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02 Fevereiro 2021 | Fernanda Mendes

Pesquisa aponta perda insignificante de bilheteria com encurtamento das janelas

Estudo foi feito com lançamentos antes da pandemia na Coreia do Sul

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(Foto: Divulgação)

O encurtamento da janela de exibição de filmes, ou seja, o pequeno espaço de tempo entre a exibição de uma estreia no cinema e o lançamento da mesma nas plataformas digitais, já preocupou muito os operadores de cinema do mundo todo.



Com a pandemia, esse assunto virou tema de muitas discussões e negociações polêmicas no mercado. Mas, cada vez mais, esse novo modelo de lançamento de filmes mostra ser algo sustentável para os três lados (exibidor, distribuidor e consumidor), como mostrou recentemente uma pesquisa feita por alunos da Carnegie Mellon University e University of Minnesota (via TorrentFreak).

Na pesquisa, que analisa o mercado de cinema sul-coreano, os estudiosos mostram como os lançamentos entre 2015 e 2018, com a janela encurtada, afetam a pirataria e a receita de bilheteria.

A Coreia do Sul é o quarto maior território na bilheteria mundial, ficando atrás apenas da China, EUA e Japão. Por lá, segundo a pesquisa aponta, os estúdios de cinema vêm testando desde 2013 experimentos com janelas de lançamento na Coreia, que são significativamente mais curtas do que em outros países, incluindo os EUA.

Ao invés de três meses entre o lançamento no cinema para as plataformas digitais, os filmes esperam apenas um mês. Esses chamados lançamentos “super premium” ficam disponíveis no streaming enquanto ainda estão em cartaz nos cinemas.

Segundo a pesquisa (que pode ser lida na íntegra aqui), o efeito dos lançamentos “super premium” na receita de bilheteria coreana é insignificante, já que apresentaram uma queda de menos de 1%.

“Encontramos um declínio estatisticamente e economicamente insignificante na bilheteria dos cinemas devido aos lançamentos ‘super premium’, equivalente a uma queda de aproximadamente 0,8% na receita total dos cinemas na Coreia durante as primeiras oito semanas de exibição”, diz a pesquisa.

O estudo ainda descobriu que, no mesmo período de oito semanas de exibição, os lançamentos “super premium” em vídeo sob demanda (SPVOD) aumentam a receita da distribuidora em cerca de 12%.

Apesar da pesquisa ser restrita a um mercado e lançamentos específicos, a comprovação de que as diferentes janelas podem ser complementares, e não rivais, já é vista na prática. Desde dezembro último, a Warner Bros. lançou dois títulos nos EUA simultaneamente em cinema e streaming e ambos ficaram na primeira posição da bilheteria dos cinemas, mesmo estando disponível digitalmente.

Mas voltando à pesquisa, outro apontamento foi em relação ao volume de pirataria em decorrência do encurtamento da janela. De acordo com os pesquisadores, isso não é um grande problema. O que constataram na Coreia foi que os espectadores irão baixar as cópias piratas mais cedo, mas os dados não mostram que o volume de pirataria aumentou por conta dos lançamentos ‘super premium’.

“Dada a atribuição não aleatória de filmes ao status de ‘super premium’, a amostra selecionada que consideramos e o tempo da janela ‘super premium’ de 28 dias, a generalização das nossas estimativas não é clara. Consequentemente, trabalhos futuros neste sentido seriam úteis, e esperamos que outros considerem essas relações, aproveitando conjuntos de dados alternativos e projetos de pesquisa”, finaliza o trabalho.

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