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05 Outubro 2020 | Fernanda Mendes

Grandes redes de cinema suspendem suas operações

Decisão vem após adiamento de “007 – Sem Tempo Para Morrer”

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(Foto: Divulgação)

O calendário incerto de estreias no mundo todo, continua a impactar o mercado de exibição. Dois grandes grupos anunciaram que manterão seus cinemas fechados devido à falta de títulos para exibir.

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Primeiro foi o grupo Cineworld que chocou o mercado ao anunciar que suspenderá - por tempo indeterminado – as operações de suas unidades nos Estados Unidos (pela rede Regal Cinemas) e no Reino Unido (com a própria Cineworld e a rede Picturehouse). Isso totaliza 663 cinemas fechados.

Em comunicado oficial, a Cineworld explicou que a “inflexibilidade” do governador de Nova York em não autorizar a reabertura dos cinemas causou diversos adiamentos de lançamentos cruciais para atrair os espectadores às salas, como por exemplo, o mais recente adiamento, 007 – Sem Tempo Para Morrer (Universal), que passou de novembro deste ano para 2 de abril do ano que vem.

“Nós reabriremos quando os mercados-chave tiverem orientações mais concretas sobre a reabertura dos seus cinemas e, como resultado, os estúdios levarão os lançamentos às telonas”, diz o comunicado.

Juntas, as unidades que ficarão fechadas, contabilizam 45 mil funcionários. Segundo a Variety, cerca de 5,5 mil empregos dos cinemas no Reino Unido serão afetados.

Em entrevista ao Deadline, o CEO do grupo, Mooky Greidinger, deu mais detalhes sobre os desafios que o mercado enfrenta e que o levaram a tomar tal decisão. “O custo para manter um cinema sem filmes é muito alto, mas nós dizíamos internamente que seguraríamos pelas próximas seis semanas (antes do adiamento de 007) e manteríamos os cinemas abertos para nossos clientes e funcionários. Mas quando a decisão sobre 007 chegou, uma decisão que acarretou outros diversos adiamentos, nós tivemos que mudar de direção, fechar os cinemas e esperar por uma situação em que os estúdios estarão aptos para apresentar um calendário de lançamentos sólido. A principal questão que está bloqueando os estúdios é que eles não enxergam movimento em Nova York – e em alguns outros lugares – mas Nova York é como um símbolo”.

Ainda, o executivo afirmou que a ideia não é fechar nenhuma unidade permanentemente, nem vender. “Ao contrário, nosso plano é manter a companhia forte. A principal razão para o fechamento é aumentar a liquidez. Não podemos estar numa situação em que nos custe mais estar abertos do que ser fechados.”

O grupo, que possui cinemas em outros mercados além dos EUA e Reino Unido, estudará a situação e o calendário de lançamentos em cada país onde mantém operações. “A vantagem na Europa Central é que temos produtos locais - atualmente. Na Polônia, um filme polonês consegue manter o cinema aberto, ou na Hungria um grande filme húngaro também consegue nos manter abertos. Mas nos EUA e no Reino Unido, o que chamamos de produto local são os filmes de Hollywood. Sem filmes, simplesmente é impossível operar”.

Em entrevista à Variety, o presidente da NATO (National Association of Theatre Owners), John Fithian, também mostrou preocupação com a decisão da Cineworld e a falta de perspectivas para o estado de Nova York. “A falha do governador Andrew Cuomo em não permitir a reabertura de nenhum cinema neste estado foi a principal, se não exclusiva, motivação do adiamento de 007”. Fithian ainda faz um apelo a Cuomo, que no momento, não deu perspectiva de data para a reabertura dos cinemas: “Nossa recomendação, nosso apelo urgente, é para que o governador Cuomo permita que as salas de cinema sejam reabertas nas partes do estado que não apresentam picos do vírus.”

Fithian ainda contou que diversos estúdios já sinalizaram que caso Nova York reabra os cinemas, diversos filmes que foram adiados podem voltar ao calendário de 2020.

Odeon Cinemas

Após a decisão da Cineworld, a AMC, que é proprietária da rede Odeon no Reino Unido, anunciou que um quarto das unidades da exibidora britânica irá operar apenas durante o fim de semana.

“Estamos procurando reabrir em tempo integral quando os grandes blockbusters voltarem. Mas na maioria do tempo, nós prometemos trazer a vocês uma boa escolha de filmes para aproveitarem seus fins de semana”, diz o comunicado oficial.

A decisão afetou o programa de fidelidade da rede, já que que muitos clientes decidiram não renovar o contrato. A Odeon opera 120 cinemas na Inglaterra e Irlanda.

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