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Artigo / Cinema do Interior

17 Junho 2021

Primeiro arranjo produtivo local de audiovisual do estado de São Paulo é instalado em Bauru

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A diversidade cultural do interior paulista ressoa também em seus meios de produção. No audiovisual, temos modelos altamente diversificados, como os Polos Audiovisuais do Velho Oeste, em Assis, e o Polo de Cinema de Paulínia. Existem as associações privadas, como o Kino-Olho, presidido por Rogério Borges em Rio Claro; ainda os coletivos, como o Cineclube de Itu, e os coletivos reconhecidos por Lei Municipal como participação popular da sociedade civil no poder público, como a Câmara Temática do Audiovisual (CTAv Campinas), presidida por Maurício Squarisi. Todas essas iniciativas têm algo em comum: a procura por meios de fomentar a produção e circulação de Cinema no interior.



Enquanto em todo o Brasil os orçamentos das Secretarias de Cultura estão sendo cortados, ou direcionados para outras pastas, uma iniciativa da cidade de Bauru tenta buscar fomento em outras fontes - no caso, na Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, por meio do Programa de Fomento de Arranjos Produtivos Locais Paulista do Governo do Estado de São Paulo.

Dos mais de 60 Arranjos Produtivos Locais (APL) reconhecidos no estado, Bauru recebe o primeiro de Audiovisual. A iniciativa, que instala ainda o primeiro APL do município, partiu do plano estratégico elaborado pelo Plano Conjunto - Coletivo Audiovisual de Bauru e é gerida por dois de seus integrantes, Liene Saddi e Rene Lopez, com o objetivo de acelerar o desenvolvimento econômico e social na área, de forma a estimular a cooperação entre empresas do ramo e agentes do setor público e privado.

Pois APL é um conjunto de empresas do mesmo setor, localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm vínculos de articulação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores locais. Governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa estão entre os agentes que podem se beneficiar de parcerias com um APL. 

APLs de Audiovisual ainda são raros no país, o que demonstra seu caráter inovador no âmbito da cultura, no sentido de reforçar a vocação econômica da política cultural, em especial, a potência da Indústria Criativa local. O presidente de uma destas, ainda raras, iniciativas, Guilherme Peraro, do APL do Audiovisual de Londrina e Região, esteve presente no 2º Encontro de Cinema do Interior Paulista, realizado pelo ICine em 2019. Guilherme participou da mesa “Desenvolvimento de Políticas Públicas para o Cinema nos Municípios”, com a presença de Binho Riani Perinotto, Coordenador da Rede de Dirigentes Municipais de Cultura das Cidades do Estado de São Paulo, e mediação de Bruna Epiphânio. Neste encontro, explicou em todos os seus pormenores as possibilidades e experiências que um Arranjo Produtivo poderia operar em nossa cadeia regional. A mesa continua disponível no canal do ICine: https://www.youtube.com/watch?v=J03d_uUPf9g.

De volta à Bauru, peço licença ao coletivo Plano Conjunto para deixar aberto o convite para seus encontros quinzenais, que ocorrem gratuitamente pelo Zoom (ID 892 6536 9097), e fazem parte da programação do Sesc Bauru (https://www.instagram.com/p/COdzaLEn4Ha/). Em junho, as reuniões estão tendo a presença de Viviane Ferreira (Diretora-presidenta da Spcine, no dia 05/06) e do Presidente do ICine, Guilherme Xavier (19/06) - esta última integra a programação da Caravana Municipalista da entidade (https://www.instagram.com/icineforum/).

Ramiro Rodrigues
Ramiro Rodrigues

Ramiro Rodrigues é cineasta e antropólogo - ex-presidente do ICine (Fórum de Cinema do Interior Paulista - 2020) e mestre em Artes da Cena (Dança, Performance, Teatro) pela Unicamp. Atualmente coordena o Restauro do Acervo do Museu da Imagem e Som de Campinas.

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