especificamente na América Latina.



Tendo em vista que o longa estreou em mais de 80% dos cinemas espalhados pela América Latina, a FIPCA (Federação Ibero-Americana de Produtores Cinematográficos e do Audiovisual) divulgou um documento ressaltando a questão. Intitulado “Preocupação da FIPCA sobre as estreias nas salas de cinema”, tal documento foi divulgado entre os profissionais da área. “Um lançamento de tal magnitude quebra as regras básicas de liberdade de mercado e destrói qualquer possibilidade de concorrência legítima, atacando a diversidade, a pluralidade e a livre circulação e comercialização dos filmes”, diz trecho do comunicado.

A FIPCA finaliza o texto fazendo um apelo à CACI (Conferência das Autoridades Cinematográficas Ibero-Americanas), junto também às associações de produtores, distribuidores e exibidores para que “os mecanismos mais eficientes sejam encontrados para garantir a livre circulação de obras ibero-americanas e de outras cinematografias - incluindo as ‘não-mainstream norte-americanas’, permitindo que a primeira janela comercial de filmes ofereça igualdade de condições e oportunidades para todos”.

Apesar de os produtores sentirem essa questão, os exibidores enxergam o debate por um outro ângulo, já que eles querem ter maior liberdade de programação e por verem nesses grandes lançamentos a oportunidade de fazer bom público, já que o filme da Marvel foi responsável por lotar as salas, independente do horário disponível. Inclusive, nos próprios Estados Unidos, que não fazem parte da região ibero-americana, o longa teve maior domínio sob outras produções locais. “Não há cotas de tela aqui nos Estados Unidos, então a conversa sobre o conteúdo local não ocorre aqui. Essencialmente, os estúdios de Hollywood incluem conteúdo local, uma vez que eles são baseados nos EUA. A maioria dos exibidores avalia seus clientes e mercado para determinar o que eles programam em seus cinemas. Com base nos dados deste fim de semana, os Vingadores estiveram em um máximo de 4.662 cinemas. Isso é aproximadamente 90% dos cinemas no mercado dos EUA. Os dados não fornecem em quantas salas”, revelou David Binet, Diretor de Filiação da Nato (Associação Nacional dos Donos de Cinemas) dos EUA, quando questionado pelo assunto. Como ele tratou, é uma situação diferente, já que o filme é uma produção estadunidense, obviamente, entrando em competição com menores títulos lançados pelo país.

No Brasil, a discussão foi longa e teve início quando Mariza Leão, produtora do De Pernas Pro Ar 3 (Downtown/Paris) demonstrou sua indignação com o fato da comédia nacional ter o espaço diminuído nos cinemas por conta da estreia do filme da Marvel. A partir disso o debate se esquentou acerca do assunto, o que, possivelmente, levou o Ministro da Cidadania, Osmar Terra, a assinar a Cota de Tela 2019, que ainda não foi aprovada pelo presidente do país. Vingadores: Ultimato (Disney) estreou no país em mais de 93% dos complexos brasileiros.

No México o debate não foi diferente, o longa estreou em 96% dos cinemas, além disso, a produção da Marvel esteve em 6.840 salas, sendo que o país conta com 7.106, isso representou um domínio do filme em mais de 98% das salas. Na ocasião, o diretor mexicano Alejandro G. Iñárritu comentou que este seria um “genocídio cultural”.

 

Confira a íntegra do comunicado da FIPCA:

A Federação Ibero-Americana de Produtores Cinematográficos e do Audiovisual (FIPCA) manifesta a sua mais profunda preocupação quanto à agressividade com que os estúdios de Hollywood vem realizando as estreias de seus filmes mais importantes nas salas cinematográficas de toda a região.

Esta situação, que vem se agravando ano após anos, alcançou o seu pico máximo de monopolização de salas com o filme Vingadores: Ultimato, que chegou a uma ocupação média de 80% nas salas da América Latina.

Um lançamento de tal magnitude quebra as regras básicas de liberdade de mercado e destrói qualquer possibilidade de concorrência legítima, atacando a diversidade, a pluralidade e a livre circulação e comercialização dos filmes.

Embora haja plena consciência de que a matriz do negócio audiovisual foi modificada na última década, e que essas modificações impactaram o negócio tradicional de exibição, isso não significa necessariamente que certas obras tenham uma situação de privilégio em circuitos comerciais em detrimento de outros.

Por esta razão que nós da FIPCA fazemos um apelo às autoridades do CACI, junto às associações e câmaras de produtores, distribuidores e exibidores, para que se encontrem os mecanismos mais eficientes sejam encontrados para garantir a livre circulação de obras ibero-americanas e de outras cinematografias - incluindo as ‘não-mainstream norte-americanas’, permitindo que a primeira janela comercial de filmes ofereça igualdade de condições e oportunidades para todos.

Compartilhe:

  • 7 medalha