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24 Junho 2020 | Fernanda Mendes

Versão online de Marché du Film tem mercado aquecido em aquisição de filmes

Evento também conta com debates importantes

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(Foto: Divulgação)

Esta semana está acontecendo a primeira versão digital do Marché du Film, evento de mercado do Festival de Cannes. A convenção teve início dia 22 e irá até o dia 26, contando com rodadas de negócios e debates sobre as tendências do setor.



E se engana quem pensa que, pelos cinemas estarem fechados e as produções paralisadas na maioria do mundo, o evento possa estar mais “frio”. Pelo contrário, os compradores estão entusiasmados com a reabertura das salas em breve e se preparam para lançarem novos títulos.

Mais de 3.000 filmes e projetos foram inscritos. Cerca de 250 empresas adquiriram “estandes virtuais” - incluindo 50 empresas estatais. No total, 9.360 profissionais se inscreveram para acompanhar o festival, sendo que, deste número, 1.352 são compradores.

Além de desenvolver estratégias de vendas, as empresas também vêm experimentando a decoração de seus estandes virtuais. “Tentamos recriar a atmosfera do nosso estande usual em Cannes, com o buquê de flores, onde os compradores podem encontrar novas imagens e trailers dos nossos filmes”, explicou Virginie Devesa, da Alpha Violet, distribuidora francesa que está lançando três filmes em Cannes.  

Os compradores chineses, ao contrário dos últimos anos, estão cautelosos nesta edição do evento. Muito porque uma nova onda de Covid-19 assola o país e os cinemas voltaram a fechar. “De certa forma, esta versão virtual de Cannes nos dá esperança, porque houve muitos projetos excelentes apresentados, e podemos ver que a indústria cinematográfica global ainda está viva e bem”, disse Cai Gongming, CEO da Road Pictures, que no último ano compraram todos os direitos para distribuição de Uma Vida Oculta e Dor e Glória para distribuição na China. “Mas, para ser sincero, acho que muitas empresas chinesas não comprarão títulos este ano. Nosso setor já está sofrendo bastante há meio ano e todo mundo precisa ter muito cuidado com suas finanças agora - as pequenas e médias empresas com certeza, mas as grandes também”, completou.

Entre os acordos firmados, a STX Entertainment comprou os direitos globais de Run Rabbit Run, filme estrelado por Elizabeth Moss e dirigido por Daiana Reid, de The Handmaid’s Tale. A STX pretende lançar o filme nos Estados Unidos, Inglaterra e Irlanda e venderá os direitos para distribuidoras de outros territórios.

Outra grande compra foi da Netflix para a sequência de A Fuga das Galinhas, filme do estúdio Aardman Animation. A notícia foi confirmada durante um painel realizado pelo Festival de Annecy dentro do Marché du Film.

Debates

Entre as mesas de debate, assuntos diversos sobre tendências de mercado e próximos passos para as produções.

No painel para discutir “Novas ideias para atingir o público”, o executivo da Neon acredita que os cinemas drive-in passarão a ser parte integrante das estratégias de lançamento de filmes. “Muitas pessoas descobriram o prazer do drive-in que nunca haviam experimentado. Eu acho que é algo que vai resistir a essa experiência”, disse Jeff Deutchman, vice-presidente executivo de aquisições da Neon.

Inclusive, a distribuidora fez o lançamento oportuno do documentário de Matt Wolf, Spaceship Earth, nos drive-ins dos EUA e em cinemas virtuais, além de sites de restaurantes e livrarias. No total, a Neon contratou mais de 250 parceiros. “Decidimos usar esse tempo para experimentar e não deixar desperdiçar uma crise, por assim dizer”, explicou.

Nicola Pearcey, presidente de estratégias e operações no Reino Unido, Europa, Oriente Médio e África da Lionsgate, concordou sobre as novas oportunidades que a quarentena traz ao mercado de cinema. “Mal podemos esperar para que os cinemas reabram, mas também queremos testar, desafiar e tentar novas oportunidades”.

O executivo da Neon também salientou sobre o fortalecimento do relacionamento com os consumidores durante a quarentena. “Tem sido incrivelmente útil e poderoso termos um relacionamento direto com o consumidor, um luxo que não tínhamos antes. Cultivar esse relacionamento diretamente com seu público é extremamente importante… Nossa esperança é que todos levem esse poder muito a sério para manter o público quando os cinemas voltarem”.

Outro assunto debatido foram as estratégias de coprodução durante o Covid-19. Finola Dwyer, fundadora da Wildgaze Films, disse que sua produtora já adiou as filmagens no Canadá e nos EUA e agora se concentra no desenvolvimento e na produção local, no Reino Unido.

O produtor londrino dos filmes Brooklyn (2015) e An Education (2009) também está focando em produções domésticas: “Estamos mantendo nossas atenções a projetos do Reino Unido que são mais independentes - porque esse vírus vai ficar conosco por um bom tempo”.

O produtor executivo Mike Goodridge, atualmente trabalhando em Triangle of Sadness, dirigido por Ruben Ostlund e estrelado por Woody Harrelson e Harris Dickinson, revelou que a produção de US$ 32,7 milhões estava em torno de "37% concluída" quando o mundo entrou em quarentena.

“Ter que reiniciar a pré-produção pode ser um processo caro, por isso houve um aumento considerável no orçamento, mas nossos parceiros de coprodução, nosso patrimônio privado, as empresas de títulos e os bancos têm sido muito compreensivos. Estamos todos nos reunindo para obter o melhor resultado.”, contou Goodridge.

Nos próximos dias, o Portal Exibidor trará mais novidades do evento virtual Marché du Film.

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