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16 Novembro 2020 | Renata Vomero

"Cinema virou o vilão da pandemia", lamenta André Sturm ao Portal Exibidor

Petra Belas Artes anuncia fechamento em dezembro por falta de público

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(Foto: Divulgação)

Neste fim de semana, o Petra Belas Artes anunciou data para fechar novamente, em 7 de dezembro. O cinema de rua em São Paulo (SP) reabriu em 10 de outubro, depois da autorização do prefeito Bruno Covas, mas sofre com a queda de público e falta de arrecadação na bilheteria.

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O espaço perdeu cerca de R$2 milhões durante a pandemia e contou com financiamentos, linhas de créditos e empréstimos para conseguir manter os funcionários e os gastos de manutenção.

“Não há mais como fazer, como dezembro ainda permite a suspensão dos contratos de trabalho e os funcionários conseguem receber o auxílio do governo, optamos por dispensá-los agora, o que vai nos gerar uma economia de R$150 mil em dezembro”, comentou André Sturm, diretor do cinema em entrevista ao Portal Exibidor. Ele ainda explicou que o fim de semana passado teve 8% do público do mesmo período de 2019.

O diretor reclama também da falta de apoio da imprensa em divulgar a reabertura dos cinemas e a segurança nesta volta, o que tem deixado o público receoso de voltar a frequentar estes espaços. “O mais importante é a imprensa mesmo, no sentido mais amplo, que não está divulgando tanto, talvez por falta de informação”, ele também questiona a estratégia adotada pelas autoridades: “As prefeituras infelizmente transformaram o cinema no bode expiatório, abriram os comércios em setembro, tudo estava autorizado a abrir, só o cinema estava fechado, então, as pessoas imaginaram que por ser o último, era o lugar mais perigoso. O cinema virou o vilão da pandemia”, criticou.

A previsão é de que o Petra Belas Artes volte a reabrir em janeiro, no entanto, isso só será possível, para o diretor, se houver uma ação coordenada entre as distribuidoras e a imprensa para levarem alguns grandes lançamentos aos cinemas e que o público seja informado da segurança do espaço. Sturm explicou que esteve hoje (16) em reunião na Ancine, junto a outros agentes do mercado, e sentiu que a agência entendeu a gravidade da situação, devendo dar apoio ao setor.

Falando sobre o setor, ele deixa a seguinte mensagem: “O mercado costuma ser dividido, é a oportunidade histórica do mercado se unir numa ação coordenada, de recuperação da imagem do setor exibidor. Para que a gente siga fazendo o nosso trabalho, que é fundamental para o país, isso requer um esforço de todo mundo”.

Desafios da pandemia

O cinema vem se desdobrando desde março para conseguir se manter. Logo no início da pandemia, o Petra Belas Artes abriu uma campanha de financiamento coletivo para a manutenção do cinema, que conseguiu arrecadar mais de R$ 60 mil. Depois disso, o espaço criou um leilão com peças doadas por artistas brasileiros para ajudar a manter seus 60 funcionários durante a pandemia. A criatividade se manteve com a chegada do Belas Artes  Drive-In em junho no Memorial da América Latina, que inaugurou a tendência dos cinemas drive-in pelo Brasil. E, para finalizar, houve a intensificação da divulgação do Belas Artes À  La Carte, streaming do cinema que conta com filmes não comerciais em seu catálogo. “Isso foi fundamental para a gente sobreviver, para não quebrar antes”, ressaltou Sturm.

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