Exibidor

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Artigo / Audiovisual

16 Outubro 2020

Fazer mais com menos....

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O parque exibidor brasileiro tem uma taxa de ocupação de 20% de sua capacidade em média.



De cada 10 poltronas colocadas à disposição do público nas diversas sessões diárias em todos os dias da semana, 8 não serão ocupadas.

É um número impressionante com certeza, e não muito diferente do que se vê noutros mercados. Está portanto dentro da media de ocupação da categoria.

Isso é bom? Claro que não.

Não basta que a ocupação das salas esteja em paridade com outros mercados internacionais; importa que esse percentual aumente e passe a representar ganhos de eficiência e de melhor uso do capital investido.

À primeira vista, este é um problema exclusivo dos Exibidores, que estão deixando de explorar ao máximo o capital investido nas salas, equipamentos e estrutura. Na verdade porem, o problema atinge todos os participantes da categoria.

Os produtores, que investem tempo e recursos em seus projetos e visam obter o maior retorno na exibição em Cinemas, criando valor que depois vai poder ser explorado nas mídias subsequentes, ou em sequencias, series derivadas, em produtos de licenciamento, novos projetos, etc.

Os distribuidores, que investem recursos, tempo e talento na criação de campanhas que possam atrair o maior número possível de espectadores e receitas.

Ou seja, se o nível de audiência não atinge seu potencial máximo, todos perdem.

Neste momento em que o setor de Cinema enfrenta uma queda de mais de 70% nos negócios, é esperada uma baixa nos investimentos em expansão e crescimento no número de salas de exibição no mundo, e especialmente no Brasil.

Há sinais de retorno das atividades do comércio presencial, mostrando que poderá ocorrer uma volta a níveis anteriores à quarentena nos próximos meses. Se confirmadas, essas tendências virão em auxílio aos mercados, empresas e empregos; devem ser incentivadas, e se possível, celebradas.

No setor de Exibição porem as perspectivas não devem ser favoráveis à expansão do circuito no curto prazo, já que o crescimento do parque exibidor envolve investimentos em infraestrutura, geralmente associadas a planos de expansão das empresas que operam shopping centers e outros ativos de grande investimento de capital e lenta maturação.

Em resumo, o parque exibidor brasileiro deverá encolher ou no máximo se manter nos níveis atuais quando essa crise passar, e a necessidade de geração de receitas para compensar o que está sendo perdido neste momento passa por extrair o máximo de resultados da estrutura existente.

O Brasil conta hoje com aproximadamente 3500 salas de Cinema, distribuídas em aproximadamente 500 municípios, ou menos de 10% do total de municípios do país.

Essa concentração, natural em qualquer negócio, inibe o crescimento do mercado, já que existe renda e interesse na categoria em muitas outras localidades, hoje não servidas por salas de Cinema. Ao mesmo tempo em que muitos municípios não contam com Cinemas, há enorme potencial no crescimento do mercado se maiores índices de ocupação da estrutura existente for atingido.

Segundo estudos recentes, e usando a base de faturamento anterior à quarentena, 5 pontos percentuais a mais na taxa de ocupação dos Cinemas pode gerar uma receita adicional anual de mais de R$ 800 milhões! Isso pode ocorrer sem que seja investido um único Real em estrutura, equipamentos e pessoal! Parece um bom negócio!

E como esses índices podem ser atingidos? Podemos começar com uma boa revisão da política de preços, diferenciando os preços por dia da semana e por sessão, incentivando a ida ao Cinema em horários alternados para as pessoas que tenham essa possibilidade, e atenuando a curva de frequencia, hoje muito concentrada nos horários noturnos dos finais de semana.

Muito já foi dito a respeito, e não vale se estender nas possibilidades, que vão desde a venda antecipada de ingressos com desconto, passando por preços dinâmicos para horários de menor ou de maior procura, difusão dos clubes de fidelidade, que gerem benefícios para aqueles que possam ir aos Cinemas nos horários de menor procura, programação alternada para atender melhor vários segmentos de público e horários, e outras opções que cada vez mais fazem sentido.

Entre os vários termos que entraram na moda após o inicio da quarentena, o velho e bom “fazer mais com menos” parece ser um dos mais relevantes neste momento.

Cabe a cada um de nós trabalhar para que esse conceito possa ser explorado em sua totalidade.

Marcos Oliveira
Marcos Oliveira

Marcos Oliveira é Consultor Especial do setor de Produção e Distribuição de Conteúdo Audiovisual, através de sua empresa Leverá Conteúdo e Negócios, que atua em desenvolvimento de projetos, captação, distribuição e consultoria. Sua carreira profissional inclui atividades em posições de liderança em empresas como Johnson & Johnson, Twentieth Century Fox Brasil e Austrália, Warner Bros e Universal Pictures.

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