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Artigo / Distribuição

18 Setembro 2020

Lançamentos personalizados – um novo DNA Elocompany

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Com o crescimento do streaming, os estúdios têm buscado novos modelos de lançamentos. A Netflix, de certa forma, foi a grande pioneira nesse sentido, inclusive com os filmes de arte e premiados em grandes festivais como “Roma”, de Alfonso Cuaron, que apesar de ser um filme de streaming, foi encarado pela Academia (Oscar) como um filme cinematográfico e ponto.

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A briga é de gigantes e inclui os grandes players de streaming que buscam ineditismo de conteúdo e os maiores exibidores do mundo.  Por exemplo, em alguns países europeus houve receio com o lançamento numa forma de defender a “pureza” do cinema ou mesmo de manter a receita dos canais tradicionais.

Nos Estados Unidos, o filme foi lançado num circuito reduzido para cumprir as normas da Academia e mesmo com suas características especificas, saiu com três prêmios incluindo Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Diretor.

A mudança em relação a ordem de janelas, tempo exclusivo de cinema e outras regras de defesa de mercado já demonstravam mudança, porém, foi com a COVID-19 que o processo realmente acelerou. Os grandes estúdios, tendo em vista o fechamento dos cinemas e a grande demanda de conteúdo em casa, lançaram filmes com previsão de estreia em cinema direto no streaming, e não é que deu certo?

“Trolls 2”, por exemplo, faturou mais de US$ 100 milhões no chamado Premium VOD ou vídeo on demand transacional e com valor Premium devido ao ineditismo.

De acordo com o relatório do The Wall Street Journal e reportagem do G1: "seu desempenho convenceu os executivos da Universal de que as estreias digitais podem ser uma estratégia vencedora e podem diminuir o papel dos cinemas, mesmo após a pandemia. Assim que os cinemas reabrirem, esperamos lançar filmes nos dois formatos", disse o diretor da NBCUniversal, Jeff Shell, ao jornal. O filme "excedeu nossas expectativas e demonstrou a viabilidade do streaming”, acrescentou.

Porém, a decisão de pular a janela de cinema não deve se aplicar para todos os filmes, lembrando aqui que vários dos grandes blockbusters dos estúdios foram prorrogados e aguardam o retorno dos cinemas. A decisão não se deve a nenhuma regra de mercado mas sim da expectativa de receita e visibilidade que os lançamentos têm.

Será que a tradicional ordem de janelas mudará para sempre? É o que a Netflix vinha tentando há anos, e talvez para alguns filmes essa mudança realmente ocorra.

Vale lembrar que as receitas da exibição em cinemas ainda respondem por aproximadamente metade do resultado dos grandes estúdios de forma direta - sem considerar os desdobramentos de licenciamento de produtos, entre outros.

Sou uma fanática por inovação e tecnologia. Quem me conhece sabe que em meados de 2007 lançamos uma das primeiras plataformas de video on demand do Brasil – Joost Brasil – e desde então sempre acreditei que a indústria criativa anda de mãos dadas com a tecnologia.

Como internalizar o conceito de flexibilidade e personalização de lançamentos com uma estrutura interna segmentada em unidade de cinema, unidade de licenciamento e unidade de conteúdo?

A pandemia trouxe com certeza muitas perdas, mas devo dizer que para a ELO foi uma verdadeira revolução, e positiva. Na primeira semana de home office estabelecemos três prioridades e grupos de trabalho: geração de receita de curto prazo, revisão de processos e melhoria operacional, inovação.

Como resultado desse trabalho, extinguimos as paredes e estabelecemos um novo departamento de lançamentos. O departamento tem como foco a estratégia de lançamento de cada produto independente do perfil.

O produto é analisado e avaliamos os objetivos da produtora, público alvo, e potencial de rentabilidade. Com base nessa análise uma estratégia personalizada é elaborada, que inclui diversas opções como lançamento tradicional em cinema, lançamento simultâneo em cinema e VOD, lançamento em evento com VOD ou mesmo lançamento direto no digital.

O resultado desse novo modelo de pensar o filme já foi percebido pelo mercado com o sucesso do lançamento de “Atrás da Sombra” no digital com enorme repercussão de imprensa e ainda esse ano teremos várias novidades.

Sabrina Nudeliman
Sabrina Nudeliman

CEO da Elo Company. Formada em administração de empresas na FEA-USP e Florida International University (International Business), possui cinco anos de experiência na Consultoria McKinsey & Company e dois anos como líder de comunicação e marketing - Ink Group e Edelman Group. A executiva foi homenageada no Rio Content Market 2016 e já ministrou diversas palestras e aulas no Brasil e no exterior, entre elas, no Festival de Cinema de Cannes.

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