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Artigo / Tendências & Mercado

25 Agosto 2025

Ecossistema Criativo da Indústria de Entretenimento: Filmes

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A produção de um longa-metragem como “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” (2025), sob o selo da Marvel Studios e com distribuição da Disney, dirigido por Matt Shakman, representa muito mais do que a soma de estúdios, computação gráfica e elenco de renome. Trata-se de um complexo ecossistema que integra infraestrutura física e tecnológica, equipes criativas e técnicas altamente especializadas, estratégias de marketing global, ações promocionais direcionadas e uma rede de produtores de conteúdo que potencializam o alcance e o engajamento do público.



As filmagens ocorreram no lendário Pinewood Studios, em Londres — um dos maiores e mais prestigiados complexos cinematográficos do mundo. Além disso, parte das cenas foi gravada em locações na Inglaterra e na Espanha, explorando cenários urbanos e paisagens naturais para compor a estética retrô-futurista da narrativa. Essas escolhas não se limitam ao aspecto artístico: há também uma dimensão estratégica, como a utilização de incentivos fiscais oferecidos por países como o Reino Unido, que reduzem significativamente os custos de produção e tornam o deslocamento das filmagens para fora de Los Angeles uma opção financeiramente atrativa.

O elenco, que reúne nomes como Pedro Pascal (Sr. Fantástico), Vanessa Kirby (Mulher Invisível), Joseph Quinn (Tocha Humana), Ebon Moss-Bachrach (O Coisa), Ralph Ineson (Galactus) e Julia Garner (Surfista Prateada), é um dos motivos de uma boa bilheteria. Paralelamente, a computação gráfica avançada desempenha papel central na construção visual, dando vida aos poderes dos personagens, a ambientes cósmicos e ao vilão Galactus. A produção foi otimizada para salas IMAX, oferecendo imagem e som de alta qualidade, ampliando assim a experiência do espectador.

No campo promocional, a Disney Brasil desenvolveu ações específicas para o público nacional: instalações temáticas em São Paulo, distribuição de brindes colecionáveis, participações em programas de TV como o “Mais Você” e ativações em eventos de cultura pop, como a CCXP México. Essas ações não apenas aumentam a visibilidade da produção, mas também criam pontos de contato emocionais com diferentes perfis de público.

O ecossistema se expande ainda mais quando se considera o papel dos criadores de conteúdo independentes. Críticos e influenciadores como Izabela Boscov, PH Santos, além de portais que cobrem o audiovisual, alimentam a conversa cultural em torno da obra. Seus vídeos, artigos e transmissões geram visualizações, atraem anunciantes e impulsionam a captação de assinantes para plataformas como o YouTube, retroalimentando a cadeia de valor da indústria.

A Disney, por sua vez, amplia o ciclo de monetização ao integrar seus lançamentos cinematográficos ao catálogo do Disney+, captando e retendo assinantes que buscam acesso a filmes e séries exclusivos. Combinado a isso, o licenciamento de produtos e a sinergia com os parques temáticos — onde personagens e narrativas ganham vida física — reforçam o engajamento e multiplicam as oportunidades comerciais.

Assim, a produção de um filme como “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos” é apenas um exemplo de uma rede complexa que conecta criação artística, inovação tecnológica, estratégias de mercado e experiências de consumo, compondo um verdadeiro ecossistema criativo e econômico. 

Veranise Dubeux
Veranise Dubeux

Veranise Dubeux é doutora em Engenharia Mecânica pela COOPE – UFRJ; mestre em Engenharia Civil pela COOPE-UFRJ; e engenheira civil pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Atualmente, é docente e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Economia Criativa, Estratégia e Inovação – PPGECEI – ESPM-Rio; pesquisadora do LEC – Laboratório de Economia Criativa, Desenvolvimento e Território; editora-chefe da Revista Diálogo com a Economia Criativa; e professora da Graduação em Administração da ESPM-Rio e Graduação em Administração da PUC-Rio.

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